Centenas de milhares votaram pela ruptura e pela mudança

Encontro marcado na luta que continua

Para Fran­cisco Lopes, «as cen­tenas de mi­lhares de votos nesta can­di­da­tura sig­ni­ficam cen­tenas de mi­lhares de vozes que se le­van­taram a dizer “basta!”, a exigir a mu­dança». Na re­acção aos re­sul­tados elei­to­rais do pas­sado do­mingo o can­di­dato ga­rantiu, ainda, que «temos en­contro mar­cado na luta que con­tinua», pa­la­vras se­cun­dadas pelo Se­cre­tário-geral do PCP, Je­ró­nimo de Sousa, para quem «a cor­rente de mo­bi­li­zação que a can­di­da­tura de Fran­cisco Lopes sus­citou», se pro­jecta nas «ba­ta­lhas po­lí­ticas que a si­tu­ação do País e a po­lí­tica de di­reita im­põem aos tra­ba­lha­dores e ao nosso Par­tido».

O apoio a Fran­cisco Lopes con­tará para pros­se­guir a luta

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Con­fir­mada a re­e­leição de Ca­vaco Silva à pri­meira volta das pre­si­den­ciais – em­bora com a vo­tação mais baixa de sempre para um se­gundo man­dato, como su­bli­nhou Fran­cisco Lopes –, e a con­fi­ança de­po­si­tada por mais de 300 mil elei­tores, 7,14 por cento do total (ver quadro anexo), na can­di­da­tura pa­trió­tica e de es­querda, o can­di­dato co­mu­nista, também apoiado pelos Verdes e In­ter­venção De­mo­crá­tica, fez a pri­meira de­cla­ração da noite na sede do PCP.

Co­me­çando por saudar as forças po­lí­ticas e os mi­lhares de ho­mens, mu­lheres e jo­vens sem fi­li­ação par­ti­dária que neste com­bate deram o me­lhor da sua energia e cri­a­ti­vi­dade, bem como o man­da­tário na­ci­onal, José Ba­rata-Moura, e os de­mais man­da­tá­rios da can­di­da­tura, Fran­cisco Lopes con­si­derou os votos ob­tidos «um claro sinal de exi­gência de mu­dança na vida na­ci­onal», votos que, ga­rantiu, pesam e pe­sarão «na acção para abrir um ca­minho novo para Por­tugal».

Con­fir­mando-se, na cam­panha e nas urnas, como um im­pe­ra­tivo na­ci­onal, esta can­di­da­tura foi sin­gular por ter co­lo­cado ao povo por­tu­guês «a questão es­sen­cial do tempo em que vi­vemos», a saber, «a ne­ces­si­dade da rup­tura e mu­dança face a um rumo de de­clínio e in­jus­tiça so­cial que con­duziu o País para o ato­leiro em que se en­contra, e a adopção de um novo rumo pa­trió­tico e de es­querda, vin­cu­lado aos va­lores de Abril e à con­cre­ti­zação do pro­jecto con­sa­grado na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa», acres­centou.

 

Vin­cada a di­fe­rença

 

Ne­nhuma das ou­tras can­di­da­turas se apre­sentou aos por­tu­gueses desta forma, por isso, frisou ainda Fran­cisco Lopes, é justo des­tacar que «esta foi a can­di­da­tura que trouxe para a cam­panha e para as op­ções ac­tuais e fu­turas os pro­blemas e as­pi­ra­ções dos tra­ba­lha­dores e do povo, a ne­ces­si­dade de pôr termo à ab­di­cação dos in­te­resses na­ci­o­nais e à su­bor­di­nação do poder po­lí­tico aos in­te­resses da es­pe­cu­lação de um nú­mero re­du­zido de fa­mí­lias, ac­ci­o­nistas, ges­tores e be­ne­fi­ciá­rios dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, afir­mando a in­de­pen­dência na­ci­onal e a so­be­rania do povo sobre o fu­turo do País».

No mesmo sen­tido, a can­di­da­tura de Fran­cisco Lopes tra­duziu, ao con­trário de todas as ou­tras, a afir­mação do «ca­minho da pro­dução na­ci­onal, da cri­ação de em­prego, da va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, da res­posta ao pre­sente e fu­turo das novas ge­ra­ções, do di­reito das mu­lheres à igual­dade na lei e na vida, do papel dos in­te­lec­tuais e qua­dros téc­nicos, dos ho­mens e mu­lheres da cul­tura, do res­peito pelos di­reitos e a dig­ni­dade dos re­for­mados pen­si­o­nista e idosos e das pes­soas com de­fi­ci­ência, da de­fesa dos di­reitos dos imi­grantes e das co­mu­ni­dades por­tu­guesas no es­tran­geiro, dum sector pú­blico de­ter­mi­nante nos sec­tores bá­sicos e es­tra­té­gicos, do apoio aos micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios, da de­fesa e va­lo­ri­zação dos ser­viços pú­blicos, da so­be­rania na­ci­onal e da de­mo­cracia po­lí­tica, eco­nó­mica, so­cial e cul­tural».

Não tendo quais­quer com­pro­missos com a po­lí­tica de di­reita, «a can­di­da­tura que marcou a di­fe­rença pelo per­curso, pela ver­dade, co­e­rência, ob­jec­tivos e pro­jecto» rei­tera o «com­pro­misso duma in­ter­venção que vai con­ti­nuar», sa­li­entou Fran­cisco Lopes, lem­brando igual­mente que «muito além da sua ex­pressão em votos», esta can­di­da­tura gran­jeou «a sim­patia, o apoio e a iden­ti­fi­cação» po­pu­lares, di­nâ­mica que não só não se perde como «cons­ti­tuem um im­por­tante con­tri­buto para novas op­ções po­lí­ticas».

 

Com­bater sem tré­guas

 

Re­fe­rindo-se di­rec­ta­mente à re­e­leição de Ca­vaco Silva, Fran­cisco Lopes con­si­derou-a um factor de «agra­va­mento dos pro­blemas na­ci­o­nais». O ac­tual pre­si­dente e as suas res­pon­sa­bi­li­dades na si­tu­ação dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País, só foram con­fron­tados «de forma séria con­sis­tente, co­e­rente, de­ter­mi­nada e co­ra­josa», pela can­di­da­tura co­mu­nista, «que se afirmou na crí­tica e na pro­posta como a ver­da­deira al­ter­na­tiva», pre­cisou.

«O ca­pi­ta­lismo e a sua na­tu­reza ex­plo­ra­dora, opres­sora e pre­da­dora; as po­lí­ticas da União Eu­ro­peia e a po­lí­tica de de­clínio, in­jus­tiça e afun­da­mento do País aí estão a querer ci­lin­drar, sempre mais, o povo e o País», alertou. Neste quadro, e tendo em conta que «as cen­tenas de mi­lhar de votos nesta can­di­da­tura sig­ni­ficam cen­tenas de mi­lhares de vozes que se le­van­taram a dizer basta, a exigir mu­dança, uma nova po­lí­tica, um fu­turo me­lhor», Fran­cisco Lopes ga­rantiu que «temos en­contro mar­cado na luta que con­tinua e se vai in­ten­si­ficar, para vencer o de­clínio na­ci­onal e as in­jus­tiças so­ciais, para cons­truir um Por­tugal com fu­turo, uma so­ci­e­dade mais justa».


De­cla­ração de Je­ró­nimo de Sousa
Prontos para a ba­talha

De­pois da de­cla­ração do can­di­dato, o se­cre­tário-geral do PCP en­fa­tizou al­guns dos as­pectos que mais so­bres­saíram neste acto elei­toral.

Co­me­çando por rei­terar «a jus­teza e im­por­tância da de­cisão do PCP de in­tervir com uma voz pró­pria e au­tó­noma no de­bate e es­cla­re­ci­mento sobre a si­tu­ação do País e os seus res­pon­sá­veis; sobre o papel e po­deres exi­gidos ao Pre­si­dente da Re­pú­blica e sobre a im­pe­riosa ne­ces­si­dade de uma rup­tura com a po­lí­tica de di­reita», Je­ró­nimo de Sousa lem­brou que o apoio à can­di­da­tura de Fran­cisco Lopes «con­tará mais do que qual­quer outro para a ne­ces­sária e im­pres­cin­dível con­ti­nu­ação da luta», aná­lise sus­ten­tada pelo facto de a vo­tação ob­tida ter sido cons­truída «na base de uma em­pe­nhada in­ter­venção e mo­bi­li­zação po­pu­lares que, com­ba­tendo a re­sig­nação e o con­for­mismo, ven­cendo si­len­ci­a­mentos e dis­cri­mi­na­ções, trouxe a esta cam­panha um pro­jecto de es­pe­rança e con­fi­ança nos tra­ba­lha­dores, no povo e no País».

«A re­e­leição de Ca­vaco Silva – con­ti­nuou – cul­mina de forma ne­ga­tiva estas elei­ções pre­si­den­ciais», sig­ni­fi­cando «não apenas a per­sis­tência dos pro­blemas, mas um salto qua­li­ta­tivo no seu agra­va­mento», assim como «um acres­cido factor de ânimo para novos ata­ques ao re­gime de­mo­crá­tico, aos va­lores e con­quistas de Abril».

«Uma re­e­leição cons­truída com base na abu­siva uti­li­zação das suas fun­ções ins­ti­tu­ci­o­nais e dos meios da Pre­si­dência, as­sente na dis­si­mu­lação des­ca­rada das suas res­pon­sa­bi­li­dades pelos pro­blemas na­ci­o­nais e pelas op­ções e me­didas que atingem a vida de mi­lhões de por­tu­gueses e na in­to­le­rável chan­tagem sobre os elei­tores», acusou o di­ri­gente co­mu­nista, con­si­de­rando que Ca­vaco na Pre­si­dência «as­se­gu­rará es­ta­bi­li­dade à po­lí­tica de di­reita» e «mais ins­ta­bi­li­dade na vida dos tra­ba­lha­dores e do povo».

Ca­vaco Silva foi re­e­leito com o menor nú­mero de votos em su­frá­gios aná­logos, facto que «põe em evi­dencia o juízo ne­ga­tivo sobre o exer­cício das suas fun­ções» no con­texto de «um re­sul­tado também mar­cado por um in­qui­e­tante cres­ci­mento da abs­tenção que, em si mesma, é ex­pressão da con­de­nação da po­lí­tica de di­reita», re­feriu ainda.

Mas para o se­cre­tário-Geral do PCP, «a cor­rente de mo­bi­li­zação que a can­di­da­tura de Fran­cisco Lopes sus­citou pro­jecta-se num fu­turo pró­ximo como um factor es­sen­cial para o de­sen­vol­vi­mento da luta e das ba­ta­lhas po­lí­ticas que a si­tu­ação do País e a po­lí­tica de di­reita im­põem aos tra­ba­lha­dores e ao nosso Par­tido», pa­la­vras que os pre­sentes sau­daram com um de­ter­mi­nado «a luta con­tinua».



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