Protesto gigante em Paris
contra «lei do trabalho»

Resistência revigorada

Ao fim de mais de três meses de luta in­ces­sante contra a re­forma la­boral, sete or­ga­ni­za­ções sin­di­cais re­a­li­zaram, dia 14, uma enorme ma­ni­fes­tação na ca­pital fran­cesa.

Luta pelos di­reitos não es­mo­rece em França

A jor­nada na­ci­onal de luta teve Paris como palco prin­cipal, onde cerca de um mi­lhão de pes­soas des­fi­laram entre a Praça de Itália e o Pa­lácio dos In­vá­lidos (1,3 mi­lhões em toda a França, de acordo com os nú­meros dos sin­di­catos).

A CGT re­velou que mais de 600 au­to­carros foram fre­tados em vá­rias re­giões para trans­portar ma­ni­fes­tantes para a ca­pital. Só na re­gião de Paris as es­tru­turas sin­di­cais en­cheram mais de 450 au­to­carros, se­gundo re­velou na vés­pera Phi­lippe Mar­tinez, se­cre­tário-geral da CGT.

O di­ri­gente sin­dical re­feriu que, não obs­tante as di­fi­cul­dades em alugar vi­a­turas de­vido ao boi­cote das em­presas, tudo es­tava pre­pa­rado para «uma ma­ni­fes­tação enorme», a maior dos úl­timos quatro meses.

Neste pe­ríodo, a frente sin­dical já re­a­lizou oito jor­nadas na­ci­o­nais de pro­testo. Se­gundo nú­meros dos or­ga­ni­za­dores, as ma­ni­fes­ta­ções de 31 de Março jun­taram mais de 1,2 mi­lhões de pes­soas em de­zenas de ci­dades.

Na terça-feira, 14, o es­forço de mo­bi­li­zação con­cen­trou-se em Paris, mas um pouco por toda a França, tra­ba­lha­dores em greve nos mais di­versos sec­tores, saíram à rua para re­a­firmar a sua opo­sição ao pro­jecto de lei do tra­balho, im­posto pelo go­verno Hol­lande-Valls.

Apesar das su­ces­sivas ten­ta­tivas para di­vidir e des­mo­bi­lizar os pro­testos, das ame­aças de re­qui­sição civil nos trans­portes pú­blicos e na re­colha e tra­ta­mento de re­sí­duos, os sin­di­catos e tra­ba­lha­dores não se dei­xaram in­ti­midar.

Na sexta-feira, 10, dia da aber­tura do Euro de fu­tebol, as ruas de Paris con­ti­nu­avam api­nhadas de lixo de­vido à greve no sector. E assim per­ma­ne­ce­riam não fosse o re­curso a em­presas pri­vadas du­rante o fim-de-se­mana que ate­nu­aram os efeitos da pa­ra­li­sação.

Face à de­ter­mi­nação dos sin­di­catos, a mi­nistra do Tra­balho, My­riam El Khomri, abriu a porta ao diá­logo, con­vo­cando o líder da CGT para uma reu­nião que terá lugar amanhã, dia 17.

Phi­lippe Mar­tínez con­gra­tulou-se com a pro­posta, vendo-a como «um pro­gresso» na po­sição do go­verno. «Há três meses que pe­dimos para dis­cutir com o go­verno. Re­gis­tamos com sa­tis­fação que agora isso é pos­sível», disse o di­ri­gente sin­dical, su­bli­nhando que há tra­ba­lha­dores em greve há mais de 20 dias.

So­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­onal

Em so­li­da­ri­e­dade com os tra­ba­lha­dores fran­ceses, sin­di­catos de vá­rios países en­vi­aram de­le­ga­ções à ca­pital fran­cesa, no­me­a­da­mente o FGTB (Bél­gica), CCOO e UGT (Es­panha), CGIL (Itália) e USS (Suíça).

A CGTP-IN en­viou às suas con­gé­neres fran­cesas uma men­sagem de so­li­da­ri­e­dade, em que re­alça a im­por­tância da «acção co­ra­josa e de­ter­mi­nada que os tra­ba­lha­dores e o povo francês estão a de­sen­volver em de­fesa dos di­reitos das vá­rias ge­ra­ções de tra­ba­lha­dores, contra os ata­ques ao di­reito do tra­balho, à ne­go­ci­ação co­lec­tiva, o di­reito de greve e o au­mento do tempo de tra­balho».




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