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Para acabar com os prejuízos
da privatização da EDP
Apaguem esta política!

A degradação do serviço, com reflexos escandalosos nos apagões de maiores ou menores dimensões, tem a ver com a entrega da EDP a privados, acusa a célula de Lisboa do PCP. Os comunistas do Grupo EDP reafirmam que a lógica do lucro máximo não é compatível com o serviço público de qualidade e exigem a mudança da política.

«A EDP empresa pública, com uma gestão eficiente, é o modelo que melhor serve os interesses do País e dos trabalhadores e a prestação de um serviço público de qualidade a todos os utentes e consumidores», afirmam os comunistas do grupo eléctrico, em comunicado aos trabalhadores e à população.

A tomada de posição ganha actualidade, uma vez que, «insensível às consequências, quer económicas, quer sociais, o Governo PS persiste na sua política de desregulamentação e de entrega a privados de importantes sectores da economia», apesar de serem «bem conhecidas, e não só em Portugal», as consequências de tal orientação.

Da Califórnia
a Lisboa

Nos EUA, recorda a célula do Partido, houve em Janeiro último, na Califórnia, um grande apagão que deixou sem electricidade mais de um milhão de habitantes e teve dramáticas consequências. Isto verificou-se no país mais rico do mundo e num estado cujo PIB ocupa o sexto lugar a nível mundial. Aquele apagão culminou uma série de cortes, que «resultam da deterioração de todo o sistema de produção e distribuição de energia naquele estado, agora nas mãos de privados, que na última década deixaram de fazer os investimentos necessários, face ao aumento do consumo».

É igual «lógica cega», de «tudo pelo lucro, reduzir custos por todo o lado», que também «explica o apagão da cegonha», em Maio do ano passado, e uma mais recente interrupção na zona onde está instalada a Loja do Cidadão, em Lisboa, que esteve mais de 8 horas sem energia eléctrica. Além dos apagões, que afectaram outras regiões, verificam-se também contínuos atrasos na reparação de avarias.

«Desprezando os interesses nacionais e dos trabalhadores, os sucessivos governos de direita realizaram e persistem em políticas idênticas» às que falharam noutros países. «Realizada agora sob a batuta do Governo do PS (dito socialista e de esquerda)», tal política coloca a EDP «em reestruturação permanente». A cisão em diversas empresas multiplicou os conselhos de administração e há administradores com assento em cinco administrações, a par de «consultores internacionais "presentes" por todo o lado».

Cada vez mais serviços da EDP são entregues a terceiros, «que recorrem de modo generalizado a trabalho precário, baixas remunerações e de nível técnico de inferior qualidade». Os comunistas afirmam que «há empresas destas que fazem a limpeza de subestações com vassouras quando a regra é fazê-la por aspiração».

Em Março deste ano, a rede de Baixa Tensão na região de Lisboa (aquela que serve maior número de consumidores) foi entregue à intervenção dos piquetes de empresas de aluguer de mão-de-obra e serviços, retirando trabalho aos próprios técnicos da EDP nos concelhos de Lisboa, Amadora, Oeiras, Cascais e Sintra.

Por outro lado, «prossegue a redução brutal de efectivos». Há 3098 trabalhadores na situação de pré-reforma ou reforma antecipada, desaproveitando mão-de-obra experiente e qualificada, enquanto o número de efectivos era de apenas 8164 na EDP Distribuição, 1724 na CPPE (produção) e 561 na REN. No conjunto do Grupo (incluindo telecomunicações) contavam-se 12 577 trabalhadores no final do primeiro trimestre de 2001.

«Avante!» Nº 1446 - 16.Agosto.2001