O teatro e a dança na Festa
«Romagem de Agravados»
de Gil Vicente, pela Associação Cultural Criadores de Imagens
A peça «Romagem de Agravados», de Gil Vicente, será exibida ao ar livre na noite de sexta-feira, num percurso que se inicia na Praça 1.º de Maio, no centro da Quinta da Atalaia, e termina junto ao pavilhão do Avanteatro.
Procura-se assim dar a ideia de uma romaria, sempre acompanhada por uma banda de música, com as personagens a montadas em figuras inspiradas na obra «As Tentações de Santo Antão», de Hieronymus Bosch, pintor contemporâneo de Gil Vicente.
A sátira social é constante. A caminho da romaria passam camponeses, fidalgos, freiras e clérigos, mostrando os seus vícios típicos em diálogos e monólogos, numa relação íntima entre a ficção alegórica e o conteúdo da peça.
As personagens queixam-se de Deus, do rei, da clausura, da infidelidade, da prepotência e da pobreza, mas, como resposta, apenas lhes pedem que tenham paciência.
«Alma Grande»
de Miguel Torga, pelo Teatro «O Bando»
«O Alma Grande» o primeiro conto de «Novos Contos da Montanha» foi adaptado pelo Teatro «O Bando», numa encenação de João Brites com música de Jorge Salgueiro, que traz o espectáculo para a rua usando uma estrutura metálica de 14 metros de altura.
O objectivo é reproduzir as elevações das serras. Para isso, as personagens mantêm-se sempre suspensas, sem nunca tocar o chão. Sete actores dão vida à peça, acompanhados por um violino, um órgão e um clarinete baixo interpretados por três músicos.
A peça tem como fundo uma aldeia de judeus que exerce uma espécie de eutanásia aos moribundos. Quando os doentes estão a morrer, o abafador surge chamado pelos familiares. Esta é uma história de amor, ódio e vingança sobre a vida, a morte e a esperança.
«Poesia Ary dos Santos»
pelo Teatro de Papel
Com apresentação no Avanteatro, o projecto «Poesia Ary dos Santos» é um espectáculo de poesia e imagem feito pelo Teatro de Papel com base nos poemas do autor, procurando quebrar o silêncio a que o poeta foi votado.
A interpretação e a encenação está a cargo de Yolanda Alves e imagem e vídeo é da responsabilidade de Bruno Gonçalves. As imagens de vídeo complementam uma actuação intimista.
Ary dos Santos entrou para a história da literatura portuguesa como aquele que registou os feitos do 25 de Abril e incentivou todo o processo revolucionário que se seguiu. Com grandeza, com perseverança, com determinação, com revolta, com coragem, com firmeza, com arrojo.
«Combustíveis»
de Amélie Nothomb, pela Efémero, Companhia de Teatro de Aveiro
Lá fora é a guerra. As bombas. O Inverno. No seu apartamento, que contém uma imensa biblioteca, o professor alberga o seu assistente, Daniel, e a companheira deste último, Marina, uma jovem estudante. Morrem de frio e para se aquecerem não lhes resta senão os livros para queimar.
Este é o cenário da peça «Combustíveis», de Amélie Nothomb, que será levado à cena pela Efémero- Companhia de Teatro de Aveiro. A encenação e a dramaturgia é de Rui Sérgio e a interpretação de David Costa, Filipa Pinheiro e Jorge Fraga.
Ciclo «Nova Dança Portuguesa»
«O que eu sou não fui sozinho», de João Fiadeiro e Rui Catalão, e «Live», de Amélia Bentes, são dois espectáculos que pretendem mostrar o trabalho desenvolvido pela Nova Dança Portuguesa.
«O que eu sou não fui sozinho» é uma conferência/demonstração, em que o bailarino e coreógrafo João Fiadeiro conversa informalmente com o jornalista Rui Catalão sobre a dança e a sua produção. No desenvolvimento dos temas, surgem rupturas retóricas e f´sicas e nascem traços de uma performance inesperada.
Por seu lado, «Live» é uma performance de improvisação, ou seja, uma composição em tempo real, em que o corpo da bailarina Amélia Bentes e o piano de João Lucas se encontram para um jogo de fortes contrastes. Pretende-se criar situações imprevisíveis, brincar com o acaso e as energias do momento, com a dança e a música à procura de um espaço próprio.
Na tarde de domingo, realiza-se um debate sobre o movimento com o objectivo
de lançar a reflexão produzida na comunidade da dança com
a participação de vários bailarinos e coreógrafos.
«Avante!» Nº 1501 - 5.Setembro.2002