A treta
Veio nos jornais: os quatro maiores bancos privados portugueses viram os seus lucros aumentarem 16,5% no ano passado, de acordo com os seus próprios números.
Mas, como pormenoriza o Diário de Notícias, se se atender aos resultados dos cinco maiores (incluindo a Caixa Geral de Depósitos - CGD, onde os lucros totais «caíram» uns ligeiros 0,6% influenciados pelo «desaire» de 30% registado na CGD, devido não a uma quebra do produto bancário, mas à incrível decisão do Governo de Santana Lopes de «transferir» os fundos de pensões deste banco para a Caixa Geral de Aposentações), no total, o lucro dessas cinco maiores instituições bancárias atingiram os 1,7 mil milhões de euros, com destaque para o crescimento registado pelo Santander Totta, de 19,8%.
Entretanto, todos os bancos privados apresentaram aumentos na casa dos dois dígitos, sendo o «campeão», em números absolutos, o Millennium BCP, com 513 milhões de lucros (e de euros, evidentemente).
Uma nota à margem para o «caso CGD», o maior banco português que tem por único accionista o próprio Estado: quando o ministro das Finanças, Bagão Félix, cometeu a habilidade de «transferir» os fundos de pensões da CGD para engordar as contas do Estado através da Caixa Geral de Aposentações (verba colossal constituída, aliás como em todos os bancos em Portugal, pela acumulação de um fundo de pensões próprio, resultante da isenção de que beneficiam todos os bancos em descontar para a Segurança Social aquilo que deviam, sobre cada um dos seus trabalhadores), a CGD deixou subitamente de contar com esses activos do fundo nas suas contas. Daí o aparente «decréscimo» dos lucros globais da CGD - mesmo assim cifrado em apenas 0,6% -, mas apenas «aparente», porque, no concreto, o que aconteceu foi o banco estatal ter sido desapossado pelo Governo de activos que, obviamente, geravam receitas, até pela simples acumulação de juros.
Segundo as mesmas notícias, estes cinco maiores bancos, entretanto, pagaram menos 27% de impostos do que no ano anterior, muito por culpa (imagine-se...) da CGD que, devido aos resultados transitados «negativos», pagou 22,4 milhões de euros contra os 227,3 milhões de euros que pagara em 2003.
Ou seja, à conta da habilidade contabilística de Bagão Félix para iludir os défices exigidos por Bruxelas, ainda por cima a CGD acabou a pagar menos 126 milhões de euros em impostos...
Mas a coisa não se fica por aqui.
Como estamos em princípio de ano, chovem paulatinamente as contas das grandes empresas relativas ao ano passado e, nelas, o panorama é em tudo semelhante aos bancos, ou seja, há um registo generalizado de lucros astronómicos, onde a grande variante reside no volume maior ou menor desses aumentos.
Só para exemplificar, a GALP Energia obteve 333 milhões de lucros (e de euros, pois claro), enquanto a PT, segundo os «cálculos» dos analistas, duplicou os lucros e atingiu cerca de 500 milhões de euros.
Perante isto, impõe-se perguntar com toda a clareza: afinal onde é que está a tão propalada crise? E que crise é esta, onde quem paga todo o prejuízo é a população em geral e (já) meio milhão de desempregados em particular, enquanto os bancos, as seguradoras, as grandes empresas e a generalidade dos capitalistas registam lucros escandalosos e sempre crescentes?
Como se vê, algo está muito mal contado, nesta famosa crise da economia.
Na verdade, é sobretudo uma crise da treta. Que, obviamente, alimenta a monumental «treta da crise», que sucessivos Governos nos têm impingido.
Mas, como pormenoriza o Diário de Notícias, se se atender aos resultados dos cinco maiores (incluindo a Caixa Geral de Depósitos - CGD, onde os lucros totais «caíram» uns ligeiros 0,6% influenciados pelo «desaire» de 30% registado na CGD, devido não a uma quebra do produto bancário, mas à incrível decisão do Governo de Santana Lopes de «transferir» os fundos de pensões deste banco para a Caixa Geral de Aposentações), no total, o lucro dessas cinco maiores instituições bancárias atingiram os 1,7 mil milhões de euros, com destaque para o crescimento registado pelo Santander Totta, de 19,8%.
Entretanto, todos os bancos privados apresentaram aumentos na casa dos dois dígitos, sendo o «campeão», em números absolutos, o Millennium BCP, com 513 milhões de lucros (e de euros, evidentemente).
Uma nota à margem para o «caso CGD», o maior banco português que tem por único accionista o próprio Estado: quando o ministro das Finanças, Bagão Félix, cometeu a habilidade de «transferir» os fundos de pensões da CGD para engordar as contas do Estado através da Caixa Geral de Aposentações (verba colossal constituída, aliás como em todos os bancos em Portugal, pela acumulação de um fundo de pensões próprio, resultante da isenção de que beneficiam todos os bancos em descontar para a Segurança Social aquilo que deviam, sobre cada um dos seus trabalhadores), a CGD deixou subitamente de contar com esses activos do fundo nas suas contas. Daí o aparente «decréscimo» dos lucros globais da CGD - mesmo assim cifrado em apenas 0,6% -, mas apenas «aparente», porque, no concreto, o que aconteceu foi o banco estatal ter sido desapossado pelo Governo de activos que, obviamente, geravam receitas, até pela simples acumulação de juros.
Segundo as mesmas notícias, estes cinco maiores bancos, entretanto, pagaram menos 27% de impostos do que no ano anterior, muito por culpa (imagine-se...) da CGD que, devido aos resultados transitados «negativos», pagou 22,4 milhões de euros contra os 227,3 milhões de euros que pagara em 2003.
Ou seja, à conta da habilidade contabilística de Bagão Félix para iludir os défices exigidos por Bruxelas, ainda por cima a CGD acabou a pagar menos 126 milhões de euros em impostos...
Mas a coisa não se fica por aqui.
Como estamos em princípio de ano, chovem paulatinamente as contas das grandes empresas relativas ao ano passado e, nelas, o panorama é em tudo semelhante aos bancos, ou seja, há um registo generalizado de lucros astronómicos, onde a grande variante reside no volume maior ou menor desses aumentos.
Só para exemplificar, a GALP Energia obteve 333 milhões de lucros (e de euros, pois claro), enquanto a PT, segundo os «cálculos» dos analistas, duplicou os lucros e atingiu cerca de 500 milhões de euros.
Perante isto, impõe-se perguntar com toda a clareza: afinal onde é que está a tão propalada crise? E que crise é esta, onde quem paga todo o prejuízo é a população em geral e (já) meio milhão de desempregados em particular, enquanto os bancos, as seguradoras, as grandes empresas e a generalidade dos capitalistas registam lucros escandalosos e sempre crescentes?
Como se vê, algo está muito mal contado, nesta famosa crise da economia.
Na verdade, é sobretudo uma crise da treta. Que, obviamente, alimenta a monumental «treta da crise», que sucessivos Governos nos têm impingido.