Casa Branca insiste na guerra
A Câmara dos Representantes voltou a aprovar a retirada das tropas norte-americanas do Iraque. Bush rejeita cumprir o diploma e insiste que ainda é possível ganhar a guerra, mas no terreno a situação é incontrolável.
Bush diz que ainda é possível vencer a guerra
Depois da maioria democrata ter votado favoravelmente, no final da semana passada, por 230 votos contra 201, uma nova proposta de retirada gradual dos soldados dos EUA do Iraque, a cumprir até meio de 2008, a Casa Branca veio reafirmar a vontade de permanecer no território e anunciou o veto presidencial ao projecto.
A resposta não é do agrado da esmagadora maioria dos norte-americanos. Segundo uma sondagem publicada pela Newsweek, quase 70 por cento dos inquiridos considera errada a estratégia da administração Bush para o Iraque e cerca de 64 por cento entende ter sido um erro a decisão de ocupar o país.
O aumento do número de descontentes com a guerra de uma semana para a outra tem reflexos imediatos mesmo no seio dos republicanos. Enquanto se aguarda a discussão no Senado do diploma de origem democrata, dois eleitos republicanos, Richard Lugar e John Warner, apresentaram naquele mesmo órgão uma proposta de limitação das funções do contingente de Washington, iniciativa que apesar de revelar brechas entre as fileiras do partido no governo, não deve ser suficiente para impedir que Bush chumbe o regresso dos militares.
Desorientação total
A avolumar ainda mais a discussão interna, foram divulgados na imprensa extractos de um relatório oficial que assegura ser impossível vencer o conflito. Acresce que é cada vez mais evidente a incapacidade do governo fantoche de Bagdad em cumprir com as exigências feitas em Janeiro último pela Casa Branca, ao que se junta o fracasso das medidas repressivas implementadas pelo Pentágono, por exemplo, em Bagdad, e nas insurrectas províncias a Norte e Oeste da capital.
São os próprios responsáveis militares norte-americanos que se queixam dos meios colocados à sua disposição. O comandante das tropas na região central do Iraque, o general Rick Lynch, veio a terreiro confirmar que «faltam soldados e forças da segurança iraquiana». Lynch defende o envio de mais e mais militares como resposta às acções crescentes e organizadas da resistência. Bush aproveitou o balanço, e na habitual mensagem radiofónica à nação, emitida no sábado, teimou na política belicista e confessou «ainda acreditar ser possível vencer a guerra». Não disse como.
No meio da desorientação generalizada, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, veio afirmar que as forças do seu executivo são perfeitamente capazes de garantir o controlo da situação. Afirmação estranha se considerarmos que os homens de Maliki mal se conseguem governar entrincheirados na zona verde de Bagdad e pouca ou nenhuma influência têm nas operações armadas levadas a cabo na cidade.
A estratégia do general David Petraeus em Bagdad é, aliás, um foco de conflito aberto entre norte-americanos e sectores do poder títere do Iraque. Os raides contra alvos civis e os bombardeamentos constantes de bairros inteiros causam desconforto no governo de Maliki. Petraeus é também criticado por alegadamente estar a financiar grupos armados em todo o país com o objectivo de os ganhar para o combate às alegadas células da al-Qaeda provenientes das nações vizinhas.
A este respeito importa ainda dizer que o Los Angeles Times veio esta semana desmentir categoricamente o governo norte-americano acerca da origem desses «bandos terroristas». Segundo o diário, estima-se que pelo menos metade dos combatentes estrangeiros não venham nem da Síria nem do Irão, como repetidamente tem afirmado a Casa Branca, mas da Arábia Saudita, «democracia» amiga dos EUA.
Explosões em Kirkuk
Entretanto, em Kirkuk, no Norte do Iraque, o rebentamento de dois engenhos explosivos, segunda-feira, provocou a morte de pelo menos 85 pessoas e feriu perto de duas centenas.
O ataque tinha como alvo um edifício afecto à União Patriótica do Curdistão, partido que defende o aprofundamento da separação daquela região autónoma do restante território e «convida» a população árabe e turcomana a abandonar o território.
Estes têm respondido com bombas contra interesses afectos ao poder local, até há poucos meses apontado pelos norte-americanos como um exemplo de estabilidade e paz no Iraque, mas que agora parece juntar-se às restantes províncias na negra contabilidade diária da violência.
A resposta não é do agrado da esmagadora maioria dos norte-americanos. Segundo uma sondagem publicada pela Newsweek, quase 70 por cento dos inquiridos considera errada a estratégia da administração Bush para o Iraque e cerca de 64 por cento entende ter sido um erro a decisão de ocupar o país.
O aumento do número de descontentes com a guerra de uma semana para a outra tem reflexos imediatos mesmo no seio dos republicanos. Enquanto se aguarda a discussão no Senado do diploma de origem democrata, dois eleitos republicanos, Richard Lugar e John Warner, apresentaram naquele mesmo órgão uma proposta de limitação das funções do contingente de Washington, iniciativa que apesar de revelar brechas entre as fileiras do partido no governo, não deve ser suficiente para impedir que Bush chumbe o regresso dos militares.
Desorientação total
A avolumar ainda mais a discussão interna, foram divulgados na imprensa extractos de um relatório oficial que assegura ser impossível vencer o conflito. Acresce que é cada vez mais evidente a incapacidade do governo fantoche de Bagdad em cumprir com as exigências feitas em Janeiro último pela Casa Branca, ao que se junta o fracasso das medidas repressivas implementadas pelo Pentágono, por exemplo, em Bagdad, e nas insurrectas províncias a Norte e Oeste da capital.
São os próprios responsáveis militares norte-americanos que se queixam dos meios colocados à sua disposição. O comandante das tropas na região central do Iraque, o general Rick Lynch, veio a terreiro confirmar que «faltam soldados e forças da segurança iraquiana». Lynch defende o envio de mais e mais militares como resposta às acções crescentes e organizadas da resistência. Bush aproveitou o balanço, e na habitual mensagem radiofónica à nação, emitida no sábado, teimou na política belicista e confessou «ainda acreditar ser possível vencer a guerra». Não disse como.
No meio da desorientação generalizada, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, veio afirmar que as forças do seu executivo são perfeitamente capazes de garantir o controlo da situação. Afirmação estranha se considerarmos que os homens de Maliki mal se conseguem governar entrincheirados na zona verde de Bagdad e pouca ou nenhuma influência têm nas operações armadas levadas a cabo na cidade.
A estratégia do general David Petraeus em Bagdad é, aliás, um foco de conflito aberto entre norte-americanos e sectores do poder títere do Iraque. Os raides contra alvos civis e os bombardeamentos constantes de bairros inteiros causam desconforto no governo de Maliki. Petraeus é também criticado por alegadamente estar a financiar grupos armados em todo o país com o objectivo de os ganhar para o combate às alegadas células da al-Qaeda provenientes das nações vizinhas.
A este respeito importa ainda dizer que o Los Angeles Times veio esta semana desmentir categoricamente o governo norte-americano acerca da origem desses «bandos terroristas». Segundo o diário, estima-se que pelo menos metade dos combatentes estrangeiros não venham nem da Síria nem do Irão, como repetidamente tem afirmado a Casa Branca, mas da Arábia Saudita, «democracia» amiga dos EUA.
Explosões em Kirkuk
Entretanto, em Kirkuk, no Norte do Iraque, o rebentamento de dois engenhos explosivos, segunda-feira, provocou a morte de pelo menos 85 pessoas e feriu perto de duas centenas.
O ataque tinha como alvo um edifício afecto à União Patriótica do Curdistão, partido que defende o aprofundamento da separação daquela região autónoma do restante território e «convida» a população árabe e turcomana a abandonar o território.
Estes têm respondido com bombas contra interesses afectos ao poder local, até há poucos meses apontado pelos norte-americanos como um exemplo de estabilidade e paz no Iraque, mas que agora parece juntar-se às restantes províncias na negra contabilidade diária da violência.