Liberdade de mentir
O ridículo não tem limites e a manipulação muito menos.
Uma manifestação reaccionária serpenteia, livre, arrogante e venenosa por Caracas exigindo liberdade de expressão. «Desafiando perigos terríveis», fá-lo com uma faixa de pano com um quilómetro de comprimento, escrita em vários idiomas e com alguns erros gramaticais. Talvez entre no Livro do Guiness para os tais 15 minutos de fama. Noutro dia, estudantes – fundamentalmente de universidades particulares – circulam festivamente por alguns centros comerciais da capital com uma fita adesiva que lhes tapa a boca. A «ditadura chavista» não lhes permite a livre expressão, mas levam cartazes onde denunciam a tal falta de liberdade. São alguns exemplos de marchas e marchinhas aburguesadas e caricatas contra a não renovação da licença de transmissão de RCTV, que nasceu durante a ditadura do general Pérez Jiménez e ganhou o pouco honroso título de ser a mais golpista do país. São acções para Casa Branca ver – que põe o dinheiro para tais mobilizações – e que a ditadura dos meios da comunicação social multiplica até à exaustão para que milhões de pessoas as engulam sem a devida mastigação.
A verdade está noutro lado e demonstra, uma vez mais, que a mentira tem pernas curtinhas. Tal como anunciámos em crónica anterior, RCTV perdeu o sinal aberto, mas vai começar a emitir via cabo ou satélite com os mesmo programas reles de sempre e com os acostumados espaços de opinião alinhados com a conspiração fascistoide contra Hugo Chávez. Desde finais da primeira semana de Julho que o sinal de RCTV está em provas no canal 103 do sistema de televisão por satélite de Directo TV. Os donos desta estação são os mesmos de Venevisión, um canal de sinal aberto, que foi durante décadas grande concorrente da RCTV e pertence à família cubano-venezuelana Cisneros, a mesma que tem sido ferozmente criticada por outros segmentos da oligarquia criola porque viu há dias renovada a sua licença por cinco anos e porque não se solidarizou suficientemente com os donos da RCTV. Certo, tão golpistas foram uns como os outros, só que os Cisneros decidiram reconhecer, pelo menos formalmente, a vitória eleitoral das forças progressistas. Os oligarcas da RCTV nem isso.
Campanha anti Chávez
Se RCTV deixou de transmitir em sinal a aberto mas pode fazê-lo via cabo, onde é que está o problema? A não renovação da licença é um «bom» argumento para denunciar dentro e fora do país a «ditadura chavista». Mas o mais importante é que, segundo os donos da RCTV, o negócio da televisão via cabo é 20% do outro! Dinheiro, muito dinheiro é o que está em jogo e não a tão badalada liberdade de expressão.
Entretanto, dentro e fora da Venezuela, a agressão da ditadura mediática não tem travões. Fala-se de encerramento da RCTV e esconde-se o facto de que a concessão simplesmente chegou ao fim. Nada se diz da sua constante actividade golpista contra a legalidade democrática. Pouco ou nada se diz de vozes como a do alemão Oskar Lafontaine que, num artigo publicado em Welt am Sonntag, critica a «cada vez maior concentração de meios nas democracias ocidentais» e defende a decisão do governo bolivariano. Tão-pouco circula por esse mundo fora a informação de que no Chile foi retirado do ar – e muito bem – um programa de televisão, por certo de produção venezuelana, onde se punha a ridículo a presidente Bachelet. Nem o seu socialismo moderado a salvou da depredação da oligarquia antibolivariana!
Também não vai a dar a volta ao mundo o resultado da última sondagem sobre os actuais níveis de aceitação do governo de Hugo Chávez, que avança a passo de vencedores. Uma empresa de sondagens ligada à oposição, Seijas & Associados, acaba de revelar que a popularidade do presidente venezuelano chega aos 70% e que o apoio ao seu governo anda pelos 56%. Do outro lado, todos os partidos da oposição escassamente se aproximam dos 10%. Muito menos veremos na imprensa que o partido Acção Democrática, que durante quase 40 anos se alternou no governo da IV República com os democrata-cristãos, foi excluído da Internacional Socialista por ter boicotado a observação da IS durante o último processo eleitoral, por não ter participado nas últimas eleições e... por caloteiro, já que não está solvente com a IS desde há cinco anos!
E se alguém espera saber pela «grande imprensa» que, segundo o Centro de The View Global, a imagem de Washington caiu na Venezuela uns 26 pontos entre 2002 e 2007, desengane-se. Isso não é notícia.
Uma manifestação reaccionária serpenteia, livre, arrogante e venenosa por Caracas exigindo liberdade de expressão. «Desafiando perigos terríveis», fá-lo com uma faixa de pano com um quilómetro de comprimento, escrita em vários idiomas e com alguns erros gramaticais. Talvez entre no Livro do Guiness para os tais 15 minutos de fama. Noutro dia, estudantes – fundamentalmente de universidades particulares – circulam festivamente por alguns centros comerciais da capital com uma fita adesiva que lhes tapa a boca. A «ditadura chavista» não lhes permite a livre expressão, mas levam cartazes onde denunciam a tal falta de liberdade. São alguns exemplos de marchas e marchinhas aburguesadas e caricatas contra a não renovação da licença de transmissão de RCTV, que nasceu durante a ditadura do general Pérez Jiménez e ganhou o pouco honroso título de ser a mais golpista do país. São acções para Casa Branca ver – que põe o dinheiro para tais mobilizações – e que a ditadura dos meios da comunicação social multiplica até à exaustão para que milhões de pessoas as engulam sem a devida mastigação.
A verdade está noutro lado e demonstra, uma vez mais, que a mentira tem pernas curtinhas. Tal como anunciámos em crónica anterior, RCTV perdeu o sinal aberto, mas vai começar a emitir via cabo ou satélite com os mesmo programas reles de sempre e com os acostumados espaços de opinião alinhados com a conspiração fascistoide contra Hugo Chávez. Desde finais da primeira semana de Julho que o sinal de RCTV está em provas no canal 103 do sistema de televisão por satélite de Directo TV. Os donos desta estação são os mesmos de Venevisión, um canal de sinal aberto, que foi durante décadas grande concorrente da RCTV e pertence à família cubano-venezuelana Cisneros, a mesma que tem sido ferozmente criticada por outros segmentos da oligarquia criola porque viu há dias renovada a sua licença por cinco anos e porque não se solidarizou suficientemente com os donos da RCTV. Certo, tão golpistas foram uns como os outros, só que os Cisneros decidiram reconhecer, pelo menos formalmente, a vitória eleitoral das forças progressistas. Os oligarcas da RCTV nem isso.
Campanha anti Chávez
Se RCTV deixou de transmitir em sinal a aberto mas pode fazê-lo via cabo, onde é que está o problema? A não renovação da licença é um «bom» argumento para denunciar dentro e fora do país a «ditadura chavista». Mas o mais importante é que, segundo os donos da RCTV, o negócio da televisão via cabo é 20% do outro! Dinheiro, muito dinheiro é o que está em jogo e não a tão badalada liberdade de expressão.
Entretanto, dentro e fora da Venezuela, a agressão da ditadura mediática não tem travões. Fala-se de encerramento da RCTV e esconde-se o facto de que a concessão simplesmente chegou ao fim. Nada se diz da sua constante actividade golpista contra a legalidade democrática. Pouco ou nada se diz de vozes como a do alemão Oskar Lafontaine que, num artigo publicado em Welt am Sonntag, critica a «cada vez maior concentração de meios nas democracias ocidentais» e defende a decisão do governo bolivariano. Tão-pouco circula por esse mundo fora a informação de que no Chile foi retirado do ar – e muito bem – um programa de televisão, por certo de produção venezuelana, onde se punha a ridículo a presidente Bachelet. Nem o seu socialismo moderado a salvou da depredação da oligarquia antibolivariana!
Também não vai a dar a volta ao mundo o resultado da última sondagem sobre os actuais níveis de aceitação do governo de Hugo Chávez, que avança a passo de vencedores. Uma empresa de sondagens ligada à oposição, Seijas & Associados, acaba de revelar que a popularidade do presidente venezuelano chega aos 70% e que o apoio ao seu governo anda pelos 56%. Do outro lado, todos os partidos da oposição escassamente se aproximam dos 10%. Muito menos veremos na imprensa que o partido Acção Democrática, que durante quase 40 anos se alternou no governo da IV República com os democrata-cristãos, foi excluído da Internacional Socialista por ter boicotado a observação da IS durante o último processo eleitoral, por não ter participado nas últimas eleições e... por caloteiro, já que não está solvente com a IS desde há cinco anos!
E se alguém espera saber pela «grande imprensa» que, segundo o Centro de The View Global, a imagem de Washington caiu na Venezuela uns 26 pontos entre 2002 e 2007, desengane-se. Isso não é notícia.