Somália

Mogadíscio longe da paz

O governo da Somália adiou, domingo, pela terceira vez consecutiva, uma conferência de paz que se realizava na capital, Mogadíscio. Os disparos de morteiro efectuados a partir de uma zona próxima do quartel da polícia que servia de abrigo à reunião obrigaram o presidente, Abdullahi Yusuf, a interromper a sessão de abertura da iniciativa tida como de reconciliação nacional, no meio do pânico generalizado dos cerca de 1300 convidados.
Apesar de fortemente guardado por militares fiéis às autoridades de Mogadíscio - entre os quais unidades mecanizadas e de infantaria do contingente ocupante destacado pela Etiópia - o encontro que juntou representantes políticos, líderes de grupos armados e senhores da exploração mineira no país teve que ser suspenso, confirmando as ameaças feitas, a semana passada, pela resistência somali, que elegeu os participantes na conferência como os alvos prioritários das suas acções e acusou-os de serem os principais responsáveis pela situação que se vive no país há mais de uma década.
Embora acossado pela operação armada, Abdullahi Yusuf garantiu que entre hoje e amanhã os dirigentes vão mesmo reunir procurando conciliar posições quanto à ocupação e exercício do poder naquela nação do Corno de África.

Violência avoluma crise

Três dias antes, também em Mogadíscio, outra acção da oposição vitimou duas pessoas quando tropas regulares e guerrilha se envolveram em violentos combates nas ruas da cidade. Os militares tentavam travar os bombardeamentos contra o palácio presidencial, atingido por cerca de 24 granadas de morteiro no espaço de pouco mais de um quarto de hora, explicou Mohamed Dheere, chefe do governo local de Mogadíscio citado pela Europa Press.
De acordo com informações veiculadas pela mesma agência de notícias, altos responsáveis das Nações Unidas manifestaram a necessidade de enviar ajuda alimentar com carácter de urgência para a Somália e assegurar que os géneros cheguem efectivamente às populações, sobretudo às centenas de milhares de refugiados e deslocados de guerra.
Desde Janeiro deste ano, os comboios humanitários e os barcos carregados de comida têm sido alvo de diversos assaltos por parte de grupos armados, acrescentaram os funcionários da ONU. A cobrança de impostos sobre a ajuda alimentar doada e a sua venda no circuito paralelo envolvendo funcionários do governo foi outro dos problemas revelados pela organização.

Etiópia condena oposição

Entretanto, na vizinha Etiópia, 35 membros da oposição foram condenados, segunda-feira, a pena de prisão perpétua. Os dirigentes políticos levados a tribunal foram acusados de traição, incitamento à violência e tentativa de derrube do governo liderado pelo primeiro-ministro, Meles Zenawi, na sequência das eleições de Abril de 2005 no país.
Zenawi reclamou vitória no escrutínio, mas a oposição e muitos dos observadores internacionais presentes no sufrágio denunciaram irregularidades graves cometidas durante a votação e classificaram as eleições como injustas e manipuladas. Nas manifestações populares de repúdio à fraude promovida pelas autoridades de Adis Abeba a polícia assassinou quase 200 pessoas, mas os responsáveis pelo massacre nunca foram detidos e presentes à justiça.


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