Lutar até ao fim
Foi com duas novas jornadas nacionais de protesto que os sindicatos responderam à aprovação, dia 22, no Senado, da odiosa lei das pensões. Hoje, 28, e sábado, dia 6, os franceses voltam às ruas.
Novas greves e manifestações marcadas para hoje
O povo francês está determinado a continuar a sua justa luta contra a diminuição dos direitos de aposentação. Apesar de o projecto ter sido aprovado nas duas câmaras do parlamento e estar anunciada a sua promulgação presidencial dentro de duas semanas, o movimento de protesto continua a dar sinais de vitalidade e poderá mesmo intensificar-se.
Na segunda-feira, nove das 12 unidades de refinação do país votaram a continuação da greve. No início da semana, um terço dos postos de combustíveis estava inoperacional devido à persistência das greves e bloqueios das refinarias, afectando sobretudo no Oeste e na região da capital.
Na terça-feira, 26, as associações de estudantes organizaram protestos em várias cidades, preparando-se para se juntar às jornadas nacionais de hoje e de dia 6 de Novembro.
Ao nível dos serviços públicos locais, duas dezenas de departamentos estavam afectados pelas greves na recolha do lixo. A situação era particularmente grave em Marselha onde milhares de toneladas de lixo se acumularam nas ruas em resultado da paralisação que se prolongou por 15 dias. Para «evitar a degradação da higiene e riscos de incêndios» os trabalhadores marselheses reiniciaram na terça-feira a actividade.
Noutras cidades, incluindo na região de Paris, a recolha continuava em greve. Brest, Belfort, Nantes, Saint-Brieuc, Saint-Nazaire, Charleville-Mézières, Auch, Saint-Etienne, Toulouse, Agen eram, entre outras, as cidades mais afectadas pelas greves do lixo.
Nos caminhos-de-ferro, a greve por tempo indeterminado iniciada em 12 de Outubro continua a provocar perturbações no tráfego, apesar da diminuição do número de grevistas, que oscilavam entre 6,5 e 15,7 por cento, na segunda-feira. Ainda assim suficientes para impedir a circulação de dois em cada dez comboios de alta velocidade, um terço dos inter-regionais e um terço das ligações urbanas e suburbanas na região de Paris, incluindo a rede de metropolitano.
Noutras cidades, como Toulouse, Rouan e Bourges, os transportes colectivos continuavam bloqueados pelos grevistas.
Entretanto, uma maioria esmagadora de franceses mantém o apoio às greves, ao mesmo tempo que mingua o apoio a Nicolas Sarkozy. Segundo uma sondagem IFOP, a acção do presidente francês é aprovada apenas por 29 por cento do inquiridos, o mais baixo índice desde a sua eleição em 2007. Inversamente, 70 por cento dos franceses considera justo o movimento de greves contra a reforma do sistema de pensões.