Pelos direitos e as carreiras

Bombeiros na greve geral

Cerca de 500 bom­beiros de­ci­diram , dia 20, num ple­nário na­ci­onal, em Lisboa, par­ti­cipar na ma­ni­fes­tação na­ci­onal de 6 de No­vembro e na greve geral, por car­reiras dignas e di­reitos.

«Nem “no tempo da outra se­nhora” foram tão mal tra­tados»

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«Nem no tempo da outra se­nhora os bom­beiros foram tão mal tra­tados», afirmou, na sua in­ter­venção, Mário Alves, di­ri­gente do Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Local e membro do grupo sin­dical de tra­balho dos bom­beiros, no ple­nário pro­mo­vido pelo STAL e o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores do Mu­ni­cípio de Lisboa, no Ter­reiro do Paço, a pro­pó­sito da pro­posta de re­gu­lação de car­reiras de bom­beiros, apre­sen­tada pelo Go­verno.

Se­gundo a re­so­lução apro­vada por una­ni­mi­dade e acla­mação, o Exe­cu­tivo PS pre­tende «fazer tábua-rasa das com­pe­tên­cias es­pe­cí­ficas e ope­ra­ci­o­nais dos bom­beiros sa­pa­dores e pro­fis­si­o­nais», re­du­zindo dras­ti­ca­mente os ren­di­mentos e os di­reitos dos «sol­dados da paz».

Os cerca de 500 bom­beiros, pro­ve­ni­entes de todo o con­ti­nente e da R. A. da Ma­deira exi­giram o di­reito a uma car­reira única de sa­pador, as­sente numa efec­tiva va­lo­ri­zação sa­la­rial, so­cial e pro­fis­si­onal; res­peito pelos tempos de des­canso; re­gras de for­mação pro­fis­si­onal con­tínua que re­co­nheçam o ele­vado nível de qua­li­fi­ca­ções exi­gido para o de­sem­penho da pro­fissão, pro­mo­vendo a sua qua­li­fi­cação; e ma­nu­tenção do vín­culo de no­me­ação.

In­ti­tu­lada «Res­peito, dig­ni­dade e car­reira única», a re­so­lução acusa o Exe­cu­tivo PS de pre­tender «trans­formar os bom­beiros em tra­ba­lha­dores de ter­ceira, dis­po­ní­veis para todo o ser­viço, 24 horas por dia, sem qual­quer com­pen­sação e sem a de­vida for­mação pro­fis­si­onal».

O do­cu­mento foi pos­te­ri­or­mente en­tregue na se­cre­taria de Es­tado da Ad­mi­nis­tração Local, tendo os bom­beiros de­ci­dido, no fim dos tra­ba­lhos, des­locar-se à Praça do Mu­ni­cípio onde es­ti­veram con­cen­trados até terem en­tregue a re­so­lução na Câ­mara Mu­ni­cipal.

Além dos ata­ques aos seus di­reitos la­bo­rais, o ple­nário também alertou para as me­didas de aus­te­ri­dade e a grave crise so­cial que o País atra­vessa, em re­sul­tado da po­lí­tica de di­reita do Go­verno PS. Una­ni­me­mente, os par­ti­ci­pantes con­cluíram haver mo­tivos de sobra para par­ti­ci­parem ac­ti­va­mente na greve geral da CGTP-IN, no dia 24 de No­vembro.

 

Uma in­cons­ci­ência

 

Abran­gidos pelo con­trato de tra­balho para fun­ções pú­blicas, os bom­beiros so­frerão acen­tu­adas perdas, sa­li­entou, na sua in­ter­venção, o pre­si­dente do STAL, Fran­cisco Braz, para quem o pro­jecto de re­gime de car­reiras apre­sen­tado pelo Go­verno «é uma falta de ver­gonha e uma in­cons­ci­ência», por pre­tender juntar os sa­pa­dores com os pro­fis­si­o­nais. Con­cre­ti­zando-se este in­tento, «os bom­beiros dei­xarão de ter um ade­quado en­qua­dra­mento ope­ra­ci­onal».

Com aquele pro­jecto de car­reiras, estes tra­ba­lha­dores, «tão elo­gi­ados quando chega o Verão e há in­cên­dios, para serem sempre ig­no­rados no In­verno», não só terão um sa­lário-base na ordem dos 535 euros, como manter-se-ão em cons­tante re­gime de dis­po­ni­bi­li­dade per­ma­nente, sem qual­quer sub­sídio de risco ou pe­no­si­dade, ou outra com­pen­sação re­mu­ne­ra­tória. Con­fir­mando-se este acrés­cimo de com­pe­tên­cias sem com­pen­sa­ções, «o Go­verno co­lo­cará o sa­lário-base dos bom­beiros abaixo do mí­nimo na­ci­onal».

No pro­jecto go­ver­na­mental, os bom­beiros só pas­sa­riam a poder re­formar-se aos 65 anos, idade que con­si­deram in­com­pa­tível com o cum­pri­mento eficaz das mis­sões, como foi su­bli­nhado em vá­rias in­ter­ven­ções.

 

Ac­ções agen­dadas

 

Se a se­cre­taria de Es­tado con­ti­nuar a re­cusar ne­go­ciar com os sin­di­catos da CGTP-IN, no âm­bito da con­tra­tação co­lec­tiva, como a lei obriga e o Go­verno PS não tem cum­prido, os bom­beiros cum­prirão um ca­len­dário de lutas es­pe­cí­fico, apro­vado no ple­nário.

Até 14 de De­zembro de­cor­rerá uma re­colha de as­si­na­turas para um abaixo-as­si­nado contra o pro­jecto de re­gime de car­reiras que o Exe­cu­tivo PS lhes pre­tende impor, a ser en­tregue, pos­te­ri­or­mente, aos ór­gãos de so­be­rania.

Uma dis­tri­buição de co­mu­ni­cados à po­pu­lação nos lo­cais de tra­balho e na rua terá lugar no dia 13 de Ja­neiro, com o pro­pó­sito de sen­si­bi­lizar para as graves con­sequên­cias que terá a pro­posta do Go­verno PS.

Se, mesmo de­pois destas ini­ci­a­tivas o Exe­cu­tivo de José Só­crates man­tiver o mesmo pro­jecto, os bom­beiros farão uma ma­ni­fes­tação na­ci­onal, no dia 3 de Fe­ve­reiro.



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