Prosseguir Abril
Para o mandatário nacional da candidatura, os apoiantes de Francisco Lopes integram uma força que, para lá do dia 23 de Janeiro, vai continuar o combate por um «rumo consistente, patriótico e de esquerda para Portugal».
«Vamos continuar a combater»
O primeiro a usar da palavra no amplo espaço do comício, José Barata-Moura fez uma intervenção desassombrada na qual começou logo por deixar claro que o apoio massivo que ali se manifestava em torno de Francisco Lopes era «o apoio de quem trabalha e de quem está com os trabalhadores, prosseguindo Abril e tudo aquilo que ele pôde conduzir». Um apoio, acrescentou, que «aponta no sentido da defesa e da promoção de um destino para Portugal que não seja o da apagada e vil tristeza, que não seja o da subalternidade, que não seja o da subserviência», que «não pode consistir na acomodação resignada, ao refazer das algibeiras dos especuladores (sem rosto, mas com desmedida ganância), por uma sobre-exploração acrescida e mais prolongada das forças de trabalho, daquelas forças que só elas criam essa riqueza que tão mal repartida anda».
O mandatário nacional da candidatura patriótica e de esquerda frisou ainda que o apoio manifesto traduz a confiança «no poder das ideias quando são correctas e sempre que são agarradas pela força social que está em medida de as traduzir em realidades».
«Mais do que ladainhas de preocupação quanto ao futuro, o que faz falta é uma ocupação esclarecida e firme com a sua transformação», razão pela qual, disse, expressamos «a nossa determinação de levar avante uma luta (porque é de luta que se trata), difícil e retorcida (nas instituições e nas magistraturas democráticas, na cena internacional, no espaço público), a luta por uma mudança de políticas e por uma viragem na política, por um verdadeiro cuidado social, pelo viver da sociedade, por uma reorientação efectiva da economia, para o serviço da qualificação e da dignificação da existência dos seres humanos (todos, e na realidade todos)».
Há saída
«Aparentemente condoídos, murmuram alguns que não há saída e que, por isso, o melhor seria que – piorando – tudo na mesma ficasse», continuou o ex-reitor da Universidade de Lisboa.
«Ansiosos, muito ansiosos, pressionam outros (às vezes, os mesmos) para que haja entrada, a entrada do “papão”, literalmente, daquele que tem um descomunal apetite... de “papar”. Atarantados, afadigam-se mais uns tantos, numas entradas por saídas, em que a repetida confusão do “cravo” e da “ferradura” apenas traduz o desnorte e eventuais intenções boas frente a males que não se sabe, ou se teme, debelar. Mas, há saída, camaradas, há saída. Só que a saída – um duro processo em que há muito para trabalhar – impõe algumas saídas... e algumas entradas. A cartilha liberalista (dos vários obedientes bem-comportados) que acabou por nos trazer, e ao País, à situação de insustentável crise com que nos debatemos tem que sair. A ruptura (efectiva) com estas orientações e com os tiques e com os toques dos seus agentes de sucursal tem que entrar», considerou.
«Nós estamos aqui. Nós estamos cá. E nós vamos continuar a estar, e a combater, procurando, com o nosso alerta, com os nossos contributos, com a nossa participação, um rumo consistente, patriótico, de esquerda, para Portugal – soberano, democrático, solidário, não apenas nas palavras, mas nos actos e no corpo deveniente das difíceis realidades», disse Barata-Moura, para quem «uma votação expressiva na candidatura de Francisco Lopes, no próximo domingo, corresponde a um relevante momento neste processo necessário, neste trajecto, nesta trajectória».
«Estou certo de que cada um de nós – e que cada um dos muitos como nós que aqui não puderam vir – não deixará de se empenhar no bom resultado desta tarefa. Para que viva Portugal!», concluiu.