O País real exige a mudança
Francisco Lopes esteve, segunda-feira, em acções de campanha no Litoral Alentejano, onde constatou a dura realidade vivida pelo povo num País que exige a mudança.
«É preciso usar o voto para gritar a indignação»
O dia começou em Sines com uma arruada. Acompanhado por dirigentes e militantes comunistas locais, eleitos autárquicos, delegados sindicais, jovens e membros de colectividades, num total de meia centena de apoiantes, o candidato desdobrou-se em contactos com a população e comerciantes.
Entre queixas contra o agravamento da situação económica e social, desde logo sobressaiu um dos temas que haveria de marcar a jornada. Uma mulher dirigiu-se a Francisco Lopes e relatou o drama que vive. Com uma pensão miserável e encargos familiares que obrigam a cortar no prato para pagar a factura da farmácia, Rosa Maria testemunhou, ainda, que apesar de ter tratamentos marcados não sabe se poderá deslocar-se ao hospital, em Setúbal. É que as alterações promovidas pelo Governo no regime de transporte de doentes são mais um factor que lhe avolumam as dificuldades e impedem o usufruto do direito à assistência médica, consagrado na Constituição.
Face ao desespero, o candidato deixou as palavras necessárias. Contendo a emoção, Francisco Lopes lembrou que no próximo domingo «tem duas possibilidades. Uma é calar-se. A outra é usar o voto para gritar essa indignação».
Lutar sempre
Em seguida, o candidato da ruptura e da mudança deslocou-se ao polígono industrial de Santo André para contactar com funcionários da Câmara de Santiago, dando destaque à ofensiva antilaboral do Governo PS e dos patrões, conjugados com o PSD e o actual Presidente e recandidato ao cargo, Cavaco Silva. Mas foi já em Grândola que se voltou a ouvir o grito de revolta popular para com a falta de cuidados de saúde ou o preço dos medicamentos, impostos pelo Governo.
Depois de um almoço com mais de 150 pessoas, Fátima Luzia, presidente da Junta de Freguesia de Grândola – autarquia recuperada pela CDU ao PS nas últimas eleições – entregou a Francisco Lopes um dossier, com mais de quatro mil assinaturas, no qual se denuncia o ataque aos cuidados de saúde.
A matéria aguarda discussão em plenário na Assembleia da República, mas o candidato ficou logo ali a saber que a população persiste na luta contra o encerramento do SAP, pela contratação de profissionais que garantam o funcionamento regular da unidade de saúde na «vila morena», e pela reabertura do centro de saúde em Canal Caveira, instalações que foram, inclusivamente, construídas pelo povo.
A persistência dos alentejanos em resistirem e reivindicarem não foi indiferente a Francisco Lopes, e já em Alcácer do Sal, onde decorreu uma visita à associação de reformados e um contacto com a população e comerciantes, nova actualização da realidade em matéria de saúde.
A Associação Humanitária dos Bombeiros local debate-se com um problema de financiamento. Isso mesmo confirmaram o presidente da direcção, António Balona, bem como o comandante e os voluntários em conversa com o candidato.
A instituição não desiste de cumprir com a missão de transportar os doentes, mas confrontada com o garrote governamental acumula dívida, sintetizaram.
No final da visita a Alcácer do Sal, Francisco Lopes fez uma breve intervenção dando destaque às questões do comércio tradicional, reflectindo, no fundamental, parte das queixas ouvidas junto dos pequenos comerciantes.
«Na mudança que proponho e no quadro dos poderes do Presidente da República, é preciso sinalizar, por um lado, o aproveitamento dos recursos, e por outro o aproveitamento das possibilidades que residem na dinamização dos centros urbanos». Tal permitiria «fixar a população, os jovens, e dar um papel ao pequeno comércio como parte integrante de uma concepção de vivência dos núcleos urbanos», declarou.
Demonstração de força
A noite estava reservada para um jantar-comício em Santiago do Cacém, iniciativa em cuja organização e preparação participaram mais de 50 camaradas e amigos, com destaque para a célula dos trabalhadores comunistas da Câmara Municipal (CM).
Antes de entrar na sala que apresentava uma moldura humana de cerca de 400 participantes, Francisco Lopes ainda teve tempo para ouvir a denúncia dos trabalhadores do Instituto do Emprego e Formação Profissional, sobre os quais paira a incerteza da manutenção dos postos de trabalho. O encontro introduziu o outro tema do dia em destaque: o desemprego.
Depois do mandatário concelhio, o independente e vereador na CM Álvaro Beijinha, ter manifestado o «grande orgulho» em estar com esta candidatura, e do presidente do município, Vítor Proença, ter acentuado que esta «é a única candidatura que coloca [em discussão] os problemas reais», Francisco Lopes escolheu o emprego como matéria forte da sua intervenção.
Criticando os que lançam uma sanha odiosa contra o que chamam de «emprego para toda a vida», Francisco Lopes frisou que o que pretendem é que as novas gerações tenham «um emprego para vida nenhuma».
Nesse sentido, lançou o repto para que os jovens tomem nas suas mão o seu próprio futuro, lutando contra a precariedade e o desbaratar da qualificação profissional que adquiriram, luta que tem no próximo dia 23 uma importante batalha.