«Farinha do mesmo saco»

 

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Mesmo co­nhe­cendo de gin­jeira os seus re­pe­tidos des­di­zeres e in­co­e­rên­cias, não deixa de ser cho­cante ob­servar a fa­ci­li­dade e o à-von­tade com que os par­tidos da troika mudam o seu dis­curso em função da po­sição que ocupam – ora na opo­sição ora no go­verno – no es­quema de ro­ta­ti­vismo que per­petua a po­lí­tica de di­reita.

No de­bate do pro­grama do Go­verno isso mesmo voltou a ficar pa­tente, a tal ponto que o líder par­la­mentar do PCP, in­ter­pe­lando o pri­meiro-mi­nistro na sequência da sua in­ter­venção ini­cial, afirmou que este lhe fi­zera lem­brar o dis­curso de José Só­crates.

«Os mesmos ar­gu­mentos, a mesma ideia de que tudo é ine­vi­tável e de que os sa­cri­fí­cios para os mesmos de sempre têm de ser apli­cados porque não há al­ter­na­tiva», as­si­nalou, vendo nessa len­ga­lenga um claro re­gresso «ao pas­sado».

No de­curso do de­bate, este dejá vu vol­taria a mo­tivar um aparte do pre­si­dente da ban­cada co­mu­nista. Foi na sequência de uma in­ter­venção do de­pu­tado do PS Pedro Mar­ques a «cri­ticar o Go­verno por não ser capaz de cortar na des­pesa e re­correr ao au­mento de im­postos».

Ber­nar­dino So­ares, com agu­çada ironia, di­ri­gindo-se à pre­si­dente da AR As­sunção Es­teves, que con­duzia os tra­ba­lhos, con­fessou não ter sido «com­ple­ta­mente justo» na sua in­ter­venção an­te­rior quando disse a Passos Co­elho que este lhe fazia lem­brar José Só­crates.

É que se é ver­dade que o pri­meiro-mi­nistro diz agora o mesmo que o go­verno PS, também é ver­dade que o PS diz agora na opo­sição aquilo que fazia no Go­verno e que era o que PSD dizia quando es­tava na opo­sição e ainda não tinha che­gado ao Go­verno», as­si­nalou o líder par­la­mentar do PCP, antes do re­mate cer­teiro: «É tudo fa­rinha do mesmo saco».



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