Egipto

Povo atento não desarma

O julgamento do ex-ditador Hosni Mubarak foi adiado para o próximo dia 5 de Setembro e a transmissão em directo das audiências foi cancelada por ordem do juiz até à conclusão do processo. A ordem do magistrado provocou a ira dos opositores e familiares das vítimas do antigo regime, que, segunda-feira, se concentraram no centro do Cairo para exigir justiça.

Um julgamento público e célere era uma das reivindicações dos manifestantes que no início de Julho voltaram à Praça Tahir. Após a decisão, populares egípcios expressaram à Reuters a sua revolta, frisando que a não transmissão em directo indicia a existência de «um acordo com Mubarak».

Mohamed Ali, de 35 anos, por seu lado, acredita que «o poder das pessoas é mais forte do que as pessoas no poder», e, por isso, garantiu a continuidade dos protestos em Tahir até que seja retomado o escrutínio televisivo.

Entretanto, os advogados de defesa de Mubarak anunciaram a intenção de chamarem a depor o marechal Mohamed Hussein Tantawi, ministro da Defesa durante duas décadas e actual líder do conselho militar que assumiu o poder no país.

Os advogados acreditam que Tantawi pode aclarar o papel de Mubarak na repressão da revolta no Egipto, e provar a inocência do ex-ditador face aos acontecimentos que vitimaram pelo menos 850 pessoas.

Paralelamente, na passada sexta-feira, dia 12, muitos egípcios responderam ao apelo do Movimento 6 de Abril e participaram numa concentração à hora do dejejum.

Durante o mês do Ramadão, os muçulmanos não podem ingerir alimentos entre o nascer e o pôr do sol. O anoitecer traz, por isso, uma reunião de familiares, amigos ou vizinhos para a refeição.

A prática, respeitada pela maioria da população egípcia, foi aproveitada pelos participantes no protesto para lembrarem outra norma religiosa que deve ser atendida com particular rigor durante este período, a da partilha dos alimentos entre quem os possui e quem os não possui.

Ora foi precisamente o fosso persistente entre pobres e ricos herdado da ditadura e a ausência de medidas concretas para alterar a situação por parte do actual regime militar que os manifestantes quiseram assinalar.

A iniciativa foi pacífica e bem acolhida por laicos e crentes até à invariável intervenção da polícia.



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