Mostrar descontentamento e exigir mudança de rumo

Todos na greve geral!

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A força da uni­dade dos tra­ba­lha­dores vai ver-se, dentro de al­gumas horas, quando se co­me­çarem a notar os efeitos da greve geral, con­vo­cada para esta quinta-feira pela CGTP-IN. Face à ofen­siva do ca­pital e do Go­verno, com ex­pressão na ten­ta­tiva de re­visão do Có­digo do Tra­balho, há que elevar a res­posta dos tra­ba­lha­dores e de todos os que são atin­gidos pela po­lí­tica que a troika dos cre­dores dita e que a troika da sub­missão aceita impor.

Há que lutar agora por hoje e pelo fu­turo

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A pre­pa­ração da greve geral en­volveu mi­lhares de di­ri­gentes e de­le­gados sin­di­cais, mem­bros de co­mis­sões de tra­ba­lha­dores, mi­li­tantes co­mu­nistas nas cé­lulas de em­presa e em or­ga­nismos sec­to­riais e lo­cais, bem como ou­tros tra­ba­lha­dores e ac­ti­vistas.

Um vi­sível re­sul­tado deste tra­balho foram os quase dois mil pa­re­ceres, apro­vados em ple­ná­rios e reu­niões, re­jei­tando com fun­da­mento a Pro­posta de Lei 46/​XII, como a CGTP-IN fez na sua de­ta­lhada apre­ci­ação. Estes do­cu­mentos – re­flec­tindo uma par­ti­ci­pação que a cen­tral ad­mite ser de um mi­lhão de tra­ba­lha­dores – foram en­tre­gues na As­sem­bleia da Re­pú­blica ontem, úl­timo dia do pe­ríodo legal da dis­cussão pú­blica.

«Re­cla­mamos dos de­pu­tados que te­nham em con­si­de­ração o con­teúdo desses pro­nun­ci­a­mentos, para que possam contar na de­cisão final» – apelou, horas antes, o Se­cre­tário-geral da In­ter­sin­dical. Num en­contro com jor­na­listas, na Casa do Alen­tejo, Ar­ménio Carlos re­cordou que «nós vimos já muitas vezes» que pa­re­ceres como estes apenas são «re­gis­tados para cum­prir actos ad­mi­nis­tra­tivos e bu­ro­crá­ticos». Desta vez, «gos­ta­ríamos de ver dis­po­ni­bi­li­dade dos de­pu­tados da mai­oria para ana­li­sarem o con­teúdo», disse o di­ri­gente, no­tando que «estes de­pu­tados, quando da sua eleição, não co­lo­caram aos elei­tores a in­tenção de re­verem o Có­digo do Tra­balho nestes termos» e, «se o ti­vessem feito, não te­riam pro­va­vel­mente os votos que ob­ti­veram».

Ar­ménio Carlos, acom­pa­nhado de vá­rios mem­bros da Co­missão Exe­cu­tiva da cen­tral, deu conta de que «nos ple­ná­rios e no con­tacto com os tra­ba­lha­dores, seja no sector pú­blico, seja no sector pri­vado, nota-se o sen­ti­mento ge­ne­ra­li­zado de que es­tamos pe­rante uma das mai­ores ofen­sivas contra os seus di­reitos e que é ne­ces­sário dar-lhe uma res­posta». Esta «tem que ser uma res­posta cons­ci­ente», até porque «perder um dia de sa­lário pesa no ren­di­mento das fa­mí­lias». Su­cede que «está também em jogo a nossa dig­ni­dade de tra­ba­lha­dores e de pes­soas», pelo que a Inter re­novou o apelo «a todos os tra­ba­lha­dores para que, in­de­pen­den­te­mente das suas op­ções po­lí­ticas e sin­di­cais, as­sumam esta luta pela de­fesa da sua dig­ni­dade e pelo fu­turo dos seus fi­lhos».

A exem­pli­ficar o que per­deria cada tra­ba­lhador, caso as me­didas do Go­verno fossem avante, Ar­ménio Carlos apre­sentou cál­culos para um sa­lário de 800 euros. Com a re­dução do valor do tra­balho ex­tra­or­di­nário, fa­zendo 130 horas extra num ano, per­deria 972 euros. Com o «banco de horas», a perda seria de cerca de três mil euros. E teria ainda que tra­ba­lhar quatro dias fe­ri­ados e três dias de fé­rias, sem nada mais re­ceber por isso.


Também nas ruas

 

Os mo­tivos da re­a­li­zação da greve geral vão ocupar as ruas de ca­pi­tais de dis­trito e ou­tras lo­ca­li­dades, em todo o País. Uma lista di­vul­gada an­te­ontem pela CGTP-IN in­clui 38 con­cen­tra­ções. Des­taca-se Lisboa (14 horas, no Rossio) e Porto (15 horas, Praça da Li­ber­dade), mas aí estão ainda: Aveiro, Águeda, Ovar, Santa Maria da Feira, S. João da Ma­deira; Beja; Braga e Gui­ma­rães; Bra­gança; Cas­telo Branco e Co­vilhã; Coimbra; Évora; Faro; Guarda; Ma­rinha Grande; Por­ta­legre e Avis; San­tarém, Torres Novas, Tra­magal, Be­na­vente e Couço; Se­túbal, Cor­roios, Cova da Pi­e­dade, Bar­reiro, Al­cácer do Sal, Grân­dola, San­tiago do Cacém e Sines; Viana do Cas­telo; Viseu; Horta; Fun­chal.

 



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