A direita de punhal na mão...
A pouco mais de um mês das eleições de 7 de Outubro, a reacção continua a mover-se sobre um terreno perigosamente escorregadio para a estabilidade do país. Por um lado, não se compromete aberta e claramente a respeitar os resultados da consulta presidencial. Pelo outro, continua com a política de lançar dúvidas injustificadas sobre o processo eleitoral – que tem acompanhado e aprovado de princípio a fim – e particularmente sobre o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Até agora, as empresas com mais tradição no campo das sondagens políticas apontam para uma vitória clara das forças progressistas, coincidindo em que só um evento muito especial poderia mudar uma tendência que já é histórica. Contudo, nos últimos dias apareceram algumas empresas meio desconhecidas afirmando que há uma situação de empate técnico, chegando mesmo um par delas a afirmar que a oposição teria passado, quase por arte de magia, para a frente. Observadores políticos vêem nestes novos números uma jogada política que esconde algo mais tenebroso do que uma estratégia de injectar optimismo nos seus próprios partidários, um tanto desanimados com os resultados anteriores.
Diosdado Cabello, um dos principais líderes do PSUV, denunciou recentemente que a oposição teria 200 mil «voluntários» prontos para anunciarem, através de mensagens sms – utilizando técnicas de marketing viral – uma hipotética vitória do candidato da direita antes do primeiro boletim do CNE, o que, além de ilegal, serviria para poder gritar «fraude» quando fosse proclamado o triunfo das forças bolivarianas e dessa maneira criar condições de instabilidade política suficientemente fortes para torcer a vontade popular e impor uma solução vinda do exterior.
Eleições mais transparentes é impossível
É possível uma fraude eleitoral? Durante muito tempo, a oposição afirmou que sim, mas, de repente, apercebeu-se de que essa afirmação poderia desmotivar os seus seguidores e mudou de discurso afirmando, com total cinismo, que eram os bolivarianos que punham a correr esse rumor!!!
Em boa verdade, a fraude é técnicamente impossível. A resposta é dada por Vicente Díaz, personalidade ligada à oposição e membro do CNE [1], num artigo publicado num jornal golpista [2], e também por outros especialistas, igualmente anti-bolivarianos. Num texto intitulado «Não haverá fraude, votem!» desmonta algumas das intrujices historicamente veiculadas pela reacção para desprestigiar o CNE. Primeiro afirma que «não é certo que o registo eleitoral tenha milhões de eleitores inventados». Sobre a votação em si, declara que «não se pode alterar o voto, nem incorporar votos à máquina[3]». No que se refere à contabilização dos votos, este reitor escreve que «não se podem alterar os votos na transmissão, nem na sala de apuramento. Não há salas de apuramento paralelas e clandestinas (...) Nem que as reitoras e eu quiséssemos alterar os resultados o poderíamos fazer. A contagem é a soma dos resultados de cada mesa. Não se pode alterar o total sem alterar os das mesas. Os das mesas não se podem alterar porque todos os partidos têm as actas. Por razões de espaço não posso falar de idiotices como o cabo submarino ou o satélite Simão Bolívar», isto último em resposta a insinuações postas a circular pelos sectores mais fanáticos da oposição, que não pensam aceitar a vitória bolivariana.
Entretanto, a revolução avança
Vejamos alguns números confirmados pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento) sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A Venezuela subiu dois lugares num ano e está agora na posição 73 entre 187 países com um IDH de 0,735, o que a coloca na categoria de «desenvolvimento humano alto», a segunda numa escala de quatro.
Por outro lado, temos que a Missão Bairro Adentro já deu, em zonas onde antes não havia médico, mais 500 milhões de consultas e calcula-se que salvou a vida de dois milhões de pessoas. E a Missão Robinson alfabetizou um milhão 800 mil pessoas, eliminando a analfabetismo.
_____________
[1] Na Venezuela, o poder eleitoral, um dos cinco poderes independentes da RBdeV, é eleito por 2/3 da Assembleia da República, depois de um elaborado processo de postulações onde participam diferentes sectores da vida do país.
[2] El Nacional.
[3] Na Venezuela, a votação é automatizada, mas o computador entrega ao eleitor um talão com o resumo do seu voto que é depositado numa urna. No final, o total de votos electrónicos e os de papel têm de coincidir e as contas sempre têm batido certas!