CGTP-IN não quer Segurança Social mais vulnerável

Ataque ilegal ao FEFSS

O Go­verno vi­olou o ob­jec­tivo que a lei de­fine para o Fundo de Es­ta­bi­li­zação da Se­gu­rança So­cial, de­nun­ciou a CGTP-IN, que na se­gunda-feira apre­sentou queixa ao Pro­vedor de Jus­tiça.

O efeito da con­cen­tração agrava-se com o risco de não pa­ga­mento

Em causa está a de­cisão do Go­verno de au­mentar, até 90 por cento, o peso da dí­vida pú­blica por­tu­guesa nos ac­tivos do FEFSS.
Até agora, esta par­cela era de 55 por cento. Na di­ver­si­fi­cação dos in­ves­ti­mentos, ca­biam 25 por cento a tí­tulos de dí­vida pú­blica de ou­tros es­tados da OCDE e 17 por cento res­pei­tavam a ac­ções de em­presas es­tran­geiras, como consta na Por­taria 216-A/​2013. Nesta re­corda-se que o Fundo de Es­ta­bi­li­zação, nos termos da Lei de Bases da Se­gu­rança So­cial, des­tina-se a acu­mular re­servas que ga­rantam a co­ber­tura das des­pesas pre­vi­sí­veis com pen­sões, por um pe­ríodo mí­nimo de dois anos.
Já a 24 de Maio, a CGTP-IN tinha aler­tado, em co­mu­ni­cado de im­prensa, para os pe­rigos de uma ope­ração, então em pre­pa­ração, que vi­sava fa­ci­litar a uti­li­zação dos ca­tivos do FEFSS para fins di­fe­rentes dos es­ta­be­le­cidos na lei. «A não di­ver­si­fi­cação da car­teira de in­ves­ti­mentos expõe o fundo a ce­ná­rios que po­derão ori­ginar con­sequên­cias per­versas, de­sig­na­da­mente, a ir­re­ver­sível de­gra­dação de parte subs­tan­tiva do seu valor», rei­terou a cen­tral, a 5 de Julho, de­pois de o Go­verno con­cre­tizar a ameaça.
«A toda a pressa e de forma ata­ba­lhoada», aquela por­taria foi pu­bli­cada no dia 2, as­si­nada na vés­pera por Vítor Gaspar (no pró­prio dia em que se de­mitiu) e por Mota So­ares (o qual, na mesma data, de­cla­rava que ia de­mitir-se).
Na queixa ao Pro­vedor de Jus­tiça, é cha­mada a atenção para o facto de es­tarmos pe­rante um desvio ilegal do ob­jec­tivo ex­clu­sivo do FEFSS, cuja gestão não pode ser ma­ni­pu­lada para servir fins di­fe­rentes dos que a lei es­ta­be­lece. Como pa­tri­mónio au­tó­nomo da Se­gu­rança So­cial, o fundo foi criado, em 1989, para servir de ga­rantia com­ple­mentar das pen­sões a pagar pelo sis­tema pú­blico e a com­po­sição dos seus ac­tivos ficou de­fi­nida de modo a pro­curar o equi­lí­brio entre se­gu­rança e ren­ta­bi­li­dade.
A pu­bli­cação da por­taria viola ainda a lei, pro­testa a In­ter­sin­dical, porque seria ne­ces­sário o con­sen­ti­mento dos tra­ba­lha­dores para a apli­cação de re­ceitas ori­gi­ná­rias das suas con­tri­bui­ções. Tal con­sen­ti­mento exi­giria que fossem ac­ci­o­nados os me­ca­nismos de par­ti­ci­pação e fossem ou­vidas as as­so­ci­a­ções sin­di­cais.
Ora, «na ten­ta­tiva de le­gi­timar a me­dida to­mada, foi en­ce­nada uma reu­nião do con­selho con­sul­tivo do Ins­ti­tuto de Gestão de Fundos de Ca­pi­ta­li­zação da Se­gu­rança So­cial», a 1 de Julho. Mas aquele órgão ainda não es­tava for­mal­mente cons­ti­tuído, porque os seus mem­bros aguar­davam no­me­ação. A con­vo­ca­tória en­viada na tarde de 28 de Junho foi as­si­nada pelo pre­si­dente apenas in­di­gi­tado.
No dia 9 de Julho, foi pu­bli­cado o des­pacho da no­me­ação, da­tado de 27 de Junho, «o que cor­res­ponde a uma ten­ta­tiva de con­va­li­dação ou sa­nação da ir­re­gu­la­ri­dade da re­a­li­zação desta reu­nião», con­si­dera a Inter, na queixa ao Pro­vedor.

 

O Es­tado não vai pagar

O não pa­ga­mento de uma parte da dí­vida do Es­tado por­tu­guês «é uma pro­ba­bi­li­dade quase certa, de­vido à po­lí­tica de de­sastre im­posta ao País pela troika e pelo Go­verno PSD/​CDS», con­si­dera a Fe­de­ração Na­ci­onal de Sin­di­catos dos Tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas e So­ciais, aler­tando que, no caso de in­cum­pri­mento, «a Se­gu­rança So­cial per­derá uma parte do seu FEFSS, que é di­nheiro dos tra­ba­lha­dores e dos pen­si­o­nistas».
Numa nota que di­vulgou dia 15, se­gunda-feira, a FNSTFPS/​CGTP-IN re­fere que o valor do FEFSS era de 11 276 mi­lhões de euros, cor­res­pon­dente a apenas 12,5 meses do valor das pen­sões do re­gime con­tri­bu­tivo (em vez dos 24 meses, exi­gidos por lei). Ao de­cidir que 90 por cento da­quele mon­tante fique con­cen­trado na dí­vida pú­blica por­tu­guesa, o Go­verno po­derá «di­mi­nuir ar­ti­fi­ci­al­mente» o valor desta, mas cria «um risco muito grande» para a Se­gu­rança So­cial, avisa a fe­de­ração, con­cluindo que «na luta que di­a­ri­a­mente os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica estão a travar, este é mais um mo­tivo para a sua mo­bi­li­zação».



Mais artigos de: Trabalhadores

Problemas e luta sem férias

«Das reu­niões entre PS, PSD e CDS não re­sul­tará nada de po­si­tivo para os por­tu­gueses», avisou se­gunda-feira a CGTP-IN, que pre­para para a pró­xima se­mana uma forte con­tes­tação da le­gis­lação la­boral que o Go­verno quer aprovar.

STAL convoca para dia 24

O Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Local avançou com con­tactos e ple­ná­rios nos ser­viços e apelou a uma forte pre­sença em São Bento, no dia 24, quando graves ma­té­rias serão vo­tadas no ple­nário par­la­mentar.

Frustock fora da lei

Na sequência do pedido de intervenção por parte do SINTAB/CGTP-IN, relativamente ao despedimento do trabalhador e delegado sindical Daniel Ferreira, a Autoridade para as Condições do Trabalho verificou que houve violação do Código do Trabalho. No artigo 368.º...

Vigília hoje<br>da Função Pública

Com início às 17 horas de hoje, dia 18, e a terminar às 10 horas de amanhã, o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas convocou uma «vigília pela demissão irrevogável do Governo»,...

Presidente da AR deve desculpas

LUSA «Contenha-se e reflicta, porque a todos nós, que nos sentimos verdadeiramente ofendidos, deve não uma simples explicação, mas um pedido formal de desculpas», afirma o STAL, na carta-aberta que enviou à Presidente da Assembleia da...

Enfermeiros persistem

O Ministério da Saúde apresentou-se na reunião de dia 12, com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, sem qualquer contraproposta concreta ao caderno reivindicativo, mas comprometeu-se a apresentar amanhã, numa nova reunião, um documento formal. O...

Dívidas aos trabalhadores

Face à dívida de mais de dois milhões de euros a 241 trabalhadores de duas empresas falidas há já mais de 20 anos foi organizada, no dia 12, uma concentração em frente ao Ministério da Justiça. Esta iniciativa, da Delegação dos Sindicatos de...