Exposição evocativa de Álvaro Cunhal inaugurada no Porto

Uma história que conta outras histórias

A exposição evocativa do centenário de Álvaro Cunhal intitulada «Vida, Pensamento e Luta: Exemplo que se Projecta na Actualidade e no Futuro» foi inaugurada no sábado à tarde no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, onde estará patente até ao próximo dia 15. Depois de, em Lisboa, a mostra ter sido visitada por mais de 20 mil pessoas, agora é a vez dos trabalhadores, dos democratas e patriotas do Norte do País testemunharem o exemplo de revolucionário abnegado, de intelectual sólido e honesto, de artista talentoso que inegavelmente foi Álvaro Cunhal.

A melhor forma de honrar Álvaro Cunhal é continuar a sua luta

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«Esta exposição que ides ver mostra o percurso de um revolucionário que transporta consigo uma história que conta outras histórias, pessoais e colectivas. Uma história de uma vida que está dentro de uma história maior, a História do seu Partido – o PCP – e que, por sua vez, se confunde com a História do nosso povo nestes quase cem anos que nos separam da sua criação.» Foi desta forma que, no passado sábado, o Secretário-geral do Partido Comunista Português sintetizou o conteúdo da exposição dedicada ao centenário de Álvaro Cunhal.

Para o acto de abertura, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, compareceram centenas de homens e de mulheres, pessoas provenientes de diversas regiões e classes sociais, muitas delas jovens – algumas mesmo muito jovens – e outras cuja juventude não se mede pela idade. Pessoas diversas, todas portadoras da sua própria história individual, que ali se entrelaçava com o fio da história desenrolado ao longo da exposição.

O auditório era pequeno para acolher todas elas, pelo que se espalhavam pelo átrio de entrada e pela livraria dedicada ao Centenário, montada mesmo ao lado. Ouviam a intervenção de Jerónimo de Sousa olhando em redor, como que absorvendo a solenidade do momento, inegavelmente carregado de muita emoção.

A intervenção foi breve, a exposição declarada aberta, ouviram-se longos aplausos e a multidão, lentamente, foi dispersando, conforme ia chegando a vez de entrar de cada um dos pequenos grupos que a compunham.

Iniciado o percurso, começava a imersão naquele amplo espaço repleto de painéis, documentos, objectos históricos, pinturas, fotos, vídeos, registos áudio e representações escultóricas. Conduzidos pela ordenação cronológica dos primeiros núcleos da exposição, os visitantes percorreram, com cada passo, o trajecto da vida de um homem – Álvaro Cunhal – e, simultaneamente, décadas da história portuguesa, que também é a sua. Revêem-se. Alguns, recordam como era a sua vida em determinado período histórico, outros, interrogam-se sobre como seria viver então.

A exposição oferece a contextualização sócio-económica e política, a informação preciosa sobre a luta de um povo, que depois de analisada por cada um à sua maneira, revela a mensagem pretendida: a melhor maneira de homenagear Álvaro Cunhal é dar continuidade à sua luta, à luta do seu Partido, por um mundo mais justo e solidário.

Aquela parte do título da exposição, a que alguns, porventura, não tivessem prestado a atenção necessária, e que diz «Exemplo que se Projecta na Actualidade e no Futuro», torna-se progressivamente mais evidente. É uma exposição que mostra o passado, mas está virada para o futuro e para o presente que nos atinge duramente.

À saída, muitos aproveitaram a oportunidade para deixar uma mensagem no livro de honra. Mensagens que, como seria de esperar, carregam sentimentos. Nelas, os visitantes valorizaram a exposição, a vida de Álvaro Cunhal, o papel insubstituível do PCP. Alguns revelaram saudade. Mas, sobretudo, mostraram que a mensagem política foi entendida, como é o caso daquela que diz, simplesmente, «A luta continua!»

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Intervenção de Jerónimo de Sousa

Um percurso que dá confiança

Coube ao Secretário-geral do PCP abrir oficialmente a exposição evocativa do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal no Porto. E Jerónimo de Sousa fê-lo, destacando não apenas a justeza da homenagem a uma «figura ímpar», à sua vida, actividade política e luta corajosa e inquebrantável, como o «valor informativo, didáctico e estético» da própria exposição, que se revela de grande utilidade para quem quiser conhecer a história do último século «nos seus momentos mais expressivos e significativos, no plano nacional e internacional». História essa da qual Álvaro Cunhal não foi apenas um «mero espectador», antes um «activo protagonista» e «construtor de novas realidades nos domínios da política, da arte e da cultura».

Para o Secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal foi um «revolucionário de corpo inteiro», cujo trajecto está «impresso de forma indelével na história da luta do movimento operário por um projecto de emancipação social e contra a exploração». E, na história do povo português, no combate pela «conquista da liberdade, da democracia, por um projecto de desenvolvimento ao serviço do País e do povo, por uma sociedade nova e pela independência nacional deste País quase milenar». Após lembrar o papel destacado de Álvaro Cunhal na construção do Partido Comunista Português, a partir dos anos 40 do século XX, Jerónimo de Sousa acrescentou que nem o PCP seria o que é sem o contributo de Álvaro Cunhal nem ele teria sido o que foi sem o Partido.

O percurso de vida e de luta de Álvaro Cunhal, salientou o Secretário-geral do PCP, fez-se de «vitórias e derrotas, avanços e recuos, enfrentando inimigos terríveis e sem escrúpulos». Mas foi, sobretudo, um percurso de «alegrias e de confiança; de alegrias sentidas e partilhadas por quem está na luta e por quem luta; de confiança nos seus companheiros de jornada e de projecto; de confiança nos trabalhadores, na juventude, no nosso povo».

A terminar, Jerónimo de Sousa valorizou a vida «vivida de cabeça erguida, feita de verticalidade, inteireza de carácter, de coerência e coragem» que foi a de Álvaro Cunhal. Uma vida vivida em nome de um ideal que lhe deu sentido e que, garantiu, «continua a dar hoje sentido às nossas vidas».



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