Agravam-se os problemas em Lisboa

Política de terra queimada

«A cada dia que passa Portugal e os portugueses estão mais pobres. Em Lisboa nada é diferente, antes pelo contrário, maiores são os sinais de retrocesso social e humanitário», alertou, no dia 14, Carlos Santos Silva, eleito do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa.

O desemprego atinge valores dramáticos

No órgão autárquico onde foi eleito, Carlos Santos Silva lembrou que, em Lisboa, «o desemprego atinge valores dramáticos», «os rendimentos do trabalho continuam a descer devido aos roubos nos salários, em geral da função pública», «as reformas e pensões na cidade envelhecida sofreram e vão continuar a ser alvo de roubos descarados e inconstitucionais» e que «as prestações sociais públicas nunca foram tão vilipendiadas».

Na sua intervenção, o eleito do PCP salientou ainda que «na saúde, na educação e na segurança social a perda de direitos e a redução de oferta de serviços é catastrófica». «Na cidade de Lisboa todas as políticas negativas das troikas nacional e internacional têm efeitos agravados, como no caso da Lei das Rendas, do negócio dos transportes públicos, da electricidade e de outros bens públicos de uso dominante na cidade», acusou, frisando que estes são os «traços negativos mais flagrantes, resultado da acção do Governo PSD/CDS e do programa que estão a aplicar ao País e a Lisboa».

«Cinicamente e de forma sistemática tentam manipular a informação publicada, que dominam, apontando como positivos indicadores de classe a favor do capital quando tudo o que diz respeito ao povo piora. Dizem que tudo vai bem para os mercados, para o capital financeiro nacional e internacional, para os lucros, dividendos e rendas dos grandes consórcios, logo, todos os que vão empobrecendo devem ficar contentes», acrescentou, destacando que «a tomada de consciência da exploração a que somos sujeitos é inevitável e, mais cedo ou mais tarde, será dada pelo povo a devida resposta a este sistema político injusto, desigual e desumano».

Sobre o «governo» da cidade de Lisboa, que compara com o «governo nacional», o eleito do PCP referiu que «nada fez de relevante nos últimos anos, nem parece inclinado a fazer, neste início de mandato», sendo disso exemplo o agravamento das «dificuldades do comércio, dos micro e pequenos empresários, dos serviços e dos mercados de proximidade», assim como dos «problemas da habitação», um pouco por toda a cidade e em particular nos bairros populares e nos municipais.

Atentado aos interesses da cidade

Focando parte da sua intervenção nos problemas da habitação, Carlos Santo Silva acusou o actual executivo de ter abrido «ainda mais a porta à especulação imobiliária» e de ter entregue «a interesses particulares o desenvolvimento da cidade». «A Câmara Municipal, de maioria do PS, tem em curso um ataque nunca antes visto aos interesses da cidade e ao seu património histórico construído e cultural com as operações de loteamento da Colina de Santana e, nomeadamente, dos espaços dos actuais hospitais Miguel Bombarda, São José, Santo António dos Capuchos e Santa Marta», denunciou.

Outro «atentado aos interesses da cidade» é, segundo o eleito comunista, o acordo, anunciado por António Costa, presidente da Câmara Municipal, com a Bragaparques, um negócio que, até agora, todas as decisões dos tribunais consideraram ilegal e lesivo do interesse público. «A Bragaparques pode vir a embolsar largas dezenas de milhões de euros à custa do erário público, pela mão da maioria PS na Câmara e na Assembleia Municipal», criticou.

Atropelo aos direitos dos trabalhadores

As críticas do eleito do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa estenderam-se ainda à retirada do emprego e dos serviços públicos das zonas chave da cidade. «Lisboa é vítima de todos os atropelos e malfeitorias dos serviços centrais e do Governo, com a complacência e, não raras vezes, com a conivência do governo da cidade do PS e de António Costa», acusou Carlos Santos Silva, contrapondo: «Perante o agravar das condições de habitabilidade da cidade e o agravamento das desigualdades e injustiças entre os povos de Lisboa seria de esperar de um governo fiel à cidade e com mandato bastante para tal que assumisse com frontalidade uma política de defesa dos nossos interesses de lisboetas».

No entanto, o que se assistia, neste primeiro trimestre de governo do PS, foi a «uma metodologia de acção que atropela todos os tempos adequados à discussão e reflexão».

O exemplo mais paradigmático é a transferência de competências para as juntas de freguesia. «Partindo de uma agregação voluntarista de freguesias da cidade sem demonstração científica de vantagens ou de eficiência passamos à desagregação dos serviços camarários com a distribuição em fatias pelas freguesias e total atropelo aos direitos dos trabalhadores», condenou o eleito comunista.




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