Censura do povo fez-se ouvir no Parlamento

A única saída

Paula Santos foi di­recta ao as­sunto e acusou o pri­meiro-mi­nistro de in­sistir, não obs­tante a der­rota na rua e nas urnas, em ir mais longe na po­lí­tica de en­cer­ra­mento e pri­va­ti­zação de ser­viços pú­blicos, res­trição dos di­reitos so­ciais con­sa­grados na Cons­ti­tuição, des­qua­li­fi­cação dos ser­viços pú­blicos e des­pe­di­mento de tra­ba­lha­dores da ad­mi­nis­tração pú­blica.

E a questão que se impõe é a de saber com que le­gi­ti­mi­dade per­siste o Go­verno numa po­lí­tica de re­con­fi­gu­ração do Es­tado e des­truição das fun­ções so­ciais e dos ser­viços pú­blicos. Foi o que Paula Santos quis saber, antes de se in­ter­rogar também sobre o que con­fere le­gi­ti­mi­dade ao Go­verno para querer en­cerrar ser­viços e va­lên­cias nos hos­pi­tais e cen­tros de saúde e afastar os por­tu­gueses do acesso aos cui­dados de saúde.

«Com que le­gi­ti­mi­dade quer proibir os pro­fis­si­o­nais de saúde de re­la­tarem os pro­blemas com os quais se con­frontam no seu dia-a-dia, trans­ferir cada vez mais os custos com a saúde e edu­cação para os por­tu­gueses, en­cerrar mais 439 es­colas do pri­meiro ciclo, des­va­lo­rizar a rede de En­sino Su­pe­rior pú­blica, en­cerrar tri­bu­nais e re­par­ti­ções de fi­nanças de Norte a Sul?», ques­ti­onou.

E por não re­co­nhecer ao Go­verno qual­quer le­gi­ti­mi­dade para impor esta po­lí­tica, Paula Santos lem­brou que os por­tu­gueses foram muito claros ao re­cla­marem o «fim desta po­lí­tica e uma nova po­lí­tica que sirva os in­te­resses do povo e do País».

«A única saída digna é a saída do Go­verno e a con­vo­cação de elei­ções, con­cluiu a de­pu­tada do PCP, que instou Passos Co­elho a re­tirar con­sequên­cias da der­rota.

 



Mais artigos de: Assembleia da República

Censura do povo fez-se ouvir no Parlamento

Cen­su­rado na rua, cen­su­rado nas urnas, cen­su­rado ins­ti­tu­ci­o­nal­mente pela sua con­ti­nuada afronta à Cons­ti­tuição, o Go­verno não es­capou também à ini­ci­a­tiva do PCP de o cen­surar no Par­la­mento.

«É o Governo que põe em causa o futuro»

(...) São hoje mais e mais fortes os motivos para que seja considerada como a mais necessária e democrática solução para dar uma outra resposta aos graves problemas que o País enfrenta – a dissolução da Assembleia da...

Verdade e coerência

Em várias fases do debate foi notória a guerrilha entre PSD e PS, com o primeiro a tentar tirar partido das incoerências e ambiguidades do segundo. «Dirimam os conflitos, resolvam lá isso mas não perturbem a nossa moção de censura desviando-se do que é...

Vale tudo

A caricatura e distorção das posições do PCP, prática em que a maioria PSD/CDS-PP é useira e vezeira, perpassou de forma também muito vincada nas intervenções do primeiro-ministro. Este, aliás, certamente por sentir o terreno a fugir-lhe debaixo dos...

Guia de marcha

«Vão-se embora, parem de estragar a vida aos trabalhadores, aos reformados, ao povo português!». Assim traduziu o deputado comunista Francisco Lopes o clamor popular que tem ecoado pelo País, e que as eleições do dia 25 de Maio ampliaram de modo iniludível. Foi essa...

Falsificações

Uma «caracterização grotesca». Foi nestes termos que o deputado comunista António Filipe definiu a avaliação de Passos Coelho às propostas do PCP, acusando-o de «falsificação intencional». Estabelecendo o guião que serviria de mote...

Legitimidade perdida

A questão da perda de legitimidade do Governo e da maioria parlamentar que o sustém esteve presente em vários momentos do debate. Para o PCP não há qualquer dúvida de que este Governo é hoje um governo sem legitimidade social, política e eleitoral. E perante um...

«Comissão de negócios»

«Um Governo ao serviço dos bancos e dos monopólios, que usa o poder legislativo contra o povo e contra os trabalhadores, contra os jovens e idosos, contra a Constituição», assim caracterizou o deputado comunista Miguel Tiago o actual Executivo PSD/CDS-PP. Admitiu mesmo estar-se em...

A grande mentira

Perpetuar a política de empobrecimento é hoje a única perspectiva que o Governo tem para oferecer aos portugueses. É o «empobrecimento sem fim», chamou-lhe o deputado comunista Paulo Sá. A comprová-lo está o Documento de Estratégia Orçamental...

Mais impostos

Do debate ficou ainda a certeza de que o primeiro-ministro não descarta a possibilidade de um aumento de impostos. Desafiado pela deputada do PEV Heloísa Apolónia a esclarecer se admitia um aumento da taxa normal do IVA, em face de uma decisão desfavorável do Tribunal Constitucional...