A entrega da EMEF/Guifões à Refer é danosa

Trabalhadores contestam rumo de destruição

Uma con­cen­tração frente à sede da Metro do Porto de­nun­ciou a en­trega das ofi­cinas da EMEF de Gui­fões à Refer, que po­derá levar ao seu en­cer­ra­mento e ao des­pe­di­mento de 60 tra­ba­lha­dores.

Es­tra­tégia do Go­verno conduz à des­truição da em­presa

Largas de­zenas de tra­ba­lha­dores da Em­presa de Ma­nu­tenção de Equi­pa­mento Fer­ro­viário con­cen­traram-se na se­gunda-feira à tarde, dia 28, na Torre das Antas, no âm­bito de uma acção con­vo­cada pelo Sin­di­cato dos Fer­ro­viá­rios, a Fec­trans e a Co­missão de Tra­ba­lha­dores (CT) da EMEF em pro­testo contra a en­trega das ofi­cinas de Gui­fões à Refer, uma me­dida avan­çada pelo se­cre­tário de Es­tado dos Trans­portes que, para além de ame­açar os postos de tra­balho, con­du­zirá ao es­va­zi­a­mento das fun­ções de­sem­pe­nhadas pela EMEF/​Gui­fões e criará as con­di­ções para que o ser­viço de ma­nu­tenção da frota do Metro do Porto seja en­tregue a em­presas pri­vadas.
Na mo­bi­li­zação, as faixas que al­guns dos tra­ba­lha­dores se­gu­ravam dei­xavam pa­tentes as pre­o­cu­pa­ções e rei­vin­di­ca­ções quanto ao fu­turo da em­presa: «Não à pri­va­ti­zação da EMEF. Não ao fecho das ofi­cinas. Não à re­dução de tra­ba­lha­dores» e «Fer­ro­viá­rios em luta pelo em­prego, sa­lá­rios e di­reitos».
Em de­cla­ra­ções à Lusa, José Ma­nuel Silva, da Fec­trans, chamou a atenção para a qua­li­dade do tra­balho da em­presa na ma­nu­tenção do ma­te­rial cir­cu­lante do Porto e afirmou que aquilo que se está a passar em Gui­fões é a «peça de um puzzle mais amplo, que pode levar a que a EMEF seja re­du­zida através de par­ce­rias com em­presas es­tran­geiras».
En­tre­tanto, os re­pre­sen­tantes dos tra­ba­lha­dores aguardam pela mar­cação de uma reu­nião com o se­cre­tário de Es­tado dos Trans­portes, so­li­ci­tada há mais de uma se­mana, para dis­cutir a si­tu­ação da EMEF/​Gui­fões. No dia 24, face à au­sência de res­posta do re­pre­sen­tante da tu­tela e tendo em conta que a ad­mi­nis­tração da em­presa agendou uma reu­nião para 19 de Agosto, mem­bros do Sin­di­cato dos Fer­ro­viá­rios e da CT che­garam a en­trar no Mi­nis­tério da Eco­nomia, para ver se davam an­da­mento ao en­contro.

Nesse mesmo dia, a Fec­trans, o Sin­di­cato dos Fer­ro­viá­rios e a CT da EMEF emi­tiram um ma­ni­festo con­junto em de­fesa da EMEF, no qual acusam o Go­verno de, ao «or­denar a saída da EMEF das ofi­cinas de Gui­fões», se estar a sub­meter aos in­te­resses dos grandes grupos mo­no­po­listas eu­ro­peus, con­tri­buindo para a des­truição do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal, e, dessa forma, estar a pra­ticar crimes contra o povo por­tu­guês e a eco­nomia na­ci­onal. Acusam também o Go­verno de ter im­posto à EMEF uma «ori­en­tação sui­cida», «um ca­minho fri­a­mente cal­cu­lado» para levar a em­presa à des­truição, fruto do qual hoje en­frenta di­fi­cul­dades no plano ope­ra­ci­onal, su­ces­sivas re­du­ções de tra­ba­lha­dores e o de­sa­pa­re­ci­mento de inú­meras va­lên­cias téc­nicas, o que tem como res­posta a sub­con­cessão dos ser­viços a es­tran­geiros.

«O pro­jecto em curso é trans­pa­rente: pul­ve­rizar a EMEF, abrindo es­paço às mul­ti­na­ci­o­nais que pa­ra­sitam o sector e às pe­quenas ne­go­ci­atas de que se ali­mentam as cli­en­telas po­lí­ticas dos su­ces­sivos go­vernos». É o «pro­jecto deste Go­verno e da troika co­lo­ni­a­lista que o co­manda», afirmam.




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