Sobre a escolha de Carlos Moedas para a Ciência

Carrasco nomeado coveiro

Os deputados do PCP no PE consideram que a escolha de Carlos Moedas para a pasta da Ciência reflecte a postura de subordinação nacional aos interesses das potências da UE.

Carlos Moedas é um dos rostos da ofensiva à ciência

Em comunicado de imprensa, divulgado dia 10, os deputados do PCP no Parlamento Europeu consideram que «a composição da nova Comissão Europeia, bem como as nomeações do Presidente do Conselho Europeu e da Alta Representante, são mais uma prova da insistência num rumo caracterizado por ataques e retrocessos sociais sem paralelo no pós II Guerra, por um processo cada vez mais vincado de concentração e centralização de poder económico e político nas grandes multinacionais e no directório de potências comandado pela Alemanha, e pela imposição de relações de tipo colonial no seio da UE. Tal insistência só levará à intensificação da crise económica e social e ao aprofundamento das contradições do processo de integração.»

Sobre a escolha de Carlos Moedas para Comissário Europeu para a Ciência, Investigação e Inovação, os deputados comunistas lembram que esta foi «uma das áreas mais massacradas pelo Governo», notando ainda que o nomeado não é conhecido por qualquer «pensamento ou trabalho específico anterior» nesta área.

O texto chama ainda a atenção para o facto de que a Ciência, Investigação e Inovação constitui uma das áreas em que se agrava crescentemente «o chamado fosso científico e tecnológico no seio da União Europeia. Países como Portugal continuam a comprimir o investimento nestas áreas e a verem reduzida a fatia do orçamento da UE de onde saía, até agora, a maioria dos recursos afectos à CT&I: os fundos estruturais e de coesão».

Ao mesmo tempo, prossegue a nota, «aumentou significativamente a dotação do Programa-Quadro de Investigação, o Horizonte 2020 – um programa que serve sobretudo os interesses das grandes potências e de algumas das suas grandes empresas e unidades de investigação, que absorvem o grosso dos recursos, e do qual Portugal é hoje contribuinte líquido, não conseguindo absorver sequer as verbas com que contribui».

Neste quadro, na visão do PCP, impunha-se afrontar «os interesses das grandes potências e dos grandes grupos económicos».

Submissão nacional

Ao contrário, «a escolha do novo Comissário vem antes dar continuidade à postura de subordinação aos interesses do directório de potências da UE».

Os deputados recordam que Carlos Moedas fez parte de um governo que decretou «a asfixia financeira e material das Universidades (cujo corte de financiamento ascende a 14 milhões de euros) e Laboratórios do Estado».

Também sob a vigência do actual Governo foram encerrados «mais de uma centena de centros de investigação debilitando ainda mais o já fragilizado sistema científico e tecnológico nacional».

O corte total do financiamento público atingiu «71 centros de investigação até 2020», enquanto «83 centros vão receber apenas entre cinco mil a 40 mil euros anuais, o que não dá sequer para pagar os gastos correntes».

No cadastro deste Governo, onde Carlos Moedas foi até há pouco secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, está ainda a «diminuição significativa do número de bolsas de formação avançada de recursos humanos (nomeadamente de doutoramento e pós-doutoramento)» e «uma política de destruição de emprego e tecido produtivo que empurrou muitos cientistas, investigadores e outros quadros para a emigração».

Os deputados do PCP salientam que «ao invés da nomeação de um Comissário Europeu que é um dos rostos de um Governo isolado social e politicamente, um Governo já derrotado pela luta do povo português e que só se mantém em funções pelo apoio de que goza por parte do Presidente da República, o que se impõe neste momento é uma ruptura e a abertura de um rumo alternativo. Uma ruptura com a política de direita e com o rumo da integração europeia e o início de um rumo assente numa política patriótica e de esquerda».




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