Iniciativa, luta, confiança

Francisco Lopes (Membro da Comissão Política do PCP)

Este início de ano tem sido fértil na acção dos centros de decisão do grande capital, dos seus propagandistas e representantes políticos, para iludir a realidade do País provocada por 38 anos de política de direita e agravada coaplicado pelo actual Govm os PEC dos governos PS e o pacto de agressão com a troika assinado por PS, PSD e CDS-PP e erno.

A alternativa exige a mobilização dos trabalhadores e do povo

Um dos comentadores e propagandistas ao serviço do grande capital foi ao ponto de afirmar recentemente, com toda a desfaçatez, que é necessário defender as conquistas da troika, isto é, que é necessário consolidar e aprofundar a exploração, o empobrecimento, as injustiças e desigualdades sociais, o desastre nacional. É uma voz mais desabrida do sentimento mais geral dos que assaltaram o poder e friamente põem em causa os interesses dos trabalhadores e do povo e destroem o País.

A sua obra está à vista, as suas conquistas são a destruição da produção e das estruturas económicas, o desemprego, a emigração forçada, a exploração agravada, os salários e as reformas cortados, a precariedade generalizada, os direitos postos em causa. As suas conquistas são a devastação das funções sociais do Estado e dos serviços públicos, com a destruição e privatização de serviços, o despedimento de milhares de trabalhadores, a degradação da escola pública, o ataque à Segurança Social, o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde. O ataque ao SNS é particularmente preocupante, com expressões como a incerteza quanto ao socorro e à assistência médica, os centros de saúde encerrados, as horas de espera à chuva e ao frio para uma consulta, a ruptura das urgências, o risco da condenação a uma morte antecipada.

As suas conquistas são a pobreza e a miséria, as situações de carência e fome, os apoios eliminados à maioria dos desempregados, os apoios aos idosos reduzidos, o abono de família e os apoios às crianças e jovens cortados, ao mesmo tempo que os responsáveis por este retrocesso civilizacional se vangloriam da abertura de mais e mais centros da sopa dos pobres lembrando os tempos de um passado que já não se imaginava poder regressar.

As suas conquistas são um desinvestimento que degrada e põe em causa infra-estruturas fundamentais, criando enormes riscos já à vista e com forte incidência futura. As suas conquistas são a entrega e eliminação de empresas e sectores estratégicos como a Cimpor, a PT, a que querem acrescentar a TAP. Como se não bastasse já não termos uma marinha mercante nacional, agem agora para deixarmos de ter transportadora aérea nacional. As suas conquistas são o nepotismo e a corrupção, o assalto a tudo o que é público para engordar os lucros do grande capital e o saque dos recursos nacionais.

Está assim à vista nas conquistas que proclamam, não apenas o rasto que deixam mas também o projecto que querem continuar e perpetuar.

Há alternativa

Os dias que correm fazem emergir, ainda com mais força, a necessidade da ruptura com a política de direita e da concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda, vinculada aos valores de Abril. A situação coloca essa exigência. Com a força dos trabalhadores e do povo, com a sua luta de todos os dias e com o seu voto, abre-se o caminho de um Portugal com futuro.

A intensa luta dos trabalhadores e do povo português isolou o Governo e a sua política, derrotou já alguns dos seus objectivos, obrigou-o a recuos, permitiu avanços reivindicativos. A luta foi essencial para que centenas de milhares de reformados deixem de ter o corte da CES, para que os trabalhadores da administração pública passem a receber uma parte dos salários cortados, para que os trabalhadores do sector privado passem a receber o pagamento total previsto na contratação colectiva, sem cortes, das horas extraordinárias, do trabalho em dia de descanso semanal e em dia feriado, para que os trabalhadores da Administração Local, um ano e meio depois de o Governo querer impor o aumento do horário de trabalho, continuem com o horário das 35 horas semanais ou tenham mesmo conseguido repô-lo.

É o princípio. Com a sua luta, os trabalhadores e o povo podem recuperar direitos roubados, concretizar avanços reivindicativos e derrotar o Governo e a política de direita.

Quando tantos, como o PS, querem iludir com uma roupagem de esquerda o seu objectivo de prosseguir a política de direita, o PCP aponta soluções para o País, aponta o caminho da alternativa que exige o seu reforço, a convergência dos democratas e patriotas e a mobilização da imensa força dos trabalhadores e do povo português.

A hora é de iniciativa, luta e confiança. Há soluções para o País, patrióticas e de esquerda, com os valores de Abril, para um Portugal com futuro.

 



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