País injusto e desigual
A taxa de risco da pobreza não tem parado de subir e atingiu em 2013 os 19,5 por cento, indicam os dados do INE relativos ao inquérito às condições de vida e rendimentos dos portugueses. Este é o valor mais alto desde que estes inquéritos são realizados, significando que em 2013 cerca de dois milhões de portugueses estavam em situação de pobreza. Mas o retrato exacto é bem mais grave se se tiver em conta a linha de redução generalizada dos rendimentos dos portugueses, como observa o próprio INE. Corrigido esse efeito, assinalou Jorge Machado, concluiu-se então que em risco de pobreza está 25,9 por cento da população, ou seja cerca de dois milhões e 700 mil portugueses.
A leitura dos dados mostra ainda que, em apenas três anos, foram atirados para a pobreza pelo Governo do PSD e do CDS-PP mais de 629 mil pessoas. Mas se a este triénio se juntar o ano de 2010, da responsabilidade do PS, eleva-se a 808 mil o número de portugueses remetidos para a pobreza em consequência dos «PEC e das troikas nacional e estrangeira», acrescentou o deputado do PCP.
Sintomática é ainda a circunstância, referenciada aliás pelo INE, de 40,5 por cento dos desempregados estarem em risco de pobreza e de 10,7 por cento dos trabalhadores, mesmo trabalhando, serem pobres.
Particularmente graves são os dados de risco da pobreza entre as crianças e os jovens – uns «alarmantes» 25,6 por cento, nas palavras de Jorge Machado – e da pobreza entre as mulheres, que disparou.
Os dados do INE referentes a 2013 revelam ainda uma acentuação do fosso entre os mais ricos e os mais pobres, com os 10 por cento mais ricos a ganharem 11,1 vezes mais do que os 10 por cento mais pobres, quando esta diferença era de 10,7 vezes mais em 2012 e de 9,4 vezes mais em 2010.
Não há por conseguinte a menor dúvida de que se agrava a injusta repartição da riqueza e de que o nosso País é «cada vez mais injusto e desigual», salientou Jorge Machado, que a este propósito deixou ainda um outro dado não menos chocante: 50 por cento da riqueza nacional está hoje nas mãos de apenas cinco por cento da população.