O desenvolvimento tecnológico deve servir os trabalhadores

DEBATE O PCP promoveu em Lisboa no dia 4, terça-feira, a sessão pública «Capitalismo, Soberania, Desenvolvimento Tecnológico: novas e velhas questões», no qual participou Jerónimo de Sousa.

Há que colocar os frutos do desenvolvimento ao serviço da maioria

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O tema que esteve em debate na sessão promovida pelo PCP, na qual participaram dirigentes do Partido, sindicalistas e especialistas de diversas áreas, é um dos mais profusamente abordados em artigos, estudos e debates televisivos: o do desenvolvimento tecnológico e suas consequências económicas, sociais e políticas. O ponto de vista com que a questão é apresentada é, invariavelmente, o do capitalismo.

Jerónimo de Sousa começou precisamente a sua intervenção, com a qual se encerrou o debate, pela constatação de que o assunto tem servido para o combate ideológico que, a pretexto da chamada «revolução tecnológica digital e da robótica e sobre o futuro do trabalho, os centros do grande capital desenvolvem, com o objectivo de garantir o seu domínio sobre os processos económicos e sociais e assegurar os seus interesses». Com a iniciativa, que aprofundou uma reflexão que está longe de ser nova para os comunistas portugueses, o PCP deu também um contributo para que os trabalhadores partam mais munidos para esta tão intensa batalha ideológica.

Num discurso em que salientou o que de mais importante tinha sido dito anteriormente pelos restantes oradores da tarde, o Secretário-geral do PCP reconheceu a necessidade de prosseguir e alargar o debate sobre esta temática, pois ela exige «novos aprofundamentos», quer pela sua complexidade quer pelos seus impactos no mundo do trabalho e na vida dos trabalhadores.

Traçando um panorama do desenvolvimento do capitalismo nos últimos anos e da evolução nacional, Jerónimo de Sousa realçou que as teorizações que apresentavam a globalização capitalista e os seus processos de liberalização de mercados e livre circulação de capitais eram «fantasiosas». Na realidade, estes processos, conduzidos pelas grandes corporações transnacionais, não só não são a solução para os problemas da humanidade como se mostram incapazes de garantir essa mesma solução.

Capitalismo é explorador

Detendo-se com pormenor na análise do capitalismo na sua fase actual, o Secretário-geral do Partido referiu-se ao aprofundamento da sua crise estrutural e ao agravamento dos seus traços mais negativos e da «extraordinária concentração e centralização do capital». Actualmente, lembrou, 1500 grandes empresas multinacionais controlam mais de 60 por cento da economia mundial.

Outro traço do capitalismo contemporâneo, decorrente dos anteriores, é a «concentração crescente do poder em instâncias supranacionais dominadas pelas principais potências», que procuram condicionar o desenvolvimento geral e de cada um dos países. São ainda traço característicos do capitalismo salientados por Jerónimo de Sousa a brutal ofensiva para agravar a exploração, o desemprego, a precariedade, as desigualdades e a pobreza.

Tanto o Secretário-geral como outros oradores destacaram a incapacidade da classe dominante para encontrar soluções para a persistente estagnação ou para o crescimento anémico, incluindo nos países que são o coração do sistema, apesar de todos os instrumentos e recursos que são canalizados. Nos países periféricos, dependentes e vulneráveis, como Portugal, as dificuldades são ainda maiores e exigem a recuperação dos instrumentos políticos e económicos que se revelem indispensáveis ao seu desenvolvimento soberano.

Desenvolvimento para quem?

No debate foi ainda sublinhado facto de os avanços tecnológicos estarem a ser usados como pretexto para impor uma ainda maior exploração da força de trabalho e o empobrecimento geral, justificados com a competitividade, a concorrência, a globalização ou a internacionalização.

Rejeitando as teses em voga acerca de uma futura sociedade «sem trabalho», o Secretário-geral do PCP alertou para o facto de, no capitalismo, os frutos do desenvolvimento tecnológico serem sempre «objecto de uma intensa e inevitável luta que o capital, com os seus recursos, tem travado com vantagem e que exige acção e solidariedade dos trabalhadores». O que se impõe, acrescentou, é não apenas reverter a situação como impedir que se «multiplique o saque que coloca todas as vantagens do desenvolvimento tecnológico do lado da minoria possuidora dos meios de produção»

O avanço das forças produtivas, garantiu Jerónimo de Sousa, é «altamente desejável», pelas vantagens potenciais que comporta para os trabalhadores e os povos, mas para que estas se concretizem ele tem que ser acompanhado pelo progresso social. E este só a luta de classes está em condições de assegurar.

 



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