Educação é factor de emancipação humana e desenvolvimento social

A Casa Mu­ni­cipal da Cul­tura de Coimbra aco­lheu, no dia 25, a sessão sobre «Edu­cação e En­sino para o de­sen­vol­vi­mento e Pro­gresso So­cial», que contou com a par­ti­ci­pação de Ma­nuel Pires da Rocha, pro­fessor, Mário No­gueira, Se­cre­tário-geral da Fen­prof, e Jorge Pires, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral do PCP.

Ao longo do de­bate, que partiu da ex­pe­ri­ência da Re­vo­lução de Ou­tubro, foram abor­dadas as suas con­quistas e re­a­li­za­ções nos campos da edu­cação e do en­sino e o seu im­pacto in­ter­na­ci­onal, mas também o con­teúdo e con­sequên­cias das po­lí­ticas ne­o­li­be­rais pra­ti­cadas no nosso País neste sector. In­sistiu-se igual­mente na im­por­tância da for­mação in­te­gral vi­sando uma in­ter­venção cons­ci­ente na vida po­lí­tica, eco­nó­mica, so­cial e cul­tural.

Das in­ter­ven­ções ini­ciais res­saltou a afir­mação da edu­cação como opção es­tra­té­gica de­fi­nida por Lé­nine e o seu papel de­ter­mi­nante no de­sen­vol­vi­mento e con­so­li­dação dos avanços da Re­vo­lução. Deste pa­tri­mónio de re­flexão e prá­tica des­taca-se o papel do Es­tado re­la­ti­va­mente à edu­cação, o com­bate à ideia de uma es­cola «apo­lí­tica», o en­tre­la­ça­mento da edu­cação com as con­di­ções ma­te­riais da so­ci­e­dade, a im­por­tância da pe­da­gogia e dos con­teúdos das apren­di­za­gens, a li­gação da es­cola à vida, a de­fesa de uma es­cola laica, a gra­tui­ti­dade do en­sino e a li­gação deste ao tra­balho so­ci­al­mente pro­du­tivo e o com­bate à velha es­cola que des­ti­nava aos cam­po­neses e ope­rá­rios apenas a pre­pa­ração para o tra­balho.

Uma re­flexão ac­tual

Ac­tu­al­mente, em países ca­pi­ta­listas, como Por­tugal, os povos en­frentam a des­res­pon­sa­bi­li­zação do Es­tado, o fi­nan­ci­a­mento pú­blico do en­sino pri­vado, a su­bal­ter­ni­zação de cri­té­rios pe­da­gó­gicos em prol de ou­tros, eco­no­mi­cistas e eli­tistas. Tal como foi su­bli­nhado, a cres­cente mer­can­ti­li­zação da edu­cação, não se des­li­gando de uma ofen­siva mais global di­ri­gida às fun­ções so­ciais do Es­tado, é um pilar es­sen­cial da ma­nu­tenção da con­dição do ca­pital, des­mon­tando por si só a de­ma­gogia em torno de ideias como a es­cola «neutra» ou o «fim das ide­o­lo­gias».

Ana­li­sando todas essas me­didas, que vão do des­pe­di­mento de pro­fes­sores às ten­ta­tivas de mu­ni­ci­pa­li­zação e aos en­traves a uma gestão de­mo­crá­tica, im­porta saber, por exemplo, como é que o ca­pital usa a es­cola e a edu­cação para manter o status quo da di­visão entre pro­pri­e­tá­rios dos meios de pro­dução e os que apenas pos­suem a sua força de tra­balho e como é que os recém-li­cen­ci­ados es­tarão aptos a re­pro­duzir o modo de pro­dução do­mi­nante.

Di­reito de todos

Neste quadro, ganha força acres­cida o con­teúdo do Pro­grama do PCP, que de­fine o di­reito à edu­cação e ao en­sino, à cul­tura e ao des­porto, como o di­reito de todos e cada um ao co­nhe­ci­mento e à cri­a­ti­vi­dade, ao pleno e har­mo­nioso de­sen­vol­vi­mento das suas po­ten­ci­a­li­dades, ca­pa­ci­dades e vo­ca­ções. Para ser as­se­gu­rado na prá­tica, este di­reito impõe a con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica que as­suma a edu­cação, a ci­ência e a cul­tura como vec­tores es­tra­té­gicos para o de­sen­vol­vi­mento in­te­grado do País, atenda à cul­tura hu­ma­nista e ci­en­tí­fico-téc­nica, à ino­vação e à cri­ação, aos va­lores cí­vicos e hu­manos e as­se­gure um en­sino da mais alta qua­li­dade para todos.

Só assim, su­bli­nhou-se no de­bate, o en­sino será efec­ti­va­mente um factor de ele­vação do nível cul­tural da po­pu­lação, da for­mação in­te­gral do ser hu­mano e de afir­mação de uma ci­da­dania plena e cri­a­dora numa so­ci­e­dade de­mo­crá­tica.

No pe­ríodo aberto ao de­bate da as­sis­tência, sur­giram vá­rias ques­tões que per­mi­tiram de­sen­volver al­gumas das ideias abor­dadas ini­ci­al­mente, com des­taque para o apro­fun­da­mento do co­nhe­ci­mento acerca do sis­tema edu­ca­tivo so­vié­tico e os avanços al­can­çados com a Re­vo­lução de Abril.




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