Movimento da Paz dá resposta combativa à agressividade da NATO

PAZ Na se­mana pas­sada, o mo­vi­mento da paz  pro­moveu di­versas ini­ci­a­tivas em de­fesa da paz e contra a NATO e os ob­jec­tivos da sua ci­meira de Bru­xelas. Em Lisboa e no Porto houve des­files
e con­cen­tra­ções.

O mo­vi­mento da paz de­nuncia a na­tu­reza e ob­jec­tivos da NATO

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Em Lisboa, no dia 24, e no Porto, no dia se­guinte, a de­fesa da paz e o re­púdio pela NATO e o que ela re­pre­senta de efec­tivo risco para a se­gu­rança in­ter­na­ci­onal fez-se ouvir nas     duas ini­ci­a­tivas pú­blicas. Ao fazê-lo, os par­ti­ci­pantes em ambas as ac­ções exi­giram – clara e ex­pres­sa­mente – o cum­pri­mento dos prin­cí­pios es­ti­pu­lados no se­gundo ponto do ar­tigo 7.º da Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, e par­ti­cu­lar­mente da «dis­so­lução dos blocos po­lí­tico-mi­li­tares e o es­ta­be­le­ci­mento de um sis­tema de se­gu­rança co­lec­tiva, com vista à cri­ação de uma ordem in­ter­na­ci­onal capaz de as­se­gurar a paz e a jus­tiça nas re­la­ções entre os povos».
Tal como em anos an­te­ri­ores – na con­tes­tação, em 2015, à re­a­li­zação de exer­cí­cios mi­li­tares de grande en­ver­ga­dura em ter­ri­tório na­ci­onal e en­vol­vendo forças mi­li­tares por­tu­guesas e, no ano pas­sado, aos pro­pó­sitos da ci­meira de Var­sóvia – o lema «Sim à Paz! Não à NATO!» deu uma vez mais o mote às ini­ci­a­tivas con­vo­cadas por uma pla­ta­forma de mo­vi­mentos, entre os quais constam o CPPC, a CGTP-IN e ou­tras es­tru­turas sin­di­cais, o MDM, o MPPM, o MURPI e or­ga­ni­za­ções ju­venis e es­tu­dantis.
No ma­ni­festo que cons­ti­tuiu a pla­ta­forma de uni­dade entre as or­ga­ni­za­ções e de apelo a ambas as ini­ci­a­tivas, a NATO é apre­sen­tada como um «ins­tru­mento de agressão e de guerra e a prin­cipal ameaça à paz na Eu­ropa e no mundo». O his­to­rial de agres­sões contra es­tados so­be­ranos, so­bre­tudo nos úl­timos anos; o alar­ga­mento até às fron­teiras da Fe­de­ração Russa e a ins­ta­lação, aí, de im­por­tantes con­tin­gentes e bases mi­li­tares e sis­temas ofen­sivos de mís­seis; o peso de­ter­mi­nante que as­sume nas des­pesas mi­li­tares mun­diais (mais de me­tade do total); e o sen­tido aber­ta­mente ofen­sivo do seu Con­ceito Es­tra­té­gico, dão razão aos que com­batem a NATO e exigem a sua dis­so­lução.
Por mais graves que sejam os riscos ine­rentes à ac­tual si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, na qual a acção be­li­cista da NATO «ali­menta uma es­ca­lada de ten­sões, de­ses­ta­bi­li­zação e agressão que en­cerra a ameaça real de uma guerra ge­ne­ra­li­zada», como se pode ler no ma­ni­festo (pro­fu­sa­mente dis­tri­buído em vá­rias ci­dades do País por esses dias), os que saíram às ruas de Lisboa e do Porto – e muitos ou­tros – sabem que a guerra não é ine­vi­tável e que cabe aos povos, cons­ci­entes e unidos, travar-lhe o passo.

«Saúde e edu­cação! NATO Não!»
 
No des­file de Lisboa e na con­cen­tração do Porto foram muitas as pa­la­vras de ordem en­to­adas e as exi­gên­cias a que davam corpo: a dis­so­lução da NATO, desde logo; o fim às armas nu­cle­ares e de des­truição mas­siva através do de­sar­ma­mento geral, si­mul­tâneo e con­tro­lado; o en­cer­ra­mento de todas as bases e ins­ta­la­ções mi­li­tares em ter­ri­tório es­tran­geiro; e a ca­na­li­zação do que hoje se gasta na guerra para sec­tores vi­tais, como a saúde, a edu­cação ou a pro­tecção so­cial.
Esta úl­tima rei­vin­di­cação tem, neste caso, uma par­ti­cular ac- tu­a­li­dade, pois em cima da mesa na ci­meira de Bru­xelas es­teve o au­mento das des­pesas mi­li­tares por parte dos mem­bros eu­ro­peus da NATO para um valor a rondar os dois por cento do res­pec­tivo PIB. Os EUA, que res­pondem hoje, so­zi­nhos, por mais de um terço das des­pesas mi­li­tares mun­diais, vêm desde há largos anos a in­sistir nesta questão, re­a­fir­mada com par­ti­cular ve­e­mência nesta ci­meira por Do­nald Trump. A in­ten­si­fi­cação do já aper­tado cerco mi­litar à Fe­de­ração Russa foi outro dos pontos cen­trais da agenda, tal como o «ter­ro­rismo» e as «mi­gra­ções».
Em Lisboa, no palco ins­ta­lado no início da Rua do Carmo, mesmo à en­trada do Rossio, e no Porto, em plena Rua de Santa Ca­ta­rina, os pro­mo­tores das ini­ci­a­tivas deram voz às de­nún­cias e rei­vin­di­ca­ções dos pre­sentes e das vá­rias or­ga­ni­za­ções. Nas suas in­ter­ven­ções, os re­pre­sen­tantes da União de Sin­di­catos de Lisboa/​CGTP-IN, do Mo­vi­mento De­mo­crá­tico de Mu­lheres, da As­so­ci­ação «Pro­jecto Ruído» e do Con­selho Por­tu­guês para a Paz e Co­o­pe­ração, em Lisboa, e, no Porto, do CPPC, do MDM e da União dos Sin­di­catos do Porto, des­mon­taram o dis­curso que apre­senta a NATO como uma or­ga­ni­zação es­sen­cial à sal­va­guarda da paz e da se­gu­rança e de­nun­ci­aram as suas    reais mo­ti­va­ções be­li­cistas e agres­sivas.
Em ambas as ac­ções, a pre­si­dente do CPPC, Ilda Fi­guei­redo, alertou para o novo «salto be­li­cista» da NATO, que lem­brou ser a prin­cipal res­pon­sável pelas agres­sões à Ju­gos­lávia, ao Iraque, ao Afe­ga­nistão, à Líbia ou à Síria». Ne­nhum destes países está me­lhor após as guerras da NATO, cons­tatou. Con­si­de­rando «enormes» as ac­tuais ame­aças à paz, Ilda Fi­guei­redo acusou os que «dizem com­bater o ter­ro­rismo» e que, afinal, «são os mesmos que pros­se­guem a cor­rida aos ar­ma­mentos e fazem crescer o ne­gócio flo­res­cente das armas». Dias antes, lem­brou, os EUA con­cluíram um ne­gócio de ar­ma­mento no valor de 110 mil mi­lhões de euros com a Arábia Sau­dita, um dos países «res­pon­sá­veis pelo apoio aos que fazem pro­li­ferar o ter­ro­rismo, de­sig­na­da­mente no Médio Ori­ente».

«NATO é agressão!
Dis­so­lução é so­lução!»


Ao mesmo tempo que em Lisboa, no dia 24, se descia o Chiado até ao Rossio ao som de «NATO é agressão! Dis­so­lução é so­lução!», na ca­pital da Bél­gica uma ma­ni­fes­tação pro­mo­vida por múl­ti­plos e di­ver­si­fi­cados mo­vi­mentos so­ciais re­pu­diava a pre­sença no país do pre­si­dente dos Es­tados Unidos, Do­nald Trump. Entre os par­ti­ci­pantes foram muitos os que trou­xeram para pri­meiro plano a de­fesa da paz e a exi­gência do des­man­te­la­mento da NATO, en­quanto que ou­tros as­su­miam causas não menos im­por­tantes e de­ci­sivas como a afir­mação e sal­va­guarda de di­reitos la­bo­rais e so­ciais e a exi­gência de pro­fundas trans­for­ma­ções eco­nó­micas e so­ciais.
Nessa ma­ni­fes­tação, tal como na ini­ci­a­tiva pro­mo­vida na vés­pera pela or­ga­ni­zação belga Intal e na con­fe­rência re­a­li­zada no pró­prio dia 24 pelo Con­selho Mun­dial da Paz (do qual aquela é membro), o mo­vi­mento da paz por­tu­guês es­teve pre­sente com uma de­le­gação. In­ter­vindo em ambas as ac­ções, He­lena Cas­queiro, da pre­si­dência do CPPC, su­bli­nhou a ne­ces­si­dade de, em cada país e à es­cala in­ter­na­ci­onal, cons­truir po­de­rosos e am­plos mo­vi­mentos da paz que levem mais longe a acção contra o im­pe­ri­a­lismo e a guerra, pela dis­so­lução da NATO e contra a mi­li­ta­ri­zação da União Eu­ro­peia e em so­li­da­ri­e­dade com os povos ví­timas da opressão e agressão.
Se a ci­meira de Bru­xelas re­pre­sentou um novo salto em frente na agres­si­vi­dade da NATO, as ac­ções re­a­li­zadas em Por­tugal, na Bél­gica e um pouco por toda a Eu­ropa con­tri­buíram para alargar o campo dos que de­fendem a paz, a so­be­rania e o pro­gresso so­cial.




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