Entrevista a Carlos Almeida, vereador e cabeça-de-lista à Câmara Municipal de Braga

Braga precisa de romper com este modelo errado

TRANS­FORMAR Nas elei­ções de 1 de Ou­tubro, a CDU tem como ob­jec­tivo acabar com a mai­oria ab­so­luta de di­reita (PSD/​CDS/​PPM) e eleger um se­gundo ve­re­ador na Câ­mara Mu­ni­cipal de Braga.

Para a CDU é im­pe­ra­tiva a de­fi­nição de um pro­jecto di­fe­rente

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A Câ­mara de Braga foi go­ver­nada pelo PS, com o mesmo pre­si­dente da Câ­mara, até às úl­timas elei­ções au­tár­quicas, em 2013. Este man­dato inau­gurou a go­ver­nação da co­li­gação de di­reita (PSD/​CDS/​PPM) no mu­ni­cípio. Que ba­lanço se pode fazer desta al­te­ração?

A CDU nunca ab­dicou de cri­ticar a gestão mu­ni­cipal do PS sempre que en­tendeu que esta não servia os in­te­resses das po­pu­la­ções – e foram muitos os casos e as si­tu­a­ções – e, ao longo desses longos 37 anos, ti­vemos uma pos­tura atenta e uma in­ter­venção per­ma­nente sobre a po­lí­tica local, de­nun­ci­ando os erros e as op­ções de­sas­trosas a que o PS con­denou o con­celho em va­ri­adas ma­té­rias.

No en­tanto, nunca criámos ilu­sões sobre as pro­messas de mu­dança pro­pa­gadas pela co­li­gação PSD/​CDS/​PPM. Sempre dis­semos, muitas vezes iso­lados, que o que es­tava em jogo nas elei­ções de 2013 não era uma dança de ca­deiras, mas uma efec­tiva mu­dança de po­lí­ticas.

Não fomos dos que, le­gi­ti­ma­mente can­sados e des­gas­tados da go­ver­nação do PS, não olharam a meios para im­pedir a sua con­ti­nui­dade, mesmo que isso sig­ni­fi­casse a aber­tura de ca­minho para a di­reita chegar ao poder.

Acu­sámos, e man­temos essa ideia, que não vale a pena trocar de pro­ta­go­nistas se as po­lí­ticas de fundo se mantêm. E, por isso, con­ti­nu­amos a afirmar que Braga pre­cisa de uma rup­tura com um mo­delo de gestão que se per­petua, seja pela mão do PS, seja pela da co­li­gação de di­reita.

Braga não pode con­ti­nuar en­tregue aos in­te­resses de al­guns grupos pri­vados, de­pen­dente das suas von­tades, refém das suas mar­gens de lucro.

 

A CDU, nas mesmas elei­ções, re­e­legeu um ve­re­ador na Câ­mara. Isto não acon­tecia há dois man­datos. O que sig­ni­ficou voltar a ter pre­sença no exe­cu­tivo?

A eleição de um ve­re­ador em 2013 sig­ni­ficou, desde logo, uma vi­tória po­lí­tica muito im­por­tante para a CDU pelo que re­pre­sentou o seu cres­ci­mento elei­toral e o au­mento da sua in­fluência junto da po­pu­lação. Ade­mais, na­tu­ral­mente, teve um sig­ni­fi­cado muito mais amplo, na me­dida em que con­cre­tizou o re­gresso de uma voz in­dis­pen­sável ao exe­cu­tivo mu­ni­cipal, que se afirma pelo tra­balho e co­nhe­ci­mento dos pro­blemas, mas também pela ini­ci­a­tiva e pro­posta.

Não é de es­tra­nhar que hoje em Braga seja re­co­nhe­cido até pelos ad­ver­sá­rios po­lí­ticos que a CDU se dis­tin­guiu du­rante o man­dato pela in­tensa ac­ti­vi­dade po­lí­tica re­a­li­zada. E nós não de­vemos ter pejo em di­vulgá-lo. Pelo con­trário, de­vemos ser ca­pazes de de­mons­trar que es­tamos de uma forma di­fe­rente na po­lí­tica, ab­ne­ga­da­mente, com in­te­resse nos pro­blemas e nas ne­ces­si­dades dos ci­da­dãos.

Em quatro anos ti­vemos largas de­zenas de in­ter­ven­ções e pro­postas para me­lhorar a qua­li­dade de vida dos bra­ca­renses e só não foi pos­sível ir mais longe porque a cor­re­lação de forças não o per­mitiu.

 

A CDU tem-se des­ta­cado como a força po­lí­tica com um tra­balho de opo­sição mais forte no mu­ni­cípio. Na se­mana pas­sada, en­tregou a can­di­da­tura a todas as fre­gue­sias de Braga, para além de à Câ­mara e à As­sem­bleia Mu­ni­cipal de Braga. Que ob­jec­tivos estão em cima da mesa para dia 1 de Ou­tubro?

Pre­ci­sa­mente, a al­te­ração dessa cor­re­lação de forças. As elei­ções de 2013 cri­aram grandes ex­pec­ta­tivas de mu­dança à po­pu­lação e, na ver­dade, a co­li­gação de di­reita, caso ig­no­rás­semos a sua iden­ti­dade po­lí­tica e ide­o­ló­gica, tinha tudo para não de­fraudar essas ex­pec­ta­tivas. Ga­nhou as elei­ções com uma mai­oria ab­so­luta muito con­for­tável. As­sumiu a gestão do mu­ni­cípio de­pois de muitos anos de crí­tica às po­lí­ticas do PS. Na hora da ver­dade, faltou aos com­pro­missos, optou por se­guir o mesmo ca­minho, com um ou outro re­toque de puro mar­ke­ting po­lí­tico.

Posto isto, o nosso ob­jec­tivo po­lí­tico não pode ser outro senão a re­ti­rada da mai­oria ab­so­luta à co­li­gação de di­reita, o que se con­cre­ti­zará com o re­forço de vo­tação na CDU e a con­se­quente eleição de um se­gundo ve­re­ador. Temos noção das di­fi­cul­dades, mas temos noção ainda maior da ur­gência deste ob­jec­tivo.

Saiba a po­pu­lação re­co­nhecer o tra­balho feito ao longo do man­dato e, não tenho dú­vidas, se­remos, a partir de 1 de Ou­tubro, de­ci­sivos na Câ­mara de Braga, en­quanto força de de­se­qui­lí­brio, o que pode re­pre­sentar a tão de­se­jada mu­dança.

A par da opo­sição à po­lí­tica mu­ni­cipal, a CDU tenta afirmar, ao mesmo tempo, o seu pro­jecto au­tár­quico. Como tem sido ar­ti­cular estes dois as­pectos tra­ba­lhando em mi­noria, numa Câ­mara com mai­oria de di­reita?

A afir­mação do pro­jecto au­tár­quico da CDU faz-se pelas pro­postas que vamos apre­sen­tando, quer ao longo dos anos, quer nos pe­ríodos de dis­cussão dos or­ça­mentos e das op­ções do plano mu­ni­cipal.

O mais di­fícil é ul­tra­passar as bar­reiras que se nos apre­sentam, desde logo, a falta de meios para po­dermos cum­prir com dig­ni­dade e res­pon­sa­bi­li­dade o man­dato que os elei­tores nos con­fi­aram.

Não aceito que um mu­ni­cípio como o de Braga que, por exemplo, es­banja di­nheiro pú­blico com um ga­bi­nete de co­mu­ni­cação cuja prin­cipal função é pro­mover a imagem do pre­si­dente da Câ­mara, não tenha verba para apoiar ou as­ses­sorar um ve­re­ador da opo­sição, que foi eleito com votos de exacto valor dos que ele­geram o pre­si­dente.

A de­mo­cracia cumpre-se também através do exer­cício das fun­ções de fis­ca­li­zação, acom­pa­nha­mento e es­tudo dos as­suntos. Se não são ga­ran­tidas as con­di­ções bas­tantes para esse exer­cício é a pró­pria de­mo­cracia que sai a perder.

Pese em­bora as di­fi­cul­dades, ate­nu­adas pelo tra­balho co­lec­tivo e per­sis­tente acção dos eleitos da CDU, e não obs­tante o facto de termos apenas um eleito num total de onze que com­põem o exe­cu­tivo mu­ni­cipal, con­se­guimos chegar ao fim man­dato com o sen­ti­mento de dever cum­prido, hon­rando os com­pro­missos que as­su­mimos com a po­pu­lação.

É bom que se saiba que, mesmo numa po­sição mi­no­ri­tária, foram muitas as oca­siões em que a in­ter­venção da CDU cor­rigiu de­ci­sões ou me­lhorou pro­postas. Ti­vemos ini­ci­a­tiva, ba­ta­lhámos duro para im­pedir me­didas que con­si­de­rámos pre­ju­di­ciais para o con­celho.

Para a CDU é im­pe­ra­tiva a de­fi­nição de um pro­jecto di­fe­rente. Braga pre­cisa, de uma vez por todas, de se trans­formar so­cial, eco­nó­mica e cul­tu­ral­mente, e de ori­entar a sua gestão para o bem-estar de todos os ci­da­dãos.

O pro­jecto da CDU para Braga é di­fe­rente e as­sume traços dis­tin­tivos face aos res­tantes. É um pro­jecto de qua­li­dade, rigor e ino­vação na gestão, de qua­li­dade e com­pe­tência no de­sen­vol­vi­mento local e re­gi­onal, de ex­ce­lência na va­lo­ri­zação am­bi­ental, de aposta na edu­cação, de de­mo­cra­ti­zação e mas­si­fi­cação da prá­tica cul­tural e des­por­tiva e de fir­meza na de­fesa do ca­rácter pú­blico dos ser­viços mu­ni­ci­pais.

 



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