Entrevista a Francisco Queirós, vereador e cabeça-de-lista à Câmara Municipal de Coimbra

Trabalho, proximidade e posições justas reforçam confiança em Coimbra

DI­FERENÇA Em Coimbra, a CDU «tem um enorme pa­tri­mónio de con­quistas para a po­pu­lação». Fran­cisco Queirós, ve­re­ador e pri­meiro can­di­dato na lista da CDU para a Câ­mara, con­firma que, para 1 de Ou­tubro, há «si­nais de grande con­fi­ança» na pos­si­bi­li­dade de crescer em votos e eleitos.

O PS pros­se­guiu as­pectos mar­cantes da an­te­rior mai­oria PSD/​CDS

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Olhando para o pe­ríodo de­cor­rido desde o final de 2013, quando se ini­ciou o ac­tual man­dato, como avalia a CDU a si­tu­ação do con­celho e o tra­balho au­tár­quico?

Em 2013, o PS foi a força po­lí­tica mais vo­tada, mas sem mai­oria ab­so­luta. A gestão do PS, pre­si­dida por Ma­nuel Ma­chado, deu con­ti­nui­dade a as­pectos mar­cantes da an­te­rior mai­oria PSD/​CDS. Acen­tuou-se uma prá­tica pro­fun­da­mente pre­si­den­ci­a­lista e cen­tra­li­za­dora, res­pon­sável pela pa­ra­li­sação de ser­viços mu­ni­ci­pais e pelo atraso de pro­cessos e to­madas de de­cisão, com sé­rios pre­juízos para os mu­ní­cipes. O «cen­tra­lismo ma­cha­dista» re­flecte-se na re­lação com as fre­gue­sias, em atrasos na as­si­na­tura de pro­to­colos e na exe­cução de obras. E é pro­motor de um am­bi­ente de tra­balho ne­ga­tivo entre os tra­ba­lha­dores da au­tar­quia.

A CDU di­fe­ren­ciou-se pelas po­si­ções na As­sem­bleia Mu­ni­cipal, pela obra feita na Câ­mara (na Ha­bi­tação Mu­ni­cipal e no Ser­viço Mé­dico-Ve­te­ri­nário) e nas três fre­gue­sias onde temos mai­oria e pela in­ter­venção dos nossos eleitos em mi­noria.

 

A CDU deixa de ser opo­sição, pelo facto de um seu ve­re­ador aceitar pe­louros?

Não! A CDU in­tervém de forma res­pon­sável e in­de­pen­dente, de acordo com a ava­li­ação que faz, em cada mo­mento, da­quilo que é me­lhor para a po­pu­lação. E é a esta que presta contas.

 

De que forma foi pos­sível re­a­lizar tra­balho com au­to­nomia nos pe­louros, es­tando li­mi­tado pela po­lí­tica do poder cen­tral e por um en­qua­dra­mento mu­ni­cipal que é de­ter­mi­nado por outro par­tido?

Gerir o parque ha­bi­ta­ci­onal do mu­ni­cípio e dar res­posta a pe­didos de ha­bi­tação, que au­men­taram até cerca de 500 no final da go­ver­nação de Co­elho, Portas e Cristas, foi um tra­balho pro­fun­da­mente con­di­ci­o­nado pela si­tu­ação eco­nó­mica do País, pelo au­mento do de­sem­prego e por po­lí­ticas rui­nosas. Os úl­timos anos foram mar­cados por essa tor­rente le­gis­la­tiva que pro­moveu os des­pejos. Como or­ga­ni­zação par­ti­dária e como «pe­louro», es­ti­vemos sempre ao lado das rei­vin­di­ca­ções dos mo­ra­dores dos bairros mu­ni­ci­pais, exi­gindo a re­vo­gação da «Lei Cristas». Para além de reu­niões re­gu­lares com as­so­ci­a­ções de mo­ra­dores e da dis­tri­buição de do­cu­mentos, pro­mo­vemos reu­niões com mo­ra­dores em todos os bairros.

O fim do fi­nan­ci­a­mento a pro­gramas de ha­bi­tação teve res­posta graças à in­ter­venção da CDU. Face à sus­pensão do pro­grama Proha­bita pelo an­te­rior go­verno, uma me­dida que lesou o mu­ni­cípio em vá­rios mi­lhões de euros, exi­gimos que a Câ­mara pros­se­guisse a re­a­bi­li­tação dos bairros mu­ni­ci­pais. Assim de­corre.

 

Quem mais ga­nhou com o tra­balho do ve­re­ador da CDU: a pró­pria CDU ou a mai­oria PS?

A CDU tem um pro­jecto au­tár­quico pró­prio. Pela nossa in­ter­venção, pro­cu­ramos servir a po­pu­lação, con­tri­buindo para a me­lhoria do seu bem-estar e qua­li­dade de vida. In­ter­vimos para que seja a po­pu­lação a «ga­nhar». É esse o nosso com­pro­misso.

 

Dos re­sul­tados da in­ter­venção da CDU, o que se des­taca, seja por ter sido con­quis­tado, seja por ter sido evi­tado?

A CDU tem um enorme pa­tri­mónio de con­quistas para a po­pu­lação. Na As­sem­bleia Mu­ni­cipal, nas fre­gue­sias, pela obra re­a­li­zada, pelas pro­postas, crí­ticas e de­nún­cias.

Na Câ­mara, a nossa in­ter­venção per­mitiu dar voz a múl­ti­plas re­cla­ma­ções dos mu­ní­cipes e das as­so­ci­a­ções, con­tri­buindo para travar me­didas le­gis­la­tivas iní­quas. Há obra feita, no avanço de re­qua­li­fi­cação dos bairros mu­ni­ci­pais e de di­versos pré­dios que são pro­pri­e­dade mu­ni­cipal, quer para «ha­bi­tação so­cial», quer para ar­ren­da­mento com renda aces­sível.

A nossa acção no Canil-Gatil Mu­ni­cipal in­tro­duziu efi­ci­ência e al­terou a imagem do ser­viço. Desde 2015, não há abates de ani­mais sau­dá­veis. Cresceu ex­po­nen­ci­al­mente a adopção. Re­a­lizam-se es­te­ri­li­za­ções. De­sen­vol­vemos vá­rios pro­gramas de aber­tura e en­vol­vi­mento da co­mu­ni­dade, como «Em Coimbra, os gatos vão à es­cola». Va­lo­ri­zando o ser­viço pú­blico e quem nele tra­balha, trans­for­mámos um es­paço que era visto an­te­ri­or­mente como de en­car­ce­ra­mento e abate num es­paço vivo ao ser­viço dos mu­ní­cipes.

A in­ter­venção da CDU nos vá­rios ór­gãos foi de­ter­mi­nante, ao lado das po­pu­la­ções, para evitar o en­cer­ra­mento de ser­viços pú­blicos, de­sig­na­da­mente na área da Saúde.

 

Notou-se em Coimbra uma di­fe­rença no tra­ta­mento das ques­tões da re­a­bi­li­tação ur­bana e da ha­bi­tação, que sus­citam fortes e justas crí­ticas em ci­dades como Lisboa e Porto?

Coimbra, numa es­cala di­fe­rente, sofre dos mesmos pro­blemas. O centro da ci­dade de­ser­ti­fica-se. Cerca de um terço dos imó­veis está muito de­gra­dado. Di­a­ri­a­mente, en­cerram es­ta­be­le­ci­mentos co­mer­ciais, mas são inau­gu­radas mais grandes e mé­dias su­per­fí­cies. Re­cen­te­mente, foi li­cen­ciado mais um hi­per­mer­cado, ao lado do Con­vento de São Fran­cisco. A CDU opôs-se e luta, quase iso­lada no quadro das forças po­lí­ticas, contra este aten­tado ur­ba­nís­tico e le­sador do de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico sus­ten­tado.

 

Quais são as grandes pre­o­cu­pa­ções e as prin­ci­pais pro­postas para o fu­turo do con­celho e, mais es­pe­ci­fi­ca­mente, para os pró­ximos quatro anos?

Al­terar o es­tilo de go­ver­nação da ci­dade. Criar uma Câ­mara aberta aos ci­da­dãos, de pro­xi­mi­dade às po­pu­la­ções, que apele à sua par­ti­ci­pação crí­tica, que seja trans­pa­rente e cé­lere. Dotar a au­tar­quia de meios hu­manos e ma­te­riais, in­ver­tendo o ciclo das go­ver­na­ções PS/​PSD/​CDS, que dei­xaram os ser­viços mu­ni­ci­pais sem pes­soal, le­vando-os a «bater no fundo» e «ex­ter­na­li­zando-os» a ca­minho da pri­va­ti­zação. Dotar as fre­gue­sias de mais meios.

Há graves pre­o­cu­pa­ções e temos pro­postas sobre a de­ser­ti­fi­cação do centro his­tó­rico, a re­a­bi­li­tação ur­bana, o co­mércio tra­di­ci­onal, a po­lí­tica cul­tural, a mo­bi­li­dade, o trans­porte pú­blico mu­ni­cipal (com o re­forço dos SMTUC), para um mo­delo de de­sen­vol­vi­mento que alie in­ves­ti­gação e ino­vação ao re­lan­ça­mento do sector pro­du­tivo.

 

Está as­su­mido o ob­jec­tivo de re­forçar a CDU a 1 de Ou­tubro. Que metas estão de­fi­nidas e que si­nais existem hoje de que será pos­sível al­cançá-las?

Que­remos crescer em votos e eleitos nos di­versos ór­gãos. Há si­nais de grande con­fi­ança, desde logo a muita par­ti­ci­pação de in­de­pen­dentes e a muita mo­bi­li­zação de jo­vens. Temos ex­pec­ta­tivas po­si­tivas. Se a po­pu­lação quiser, é bem pos­sível tri­lhar um rumo di­fe­rente.

 



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