Problemas de fundo reclamam ruptura com política de direita

PCP O Go­verno do PS mantém-se fiel a com­pro­missos e op­ções que im­pedem as res­postas es­tru­tu­rais de que o País e o povo ca­recem, acusou Je­ró­nimo de Sousa num al­moço em Al­pi­arça, no sá­bado, 2.

O Go­verno do PS per­ma­nece fiel às im­po­si­ções da UE e do grande ca­pital

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A ini­ci­a­tiva pro­mo­vida pela Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de San­tarém do PCP (ORS) su­perou as ex­pec­ta­tivas, tendo sido ne­ces­sário aco­modar mais mesas e ca­deiras no pa­vi­lhão da Al­pi­agra. Contas feitas, es­ti­veram mais de 300 mi­li­tantes co­mu­nistas e não mi­li­tantes. Muitos destes úl­timos em­pe­nharam-se na re­cente ba­talha das elei­ções au­tár­quicas que, em Al­pi­arça, re­sultou na re­no­vação das mai­o­rias da CDU nos ór­gãos do poder local, lem­brou João Osório, membro da Di­recção e do Exe­cu­tivo da ORS, que apre­sentou o co­mício e chamou ao palco mem­bros dos or­ga­nismos de di­recção re­gi­o­nais e na­ci­o­nais do PCP e da JCP (Walter Ca­bral, que dis­cursou na sessão), bem como o Se­cre­tário-geral do Par­tido.

Na sua in­ter­venção de en­cer­ra­mento, Je­ró­nimo de Sousa in­sistiu que, pese em­bora «neste dois anos da nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal, aberta com a luta dos tra­ba­lha­dores e pela acção de­ci­siva do PCP, tenha sido pos­sível, ainda que de forma li­mi­tada, fazer avançar me­didas para res­ponder a al­guns dos pro­blemas mais sen­tidos pelo povo por­tu­guês», é evi­dente que «os pro­blemas de fundo do País per­sistem e con­ti­nuam a con­di­ci­onar a sua vida e o seu de­sen­vol­vi­mento».

Por isso res­pon­sa­bi­lizou o Go­verno do PS, o qual acusou de per­ma­necer fiel às im­po­si­ções da UE e do grande ca­pital». Manter-se e sub­misso ao euro, re­cusar a re­ne­go­ci­ação da dí­vida pú­blica, a eli­mi­nação das PPP ou a pro­moção da jus­tiça fiscal, são op­ções, es­cla­receu o Se­cre­tário-geral do PCP, para quem destas de­correm fortes con­di­ci­o­na­mentos, vi­sí­veis, por exemplo, no Or­ça­mento do Es­tado (OE2018) re­cen­te­mente apro­vado.

«Hoje está muito claro o papel do PCP no vasto con­junto de me­didas to­madas na re­po­sição de di­reitos, sa­lá­rios e ren­di­mentos dos tra­ba­lha­dores e do povo». Papel, pros­se­guiu, que ficou ainda mais evi­dente no de­bate do OE 2018, um do­cu­mento que apesar de «aco­lher ele­mentos que se va­lo­rizam e são in­se­pa­rá­veis da con­tri­buição de­ci­siva do PCP, está «ainda longe da res­posta ne­ces­sária para re­cu­perar o nível de de­gra­dação das con­di­ções de vida im­postos pela po­lí­tica de di­reita e dis­tante de dar os passos ne­ces­sá­rios na re­so­lução dos pro­blemas de fundo do País».

«O OE2018 apre­senta avanços que têm in­dis­cu­ti­vel­mente a marca da in­ter­venção do PCP», re­clamou Je­ró­nimo de Sousa, para quem estes nunca se­riam adop­tados caso o PS ti­vesse mai­oria ab­so­luta na As­sem­bleia da Re­pú­blica.

 Al­ter­na­tiva

De­pois de elencar um con­junto de me­didas no OE 2018 que, por pro­posta e in­sis­tência do PCP, se tra­duzem na «con­tenção do em­po­bre­ci­mento e do re­tro­cesso eco­nó­mico» e são «fa­vo­rá­veis aos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, dos jo­vens e dos re­for­mados» – in­cluindo a cons­trução de uma re­si­dência de es­tu­dantes em Rio Maior, rei­vin­di­cação que «al­guns deram como per­dida», notou – o líder co­mu­nista con­ti­nuou a sua in­ter­venção de­fen­dendo «Por­tugal pre­cisa de romper com a po­lí­tica de di­reita».

«Pre­cisa de uma po­lí­tica que en­frente os cons­tran­gi­mentos a que está su­jeito: uma dí­vida in­sus­ten­tável, a sub­missão ao euro e aos grupos mo­no­po­listas», que seja «capaz de ul­tra­passar e su­perar os seus dé­fices es­tru­tu­rais: pro­du­tivo, ener­gé­tico, ci­en­tí­fico, ali­mentar ou de­mo­grá­fico, causas do seu pro­lon­gado de­clínio».

«Por­tugal pre­cisa de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda e o PCP afirma-se o por­tador dessa al­ter­na­tiva», afirmou ainda o Se­cre­tário-geral do Par­tido que, cri­ti­cando a prin­cipal con­fe­de­ração pa­tronal por­tu­guesa por ter feito «quei­xi­nhas» a Bru­xelas a pro­pó­sito da dis­cussão em torno do au­mento do Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal, apelou aos tra­ba­lha­dores a que lutem e sigam o PCP no com­bate pelo au­mento da­quele para 600 euros, já em Ja­neiro. Trata-se de uma questão de dig­ni­dade con­si­de­rando os mi­lhares de tra­ba­lha­dores que ac­tu­al­mente «levam para casa 495 euros lí­quidos», con­cluiu.




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