Morrem crianças venezuelanas devido às sanções dos EUA

San­ções im­pedem pa­ci­entes de re­ceber tra­ta­mento es­pe­ci­a­li­zado

A vice-pre­si­dente ve­ne­zu­e­lana, Delcy Ro­drí­guez, res­pon­sa­bi­lizou di­rec­ta­mente o opo­sitor Juan Guaidó – re­co­nhe­cido por Washington e ali­ados como «pre­si­dente in­te­rino» do país – pelo fa­le­ci­mento de uma se­gunda cri­ança que se en­con­trava à es­pera de um trans­plante de me­dula óssea numa ins­ti­tuição ita­liana.

«Guaidó en­tregou a em­presa Citgo aos EUA para sa­tis­fazer in­te­resses ca­pi­ta­listas (…). Este roubo con­sumou o as­sas­si­nato de cri­anças que eram be­ne­fi­ciá­rias de no­bres pro­gramas de saúde. São crimes baixos que não res­peitam nem o di­reito à vida das cri­anças», es­creveu a di­ri­gente na rede so­cial Twitter.

O re­cru­des­ci­mento das san­ções contra a Pe­tró­leos de Ve­ne­zuela (Pdvsa) e o blo­queio dos ac­tivos da sua fi­lial em ter­ri­tório es­tado-uni­dense im­pediu o go­verno bo­li­va­riano, até agora, de manter o fi­nan­ci­a­mento a pro­gramas de saúde para pa­ci­entes ne­ces­si­tados de atenção es­pe­ci­a­li­zada no ex­te­rior, in­forma a Prensa La­tina.

«La­men­ta­vel­mente, fa­leceu outra cri­ança ve­ne­zu­e­lana a aguardar um trans­plante de me­dula óssea como con­sequência do blo­queio cri­mi­noso dos EUA, que im­pede a trans­fe­rência de fundos para ins­ti­tui­ções ita­li­anas de saúde com as quais a Pdvsa co­o­pe­rava nestes casos ur­gentes», de­nun­ciou também o mi­nistro ve­ne­zu­e­lano dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros, Jorge Ar­reaza.

Ao de­nun­ciar a morte de um rapaz de sete anos, o se­cre­tário exe­cu­tivo do Con­selho Na­ci­onal de Di­reitos Hu­manos, Larry Devoe, re­velou que dos 1.567 mi­lhões de euros re­tidos à Ve­ne­zuela pelo Novo Banco, de Por­tugal, cinco mi­lhões eram des­ti­nados a cus­tear o tra­ta­mento de 20 do­entes em Itália.

San­ções cri­mi­nosas

Antes das san­ções apli­cadas em Ja­neiro pela ad­mi­nis­tração Trump à Pdvsa e do blo­queio dos ac­tivos da sua fi­lial Citgo – acção qua­li­fi­cada de roubo pelas au­to­ri­dades de Ca­racas –, mais de 500 pes­soas foram be­ne­fi­ci­adas com o pro­grama de trans­plante de me­dula óssea da com­pa­nhia es­tatal pe­tro­lí­fera.

Na se­mana pas­sada, um grupo de mães de cri­anças ve­ne­zu­e­lanas afec­tadas por en­fer­mi­dades he­pá­ticas graves e que re­cebem cui­dados mé­dicos es­pe­ci­a­li­zados num hos­pital da Ar­gen­tina pe­diram à alta co­mis­sária das Na­ções Unidas para os Di­reitos Hu­manos, Mi­chelle Ba­chelet, para ac­tuar de forma ime­diata para que Washington le­vante as san­ções.

A de­núncia teve o acom­pa­nha­mento de Maria Rus­sián, pre­si­dente da Fun­dação La­tino-Ame­ri­cana para os Di­reitos Hu­manos e o De­sen­vol­vi­mento So­cial (Fun­da­latin), or­ga­ni­zação com es­ta­tuto de con­sul­tora es­pe­cial junto da ONU, que alertou para os efeitos ne­ga­tivos do blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro im­posto à Ve­ne­zuela.

Após di­versas ava­li­a­ções em ins­ti­tui­ções mé­dicas ve­ne­zu­e­lanas, os me­nores devem vi­ajar para Bu­enos Aires a fim de re­ceber trans­plantes de fí­gado e tra­ta­mentos pós-ope­ra­tó­rios no Hos­pital Ita­liano da ca­pital ar­gen­tina.

O pro­grama de as­sis­tência fi­nan­ciado pela Pdvsa abrange trans­porte para a Ar­gen­tina, tra­ta­mento es­pe­ci­a­li­zado, for­ne­ci­mento de me­di­ca­mentos, hos­pe­dagem e es­tadia nesse país sul-ame­ri­cano. Mas, de­vido às san­ções, os bancos negam-se a re­ceber o di­nheiro en­viado pela em­presa es­tatal pe­tro­lí­fera.




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