A luta saiu à rua num dia assim

HO­ME­NAGEM Je­ró­nimo de Sousa par­ti­cipou dia 22 na ho­me­nagem a José Dias Co­elho, «homem de cul­tura, ar­tista e mi­li­tante re­vo­lu­ci­o­nário» as­sas­si­nado pela PIDE quando era fun­ci­o­nário clan­des­tino do PCP.

José Dias Co­elho caiu, porém pros­segue a luta que ele honrou

A ini­ci­a­tiva re­a­li­zada no sá­bado de manhã em Pi­nhel, terra onde José Dias Co­elho nasceu a 19 de Junho de 1923, co­meçou no largo com o seu o nome, no centro da ci­dade. E foi dali que, de­pois da de­po­sição de uma coroa de cravos ver­me­lhos, par­tiram as muitas de­zenas de mi­li­tantes co­mu­nistas rumo ao Museu Mu­ni­cipal, onde por oca­sião do 96.º ani­ver­sário do es­cultor e neste ano em que se as­si­nalam 45 anos do 25 de Abril de 1974, se en­contra uma ex­po­sição sobre José Dias Co­elho.

Em­pu­nhando ban­deiras do Par­tido de sempre da­quele fun­ci­o­nário clan­des­tino co­mu­nista, as­sas­si­nado pela PIDE a 19 de De­zembro de 1961, em Al­cân­tara, Lisboa, os par­ti­ci­pantes fi­zeram sair às ruas de Pi­nhel a luta de José Dias Co­elho.

«Luta ab­ne­gada, co­ra­josa e per­se­ve­rante, tra­vada nas con­di­ções mais ad­versas, en­fren­tando pe­rigos imensos, a mais feroz re­pressão, per­se­gui­ções, prisão e as­sas­si­natos», le­vada a cabo du­rante dé­cadas, da qual re­sultou a Re­vo­lução de Abril, lem­brou o Se­cre­tário-geral do PCP.

Di­ri­gindo-se à mol­dura pre­sente no pátio do Museu Mu­ni­cipal (antes de per­correr o es­paço onde se en­contra pa­tente a ex­po­sição evo­ca­tiva de José Dias Co­elho, acom­pa­nhado pelos pre­si­dentes da Câ­mara e da Junta de Pi­nhal, bem como por di­ri­gentes do PCP lo­cais e na­ci­o­nais), Je­ró­nimo de Sousa sa­li­entou ainda que a mostra que ali se podia ver, «além de uma me­re­cida ho­me­nagem», cons­titui «um vivo alerta e uma vi­go­rosa de­núncia da­queles que hoje tudo fazem para apagar da me­mória do povo os hor­rores da di­ta­dura fas­cista e da­queles que re­cons­truindo a his­tória a querem bran­quear».

Ina­pa­gável

É porém ina­pa­gável a têm­pera da­quele «homem de cul­tura, ar­tista e mi­li­tante re­vo­lu­ci­o­nário», do «fun­ci­o­nário do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, clan­des­tino», do «homem ge­ne­roso a quem o fas­cismo ceifou a vida aos 38 anos, que tudo ar­riscou e tudo sa­cri­ficou, in­cluindo a sua car­reira ar­tís­tica como es­cultor, para se de­dicar por in­teiro à luta de li­ber­tação do seu povo», pros­se­guiu o Se­cre­tário-geral do PCP.

De­di­cado «por in­teiro e de­fi­ni­tivo, contra um mundo velho e feroz», como re­lem­brou José Car­doso Pires na sen­tida ho­me­nagem que lhe pres­taram na So­ci­e­dade Na­ci­onal de Belas Artes os seus com­pa­nheiro, os seus amigos, os seus ca­ma­radas», re­cordou também Je­ró­nimo de Sousa de­pois de dar nota de al­guns dos mais re­le­vantes mo­mentos da vida e in­ter­venção ar­tís­tica, po­lí­tica e so­cial de José Dias Co­elho.

«De­cisão que re­vela a no­breza e a fir­meza das suas con­vic­ções quando aceita trocar a pers­pec­tiva de uma vida ar­tís­tica pro­mis­sora e a con­si­de­ração de uma vida cheia de re­la­ções so­ciais, pela mo­desta mas es­sen­cial ta­refa de pôr de pé uma ofi­cina de fal­si­fi­cação de do­cu­mentos des­ti­nados à de­fesa dos ca­ma­radas clan­des­tinos», acres­centou o di­ri­gente co­mu­nista, antes de con­cluir que «José Dias Co­elho caiu para sempre te­cendo armas neste com­bate de­si­gual pela li­ber­dade do seu povo, pela de­mo­cracia, pelos ideais do So­ci­a­lismo. Porém pros­segue «a luta que ele honrou com o seu exemplo de fir­meza se­rena, de con­vic­ções e de ca­rácter que nós, com or­gulho, que­remos guardar para sempre como pa­tri­mónio da nossa luta co­lec­tiva por um Por­tugal mais livre, mais justo e mais so­li­dário».




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