Construir os caminhos do futuro com o reforço da organização do Partido

PORTO «Foi com a or­ga­ni­zação do Par­tido que en­fren­támos as duras ba­ta­lhas que tra­vámos. Será com o re­forço da or­ga­ni­zação que cons­trui­remos os ca­mi­nhos do fu­turo», afirmou sá­bado, no Porto, Je­ró­nimo de Sousa.

Re­forçar o Par­tido é uma pri­o­ri­dade es­sen­cial

As con­di­ções me­te­o­ro­ló­gicas ad­versas não im­pe­diram a re­a­li­zação do En­contro Re­gi­onal de Qua­dros do Dis­trito do Porto, que acon­teceu, à tarde, no Centro de Tra­balho da Bo­a­vista do PCP, sob o lema «In­tervir, lutar, avançar». A reu­nião alar­gada de­correu do apelo do Co­mité Cen­tral (CC), reu­nido a 8 de Ou­tubro, que apontou a «ne­ces­si­dade de re­a­li­zação de reu­niões e ple­ná­rios de mi­li­tantes aos di­versos ní­veis da es­tru­tura par­ti­dária, pro­mo­vendo a aná­lise da si­tu­ação ac­tual e pro­gra­mando o seu tra­balho e in­ter­venção».

À so­li­ci­tação do Par­tido res­pon­deram muitas cen­tenas de mi­li­tantes co­mu­nistas do dis­trito do Porto, in­ter­ve­ni­entes e par­ti­ci­pa­tivos, dis­postos a lutar por uma so­ci­e­dade e um mundo mais justos.

Je­ró­nimo de Sousa abriu os tra­ba­lhos. De­nun­ciou, na in­ter­venção acom­pa­nhada pela co­mu­ni­cação so­cial, o «pro­jecto» em curso, con­du­zido pelos «prin­ci­pais cen­tros do grande ca­pital» e «cír­culos mais re­ac­ci­o­ná­rios», vi­sando tornar o Par­tido «uma força ir­re­le­vante na so­ci­e­dade por­tu­guesa». «Neste ciclo elei­toral», esse pro­jecto as­sumiu «uma grande e inu­si­tada di­mensão», com o «re­curso ao ataque pes­soal in­fa­mante, a ca­lúnia, a men­tira e ma­ni­pu­lação mais des­ca­rada», atin­gindo «pre­ci­sa­mente a força que teve um papel de­ter­mi­nante na re­cu­pe­ração, de­fesa e con­quista de di­reitos» e que «se apre­senta como por­ta­dora de uma ver­da­deira al­ter­na­tiva ao rumo im­posto ao País pelas forças da po­lí­tica de di­reita», acusou.

Neste sen­tido, foram «go­rados» os ob­jec­tivos da «erosão elei­toral» da CDU, graças à cam­panha elei­toral re­a­li­zada e à «pro­funda li­gação e en­rai­za­mento que o Par­tido tem junto dos tra­ba­lha­dores e do povo». No en­tanto, «novas in­ves­tidas an­ti­co­mu­nistas» serão apro­fun­dadas, previu o Se­cre­tário-geral do PCP, dando como exemplo a apro­vação, no Par­la­mento Eu­ropeu, de uma re­so­lução equi­pa­rando o na­zismo e o co­mu­nismo.

Na mesa es­ti­veram também mem­bros do Se­cre­ta­riado e do Exe­cu­tivo da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto (DORP) do PCP, bem como Jaime Toga e Paulo Rai­mundo, da Co­missão Po­lí­tica e do Se­cre­ta­riado do CC, res­pec­ti­va­mente.

In­de­pen­dência po­lí­tica

Ainda sobre as ul­timas elei­ções, Je­ró­nimo de Sousa sa­li­entou que «a não ob­tenção pelo PS da mai­oria ab­so­luta», num quadro em que PSD e CDS vêem con­fir­mada a con­de­nação da sua po­lí­tica, não é, por si só, «con­dição su­fi­ci­ente para ga­rantir um per­curso de novos e mais de­ci­sivos avanços, como a so­lução dos pro­blemas na­ci­o­nais», nem pre­vine o «pe­rigo de andar para trás no que se al­cançou».

Apre­sentou, de se­guida, «li­nhas de res­posta aos pro­blemas do País» e «com­pro­missos» para a pró­xima le­gis­la­tura: au­mento geral dos sa­lá­rios e do sa­lário mí­nimo na­ci­onal para os 850 euros; com­bate à pre­ca­ri­e­dade e a exi­gência da re­vo­gação das normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral; au­mento geral e real das pen­sões de re­forma; cre­ches gra­tuitas para todas as cri­anças até aos três anos.

A luta do PCP passa, também, pelo di­reito à ha­bi­tação, por um Ser­viço Na­ci­onal de Saúde re­for­çado e ca­pa­ci­tado, pelo in­ves­ti­mento nos trans­portes pú­blicos, por um por cento do Or­ça­mento para a Cul­tura, por uma justa po­lí­tica fiscal, por uma Ad­mi­nis­tração Pú­blica dig­ni­fi­cada, pelo alar­ga­mento dos apoios so­ciais, pela ga­rantia da pro­tecção da na­tu­reza, do meio am­bi­ente e do equi­lí­brio eco­ló­gico. «Tal como acon­teceu nos úl­timos anos, será em função das op­ções do PS, dos ins­tru­mentos or­ça­men­tais que apre­sentar e do con­teúdo do que le­gislar que o PCP de­ter­mi­nará, como sempre e com in­teira in­de­pen­dência po­lí­tica, o seu po­si­ci­o­na­mento», frisou o Se­cre­tário-geral do PCP.

Du­rante os tra­ba­lhos, foram subs­critos, por todos, dois abaixo-as­si­nados: por me­lhores trans­portes pú­blicos na Área Me­tro­po­li­tana do Porto, pro­mo­vido pelo Par­tido, e para que se trave e aban­done a anun­ciada cri­ação do «Museu Sa­lazar», da União de Re­sis­tentes An­ti­fas­cistas Por­tu­gueses (URAP).

De­fender os tra­ba­lha­dores, o povo e o País

Agora, o re­forço do PCP, em ar­ti­cu­lação com a sua ini­ci­a­tiva e in­ter­venção po­lí­tica, é «uma pri­o­ri­dade es­sen­cial» e a «chave dos exi­gentes com­bates que temos pela frente», ga­rantiu Je­ró­nimo de Sousa, fri­sando que «é ne­ces­sário pros­se­guir com a acção em curso vi­sando a me­lhoria do tra­balho de di­recção aos vá­rios ní­veis, na res­pon­sa­bi­li­zação de novos qua­dros e mi­li­tantes por ta­refas e res­pon­sa­bi­li­dades per­ma­nentes, na ele­vação de uma mi­li­tância mais ac­tiva e mais pre­sente nas em­presas e lo­cais de tra­balho».

Des­tacou, por isso, os «cinco mil con­tactos com os tra­ba­lha­dores», ini­ci­a­tiva que já deu frutos: con­cre­ti­zados mais de 3500 con­tactos, ade­riram ao PCP mais de 1000 tra­ba­lha­dores, «per­mi­tindo a cri­ação e re­forço de cé­lulas e a in­ter­venção em muitas em­presas onde não se ve­ri­fi­cava, en­rai­zando ainda mais o Par­tido junto dos tra­ba­lha­dores».

Po­ten­ci­a­li­dades de tra­balho

Na DORP foram «já le­van­tados 750 nomes de tra­ba­lha­dores no ac­tivo» e «muito mais po­demos ainda fazer», frisou Bel­miro Ma­ga­lhães, adi­an­tando que das «435 con­versas re­sul­taram 134 re­cru­ta­mentos». «Estes dados con­firmam, por um lado, a vi­ta­li­dade do nosso Par­tido, mas também, e so­bre­tudo, as nossas po­ten­ci­a­li­dades de tra­balho, tendo em vista o re­cru­ta­mento e o re­forço da nossa or­ga­ni­zação», su­bli­nhou o co­mu­nista.

Sem es­quecer o «lixo tó­xico» de uma cam­panha que «di­famou o Par­tido e pro­moveu pre­con­ceitos, ma­ni­pulou po­si­ci­o­na­mentos e apagou o papel de­ci­sivo que ti­vemos (o PCP) em muitos dos avanços al­can­çados», des­tacou por sua vez Jaime Toga re­fe­rindo a im­por­tância do re­forço da or­ga­ni­zação.

Nas úl­timas elei­ções «não ti­vemos os votos e os man­datos que que­ríamos, mas aqui es­tamos para pros­se­guir com o nosso tra­balho, a nossa in­ter­venção, a luta pela al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, afir­mando as nossas pro­postas e pu­xando pela luta dos tra­ba­lha­dores, apro­vei­tando todas as opor­tu­ni­dades para avançar nos di­reitos e nos ren­di­mentos», sin­te­tizou o membro da Co­missão Po­lí­tica.

Re­forçar o Par­tido

Jaime Toga des­tacou, a ter­minar, a ne­ces­si­dade de con­cre­tizar os «con­tactos em falta, re­cru­tando e re­for­çando o Par­tido». «Pre­ci­samos de as­se­gurar a reu­nião re­gular dos or­ga­nismos, para dis­cu­tirmos os pro­blemas dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, para ver a me­lhor forma de lhes apre­sentar as pro­postas do PCP, ga­nhando-os para os apoiar e con­ver­girem con­nosco, na prá­tica, na acção, na in­ter­venção e na luta», disse, adi­an­tando: «Pre­ci­samos de avançar na res­pon­sa­bi­li­zação de qua­dros» e «ir mais longe na li­gação e no con­tacto re­gular com os co­mu­nistas, en­tre­gando o cartão de mi­li­tante, re­co­lhendo as quotas e o dia de sa­lário».

«Que­remos re­forçar o Par­tido» para «ter mais força para in­tervir mais, lutar mais e avançar mais» e «sermos ca­pazes de, forma per­ma­nente, es­tarmos na rua e nas em­presas, apro­fun­dando a li­gação do Par­tido às massas», atestou.

Vale a pena lutar

Ale­xandra Pinto, que faz parte de uma ju­ven­tude que tem um sonho e tem Par­tido, falou das «muitas po­ten­ci­a­li­dades» que emer­giram dos con­tactos feitos du­rante a úl­tima cam­panha elei­toral. «Fomos onde não íamos, co­nhe­cemos re­a­li­dades que não co­nhe­cíamos e, apesar de todas as li­mi­ta­ções, con­se­guimos des­cons­truir ideias, cons­ci­en­ci­a­lizar jo­vens, porque sa­bíamos que cada voto era con­quis­tado em cada con­versa», re­velou, adi­an­tando: «Con­se­guimos 108 con­tactos. Es­pe­ramos contar com eles para lutar, in­tervir e avançar.»

«Temos uma coisa que mais nin­guém tem: um pro­jecto de ac­tu­a­li­dade e de fu­turo, que não perde va­li­dade, que vai de en­contro aos pro­blemas do povo, da ju­ven­tude e dos tra­ba­lha­dores», afirmou a jovem, que, vi­vendo numa era di­gital, su­bli­nhou: «Uma pe­tição com um mi­lhão de as­si­na­turas na In­ternet não faz grande moça ao ca­pital, mas cem tra­ba­lha­dores à porta de uma em­presa, ou cem es­tu­dantes à porta de uma em­presa, faz».

Por tudo isto, Ale­xandra Pinto sente que «vale a pena» lutar «pela de­mo­cracia, pela li­ber­dade, nua e crua, a ver­da­deira, sem ex­cluídos, a de todos» e, como co­mu­nista, «levar no sangue a energia ines­go­tável de quem ca­minha pela jus­tiça na terra».

Cam­panha de es­cla­re­ci­mento

Diana Fer­reira, eleita de­pu­tada do PCP na As­sem­bleia da Re­pú­blica (AR) pelo cír­culo elei­toral do Porto, também va­lo­rizou a cam­panha que a CDU re­a­lizou, «com cen­tenas de ini­ci­a­tivas», desde co­mí­cios a tri­bunas pú­blicas, «todos os dias, du­rante se­manas a fio», en­vol­vendo «cen­tenas de ca­ma­radas, muitos amigos, in­de­pen­dentes e ac­ti­vistas».

Um tra­balho que, na­quele dis­trito, «foi de­ter­mi­nante para re­cu­perar mais de 15 mil votos em re­lação aos re­sul­tados para o Par­la­mento Eu­ropeu», mas que não evitou a perda de um de­pu­tado, com­pa­rando com as le­gis­la­tivas de 2015. «É com esta força que vamos ao tra­balho», afirmou, dando conta, por exemplo, da re­a­li­zação de reu­niões, nos úl­timos dias, com a Co­mu­ni­dade In­ter­mu­ni­cipal do Tâ­mega e do Sousa, sobre trans­portes e mo­bi­li­dade, e com o Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores das Te­le­co­mu­ni­ca­ções e Au­di­o­vi­sual, para abordar as ques­tões da pre­ca­ri­e­dade la­boral nos call-center, «o que con­firma a ne­ces­si­dade de um Pro­grama Na­ci­onal de Com­bate à Pre­ca­ri­e­dade», como o PCP propõe.

In­tervir, lutar, avançar

«A força deste Par­tido não se es­gota num re­sul­tado de um acto elei­toral». Cris­tina Co­elho

«O PCP é in­subs­ti­tuível numa po­lí­tica fa­vo­rável a quem tra­balha». An­tónio Ma­ga­lhães

«Ao con­trário do que diz An­tónio Costa, a pre­ca­ri­e­dade está a avançar em todos os sec­tores». Jorge Sa­ra­bando

«Or­gulho-me de per­tencer a um Par­tido que pôs os in­te­resses do povo e do País à frente da arit­mé­tica elei­toral». Rui Sá

«Temos de re­forçar a nossa or­ga­ni­zação nos lo­cais de tra­balho, onde o con­fronto entre o ex­plo­rador e o ex­plo­rado é mais forte». Ma­du­reira

«O PCP não está sub­ju­gado ao poder eco­nó­mico. Temos a obri­gação e o dever de an­ga­riar re­ceitas para o Par­tido». Quin­tela

«Somos o Par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores». Álvaro Pinto

«Só temos fu­turo se es­ti­vermos ao lado dos tra­ba­lha­dores». João Ave­lino

«As pes­soas pre­cisam de saber que o nosso Par­tido, que vai com­pletar cem anos, está aqui e vai con­ti­nuar». Joana Ro­dri­gues

«No Hos­pital Conde de Fer­reira os tra­ba­lha­dores não re­cebem um au­mento há dez anos». José Pedro Ma­cedo

«Nos úl­timos dois go­vernos, a CNOD passou por mo­mentos muito di­fí­ceis. O PCP é o único par­tido que de­fende as pes­soas com de­fi­ci­ência». Jorge Gou­veia

«É pre­ciso re­forçar a JCP, a or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária da ju­ven­tude, de modo a criar mais co­lec­tivos de base e formar mais qua­dros». Afonso Santos

«Com a acção de­ter­mi­nada do PCP (na an­te­rior le­gis­la­tura) foram im­postos avanços, mesmo contra a von­tade do PS e do seu go­verno mi­no­ri­tário». Olindo Tei­xeira

«Só há um ca­minho: lutar com mais de­ter­mi­nação. É uma grande honra que o Par­tido man­tenha a sua ide­o­logia: o mar­xismo-le­ni­nismo». João Maia

«Um co­mu­nista não pode de­sa­nimar, nem de­sistir. É a nossa força e o nosso ideal que hão-de vencer». Stockler

«Não basta afirmar que é pre­ciso ha­bi­tação. Temos de dizer para quem é e que tipo de ha­bi­tação a gente pre­cisa». Diogo Silva




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