Etiópia, Egipto e Sudão continuam a debater barragem no Nilo Azul

Ao fim de 10 jornadas de discussões técnicas e legais, não se registaram progressos tangíveis nas negociações em curso entre a Etiópia, o Egipto e o Sudão sobre a Grande Barragem do Renascimento Etíope, no Nilo Azul, diferendo que tem gerado tensões entre os governos etíope e egípcio.

Informa a Prensa Latina a partir de Adis-Abeba que, na segunda-feira, 13, os três países apresentaram, sobre as discussões havidas, relatórios à África do Sul, país que preside actualmente à União Africana e que está a intermediar o conflito, a pedido dos dirigentes etíopes.

Ao longo de anos de conversações, as duas partes – Etiópia e Egipto, mantendo-se o Sudão um pouco à margem – anunciaram diversas datas como decisivas para chegar a um acordo justo sobre a exploração do gigantesco projecto hidroeléctrico, mas até agora nenhuma mudou drasticamente o rumo do já comprido e áspero processo negocial.

Nada parece sugerir que se chegue de imediato ao fim do contencioso, já que as comissões técnicas e legais tripartidas não conseguiram conciliar posições já debatidas várias vezes. Adis-Abeba e Cairo não se entendem à mesa de negociações e mantêm-se inamovíveis nas suas posições.

No mais recente desencontro, o Egipto rejeitou a proposta da delegação etíope para adiar um acordo sobre alguns aspectos em relação aos quais não há consenso. A Etiópia reitera que vai começar a encher a albufeira de acordo com o programado, já a partir de meados deste mês de Julho, paralelamente às negociações em curso, a que assistem também, como observadores, representantes da União Europeia e dos Estados Unidos.

Questões como o prazo de enchimento da albufeira e como os procedimentos a seguir pelos países ribeirinhos em períodos de seca prolongada carecem, segundo os analistas, de soluções urgentes para fazer avançar as negociações e evitar indesejados confrontos.

A construção do mega projecto começou em 2011 e só em 2014 tiveram início as conversações. A Etiópia pretende encher a albufeira em sete anos ou menos mas o Egipto quer que o processo dure 12 anos ou mais.

Em 2023 deve ficar completa a obra da barragem, no Nilo Azul, que nasce na Etiópia, corre por território sudanês até se unir com o Nilo Branco e formar o rio Nilo, atravessando depois o Egipto e desaguando no Mediterrâneo. O projecto, uma vez concluído, albergará a mais potente central hidroeléctrica de África.

Para o Egipto, a barragem limitará o seu acesso milenar às águas do Nilo, que já não satisfaz o consumo da sua população. Para a Etiópia, é um direito legítimo utilizar os recursos próprios para promover o desenvolvimento do país.

 



Mais artigos de: Internacional

Cuba disponível para dar aos EUA assessoria no combate à pandemia

PARTILHA Cuba está disponível para partilhar a sua experiência e oferecer assessoria aos Estados Unidos e a qualquer outro país para enfrentar a pandemia de COVID-19. Por outro lado, na ilha, a juventude mobiliza-se em tarefas prioritárias como a produção de alimentos.

Rússia garantirá a sua defesa se EUA abandonarem START-3

NUCLEAR Face à possibilidade de os EUA não renovarem o tratado START-3, a Rússia afirma estar preparada para qualquer cenário e assegura que garantirá a sua segurança. O tratado expira em Fevereiro de 2021 e decorrem conversações entre os dois países.

Parlamentares apoiam deputado ameaçado de destituição no Chile

No Chile, um total de 65 legisladores de bancadas parlamentares da oposição expressaram na terça-feira, 14, o seu apoio ao deputado comunista Hugo Gutiérrez, ameaçado por um processo de destituição promovido pela direita. Os deputados assinaram uma carta em que referem que a acção apresentada por integrantes da bancada...

Situação tensa no Mali após repressão de manifestações anti-governamentais

A crispação marcava a atmosfera política em Bamako, na terça-feira, 14, no seguimento dos protestos anti-governamentais do fim-de-semana passado, em que morreram 11 pessoas e ficaram feridas 124, segundo fontes hospitalares na capital do Mali. Os choques entre a polícia e os manifestantes provocaram também uma onda de...

China insta EUA a deixar de apostar na belicosidade

A China insistiu que os Estados Unidos devem deixar de apostar na belicosidade e voltar ao caminho do diálogo para fomentar a cooperação nas relações bilaterais, as quais – advertiu – atravessam momentos de grande desafio. Ao intervir num fórum académico entre ambos os países, o ministro chinês dos Negócios...

Anatomia de um golpe anunciado

A apenas quatro meses das eleições presidenciais nos EUA, Trump envia perigosos sinais às bases do partido republicano e aos sectores do grande capital que o apoiam: manter o poder pode exigir mais do que dólares, urnas e votos. No passado dia 3 de Julho, discursando em frente ao Monte...