Fatah e Hamas devem unir-se no combate pela Palestina

UNI­DADE As or­ga­ni­za­ções pa­les­ti­ni­anas Fatah e Hamas ex­pres­saram o seu acordo em cerrar fi­leiras para com­bater o plano de Is­rael de anexar cerca de um terço do ter­ri­tório da Cis­jor­dânia.

Re­sis­tência à ane­xação da Cis­jor­dânia junta or­ga­ni­za­ções pa­les­ti­ni­anas

Os mo­vi­mentos Fatah e Hamas devem unir-se na luta contra as ma­qui­na­ções de Is­rael e dos Es­tados Unidos da Amé­rica vi­sando a causa da Pa­les­tina, no­me­a­da­mente o anun­ciado plano de ane­xação de partes da Cis­jor­dânia.

A afir­mação, no dia 2, du­rante uma con­fe­rência de im­prensa con­junta, foi pro­fe­rida por Ji­bril Ra­joub, membro do Co­mité Cen­tral da Fatah, em Ra­mallah, e pelo vice-pre­si­dente do Hamas, Saleh Arouri, por vídeo, em Bei­rute. O de­pu­tado no par­la­mento is­ra­e­lita Ayman Odeh, do par­tido Ha­dash e líder da co­li­gação Lista Con­junta, par­ti­cipou também do en­contro com os jor­na­listas.

Ji­bril Ra­joub des­tacou que a Fatah e o Hamas são hoje cha­mados a unir fi­leiras após anos de di­visão, de­mons­trando à co­mu­ni­dade in­ter­na­ci­onal – parte da qual ex­pressou opo­sição aos planos de Is­rael de anexar quase um terço da Cis­jor­dânia – que o povo pa­les­ti­niano está unido na sua luta. «O es­forço será cen­trado na re­sis­tência po­pular em que a Fatah e o Hamas par­ti­ci­parão para se opor à ane­xação, caso a ocu­pação is­ra­e­lita de­cida im­ple­mentá-la», disse Ra­joub, ex­pli­cando que a uni­dade é aceite pelos di­ri­gentes das duas or­ga­ni­za­ções pa­les­ti­ni­anas.

Do seu lado, Saleh Arouri, do Hamas, des­tacou que «a clara e en­fá­tica men­sagem desta con­fe­rência ao nosso povo, aos nossos ini­migos e a todo o mundo é a de que es­tamos unidos contra a ane­xação, e que todos nós, dentro e fora da Pa­les­tina, es­tamos a travar a ba­talha contra isso, sendo esta a po­sição de toda a li­de­rança do Hamas».

De igual modo, Ayman Odeh ga­rantiu que apoia as ini­ci­a­tivas para ul­tra­passar as di­vi­sões entre os dois mo­vi­mentos pa­les­ti­ni­anos: «Esta re­con­ci­li­ação é um passo es­sen­cial para com­bater a ane­xação, acabar com a ocu­pação e al­cançar uma paz justa». «Quem apoia uma paz justa e uma so­lução de dois Es­tados deve apoiar a re­con­ci­li­ação pa­les­tina», in­sistiu.

Re­pressão de­su­mana na Pa­les­tina ocu­pada
Nos pri­meiros seis meses de 2020, em plena pan­demia de Covid-19, o exér­cito is­ra­e­lita de­teve 2330 pa­les­ti­ni­anos, in­cluindo um grupo de me­nores de idade, de­nun­ci­aram em Ra­mallah de­fen­sores dos di­reitos hu­manos.

Pre­ci­sa­mente 304 cri­anças e 70 mu­lheres foram presas no re­fe­rido pe­ríodo, quando os ha­bi­tantes da faixa de Gaza e da Cis­jor­dânia pro­curam conter, com re­cursos muito li­mi­tados, o avanço da pan­demia, que já pro­vocou nos ter­ri­tó­rios ocu­pados mais de 30 mortos e mi­lhares de in­fec­tados.

Nos cár­ceres de Te­la­vive per­ma­necem cerca de 4700 pri­si­o­neiros pa­les­ti­ni­anos, 365 deles atrás das grades sem jul­ga­mento ou se­quer acu­sa­ções, na base do que o Es­tado si­o­nista chama «provas se­cretas», re­vela um re­la­tório se­mes­tral de di­versas or­ga­ni­za­ções sobre a si­tu­ação desses presos.

Dos mais de quatro mil pri­si­o­neiros, muitos cum­prem penas de 20 ou 30 anos de prisão.

De acordo com o re­la­tório, di­vul­gado na se­gunda-feira, 13, pela agência Wafa, per­ma­necem nas ca­deias de Is­rael, apesar dos apelos da Or­ga­ni­zação das Na­ções Unidas para a sua ime­diata li­ber­tação, 160 me­nores de idade pa­les­ti­ni­anos.

«Es­tamos muito pre­o­cu­pados de­vido à con­tínua de­tenção de me­nores pa­les­ti­ni­anos pelas au­to­ri­dades is­ra­e­litas», ma­ni­fes­taram nos úl­timos meses res­pon­sá­veis da ONU. Ex­pli­caram que os me­nores presos en­frentam um risco maior de con­trair a COVID-19, já que o dis­tan­ci­a­mento fí­sico e ou­tras me­didas pre­ven­tivas são amiúde di­fí­ceis de con­se­guir.

Tanto a re­pre­sen­tante es­pe­cial do Fundo das Na­ções Unidas para a In­fância (Unicef) em Gaza e na Cis­jor­dânia, Ge­ne­vieve Boutin, como o co­or­de­nador hu­ma­ni­tário, Jamie Mc­Gol­drick, e o chefe do Ga­bi­nete de Di­reitos Hu­manos, James He­enan, têm in­sis­tido em que du­rante uma crise sa­ni­tária os go­vernos devem em pri­meiro lugar pro­teger as cri­anças e todos os me­nores de idade.

As res­tri­ções vi­gentes im­postas por Is­rael com­plicam a si­tu­ação, pois estão sus­pensos pro­ce­di­mentos le­gais, quase todas as vi­sitas à prisão foram can­ce­ladas e às cri­anças é re­cu­sada uma reu­nião com fa­mi­li­ares e ad­vo­gado.

A Au­to­ri­dade Pa­les­ti­niana exige a li­ber­tação de mu­lheres, cri­anças, idosos e pes­soas com do­enças cró­nicas, isto para salvar as suas vidas, num mo­mento em que Is­rael tenta con­trolar um novo surto de COVID-19, mais letal do que o ini­cial.

 



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