Situação tensa no Mali após repressão de manifestações anti-governamentais

A cris­pação mar­cava a at­mos­fera po­lí­tica em Ba­mako, na terça-feira, 14, no se­gui­mento dos pro­testos anti-go­ver­na­men­tais do fim-de-se­mana pas­sado, em que mor­reram 11 pes­soas e fi­caram fe­ridas 124, se­gundo fontes hos­pi­ta­lares na ca­pital do Mali.

Os cho­ques entre a po­lícia e os ma­ni­fes­tantes pro­vo­caram também uma onda de pri­sões entre os lí­deres dos pro­testos po­pu­lares, que exigem a de­missão do pre­si­dente Ibrahim Abou­bakar Keita, a quem acusam de «estar afas­tado do es­pí­rito da Re­pú­blica».

O chefe do Es­tado anun­ciou, en­tre­tanto, a dis­so­lução do tri­bunal cons­ti­tu­ci­onal, de­cisão in­ter­pre­tada pela im­prensa ma­liana como uma ten­ta­tiva de acalmar a agi­tação civil. O tri­bunal es­tava no centro da con­tro­vérsia de­pois de ter anu­lado par­ci­al­mente os re­sul­tados pro­vi­só­rios das elei­ções par­la­men­tares, re­a­li­zadas em Março.

Nesta ma­téria, o pre­si­dente pro­meteu im­ple­mentar as re­co­men­da­ções da Co­mu­ni­dade Eco­nó­mica dos Es­tados da África Oci­dental (Ce­deao), que se tinha pro­nun­ciado a favor de novas elei­ções nal­gumas cir­cuns­cri­ções, de­pois dos re­sul­tados das le­gis­la­tivas terem sido con­tes­tados pela opo­sição.

Estas con­ces­sões surgem como res­posta aos ma­ni­fes­tantes anti-go­ver­na­men­tais, que co­me­çaram a pro­testar nas ruas há mais de um mês e a exigir a dis­so­lução do par­la­mento e a de­missão do pre­si­dente, dois anos antes do final do seu man­dato, ini­ciado em 2013.

Os pro­testos, li­de­rados pelo imã Maha­moud Dicko, têm sido pro­mo­vidos pelo Mo­vi­mento 5 de junho – Reu­nião das Forças Pa­trió­ticas (M5-RFP), que aglu­tina a maior parte da opo­sição e in­tegra re­li­gi­osos, po­lí­ticos e fi­guras da so­ci­e­dade civil.

Fa­lhanço na luta contra o djiha­dismo, cor­rupção, con­flitos inter-ét­nicos, mi­lhares de des­lo­cados – tudo isso, com o agra­va­mento da crise eco­nó­mica e so­cial no Mali, está na origem das ma­ni­fes­ta­ções anti-go­ver­na­men­tais das úl­timas se­manas, que co­locam o re­gime à beira da rup­tura.

No Mali do pre­si­dente Ibrahim Abou­bakar Keita, um aliado da França, estão ac­tu­al­mente es­ta­ci­o­nadas tropas fran­cesas da Ope­ração Barkhane, com cinco mil mi­li­tares es­pa­lhados também por ou­tros países do Sahel (Chade, Níger, Bur­kina Faso e Mau­ri­tânia). Ba­mako e ou­tras re­giões ma­li­anas aco­lhem também, desde 2013, a Mi­nusma, a missão de paz das Na­ções Unidas, com 14 mil efec­tivos mi­li­tares e civis.

 



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