Comemorar o Centenário reforçando o Partido onde ele é mais necessário

NA­TU­REZA De­zenas de qua­dros do Par­tido do dis­trito do Porto par­ti­ci­param no En­contro Re­gi­onal sobre Or­ga­ni­zação e In­ter­venção em Sec­tores, Em­presas e Lo­cais de Tra­balho, re­a­li­zado no sá­bado, 3. Je­ró­nimo de Sousa in­ter­veio no final.

A or­ga­ni­zação nas em­presas é pre­o­cu­pação cen­tral de todo o Par­tido

Vindos de todo o dis­trito e dos mais va­ri­ados sec­tores, os mi­li­tantes co­mu­nistas pre­en­cheram todos os lu­gares dis­po­ní­veis do au­di­tório da Bi­bli­o­teca Mu­ni­cipal Al­meida Gar­rett, nos jar­dins do Pa­lácio de Cristal. Du­rante toda a tarde, de­ba­teram a questão cen­tral da or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido nas em­presas e lo­cais de tra­balho no dis­trito.

O quadro geral foi tra­çado, logo na aber­tura, por Jaime Toga, da Co­missão Po­lí­tica: no final de 2019, no dis­trito do Porto, havia em fun­ci­o­na­mento 38 or­ga­nismos ­de sector de ac­ti­vi­dade ou em­presa, e foi a partir desta re­a­li­dade – e das de­ci­sões as­su­midas em Março de 2018 na 12.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto – que se de­finiu «ob­jec­tivos para avançar».

Hoje, ha­vendo ainda «um longo ca­minho para per­correr», o Par­tido in­tervém em mais 10 lo­cais de tra­balho onde antes não tinha or­ga­ni­zação ou onde esta há muito não fun­ci­o­nava: nas Caves do Vinho do Porto, em cen­tros de con­tacto, na PT, no Mil­le­nium BCP, nos en­fer­meiros, na EMAP, na Câ­mara Mu­ni­cipal do Marco de Ca­na­veses e no sector das pe­dreiras. Estes avanços re­sultam do cum­pri­mento ri­go­roso e cri­a­tivo das ori­en­ta­ções de­fi­nidas e da de­di­cação dos mi­li­tantes.

Uma re­lação di­a­lé­tica

Nas vá­rias in­ter­ven­ções de­nun­ciou-se a brutal ofen­siva pa­tronal lan­çada nos úl­timos meses a pre­texto da epi­demia de COVID-19, deu-se a co­nhecer as ex­pe­ri­ên­cias e os avanços or­ga­ni­za­tivos e va­lo­rizou-se as lutas tra­vadas e as vi­tó­rias al­can­çadas: a re­lação di­a­lé­tica entre a or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido e a re­sis­tência e luta dos tra­ba­lha­dores ficou mais do que evi­dente.

Na Efacec, apesar dos des­pe­di­mentos se­lec­tivos, a cé­lula mantém-se em fun­ci­o­na­mento e con­tinua a es­cla­recer e mo­bi­lizar os tra­ba­lha­dores, agora para que a na­ci­o­na­li­zação da em­presa seja de­fi­ni­tiva. Já nos cen­tros de con­tacto da MEO ou da NOS, a exis­tência de mi­li­tantes co­mu­nistas foi de­ci­siva para o au­mento da cons­ci­ência dos tra­ba­lha­dores: «mesmo com ele­vada pre­ca­ri­e­dade, é pos­sível re­sistir e lutar», afirmou um dos ora­dores.

Nas Caves do Vinho do Porto, a cé­lula foi criada em fi­nais de 2018. Hoje, ga­rantiu uma jovem tra­ba­lha­dora, «fala-se do Par­tido na em­presa». E tão ne­ces­sário que ele é, pois os des­pe­di­mentos, os baixos sa­lá­rios e as fé­rias for­çadas são uma re­a­li­dade, ao mesmo tempo que os lu­cros se mantêm ele­vados, apesar da epi­demia. Já no sector das pe­dreiras, a emi­gração e as do­enças em­pur­raram muitos tra­ba­lha­dores para fora do sector, entre os quais vá­rios mi­li­tantes do PCP. Ainda assim, foi pos­sível re­cons­truir a or­ga­ni­zação e pros­se­guir a luta pelo di­reito à re­forma an­te­ci­pada, que al­cançou uma im­por­tante vi­tória graças à per­sis­tência dos tra­ba­lha­dores e à in­ter­venção do Par­tido.

Na Pe­trogal, a cé­lula do Par­tido e a pre­sença de co­mu­nistas nas or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas de tra­ba­lha­dores são es­sen­ciais para que se man­tenha forte a pressão sobre a ad­mi­nis­tração, que de­pois de dis­tri­buir avul­tados di­vi­dendos pelos ac­ci­o­nistas pre­tende levar a cabo 200 des­pe­di­mentos. O te­le­tra­balho e a drás­tica re­dução do nú­mero de tra­ba­lha­dores di­fi­cultou o tra­balho par­ti­dário no sector fi­nan­ceiro, mas as me­didas or­ga­ni­za­tivas as­su­midas e os seus re­sul­tados abrem boas pers­pec­tivas: «é pre­ciso re­forçar pela base», afirmou um mi­li­tante do sector.

Em vá­rios sec­tores da ad­mi­nis­tração pú­blica, o Par­tido tem or­ga­ni­zação, dis­tribui bo­le­tins e co­mu­ni­cados e pro­move e es­ti­mula as lutas.

Cri­a­ti­vi­dade e fu­turo

Al­guns ora­dores eram mi­li­tantes re­centes do Par­tido, ao qual ade­riram em plenos pro­cessos de luta. Foram, por exemplo, os casos de uma tra­ba­lha­dora do sector so­cial, cuja adesão per­mitiu formar uma cé­lula no seu local de tra­balho, e de um jovem ar­qui­tecto, que se juntou pri­meiro ao Mo­vi­mento dos Tra­ba­lha­dores em Ar­qui­tec­tura e só de­pois ao PCP.

Nas pro­fis­sões in­te­lec­tuais, aliás, mar­cadas hoje por uma ace­le­rada pro­le­ta­ri­zação, uma ele­vada pre­ca­ri­zação e uma imensa dis­persão, os de­sa­fios à or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores são imensos. O que não im­pediu o Par­tido de se afirmar e or­ga­nizar.

De vá­rias or­ga­ni­za­ções con­ce­lhias vi­eram no­tí­cias de avanços na li­gação a vá­rias em­presas e da JCP exem­plos de de­ter­mi­nação e com­ba­ti­vi­dade nos duros meses do cha­mado con­fi­na­mento: os jo­vens co­mu­nistas es­ti­veram «sem medo» nas em­presas, no 1.º de Maio, na Festa do Avante!, na acção de luta na­ci­onal do pas­sado dia 26 de Se­tembro.


Re­vi­gorar e apro­fundar
raízes junto dos tra­ba­lha­dores

«Neste tempo de grandes pe­rigos, tornou-se ainda mais pri­o­ri­tária para toda a or­ga­ni­zação do Par­tido a ta­refa de ac­tivar e di­na­mizar toda a es­tru­tura e mi­li­tância par­ti­dária nas em­presas e lo­cais de tra­balho.» A frase foi pro­fe­rida no en­cer­ra­mento do en­contro por Je­ró­nimo de Sousa, para quem cabe aos co­mu­nistas «con­tri­buir para a di­na­mi­zação da pró­pria or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores, re­forçar e cons­truir a sua uni­dade e o de­sen­vol­vi­mento da sua luta e tomar a di­an­teira na de­fesa dos seus in­te­resses».

Após re­alçar as me­didas de re­forço do Par­tido que se in­te­gram nas co­me­mo­ra­ções do Cen­te­nário, o Se­cre­tário-geral ga­rantiu que o PCP pre­cisa de «con­ti­nu­a­mente re­vi­gorar e apro­fundar as suas raízes junto dos tra­ba­lha­dores com acção, or­ga­ni­zação e es­tudo atento e ri­go­roso das suas con­di­ções de vida e de tra­balho, in­ter­pre­tando e dando ex­pressão aos seus pro­blemas e as­pi­ra­ções, à sua luta e à luta das suas or­ga­ni­za­ções, que são a razão de ser da sua exis­tência».

O tra­balho re­a­li­zado até aqui foi «muito im­por­tante», acres­centou, su­bli­nhando a acção dos cinco mil con­tactos, que se saldou pela adesão de mais 1350 novos mi­li­tantes e per­mitiu a cri­ação e re­forço de cé­lulas e a in­ter­venção em muitas em­presas onde esta não se ve­ri­fi­cava. Para o di­ri­gente co­mu­nista, «este é um tempo em que os co­mu­nistas são cha­mados a re­du­plicar o tra­balho para cum­prir o seu in­subs­ti­tuível papel ao lado dos tra­ba­lha­dores e do povo e na de­fesa dos seus in­te­resses. Tempos de grande exi­gência que re­clamam per­se­ve­rança e dis­po­ni­bi­li­dade re­vo­lu­ci­o­nária.»




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