A campanha para as eleições presidenciais

João Frazão (Membro da Comissão Política)

As eleições para Presidente da República são uma importante batalha, em defesa dos valores de Abril e do projecto inscrito na Constituição da República Portuguesa e do próprio regime democrático. Dimensão que estaria completamente arredada do debate, se não fosse a candidatura de João Ferreira.

Uma candidatura absolutamente distintiva de todas as outras. A candidatura dos trabalhadores, da defesa dos serviços públicos, da cultura e dos agentes culturais, dos direitos das mulheres e da juventude, de todos os atingidos pela política de direita.

São eleições especiais. Após anos de campanhas contra os políticos e a política, dizendo que os políticos são todos iguais, de crítica aos gastos nas campanhas, junta-se agora a operação que, a pretexto da epidemia, quer promover o medo, a resignação e a desistência, apontando o dedo a quem queira contactar com as pessoas, afirmando os seus projectos e explicando-lhes as razões para votar.

Uma espécie de tempestade perfeita para promover os mesmos de sempre, os que beneficiam dos favores da comunicação social ao serviço dos grupos económicos.

Aí os vemos, os que dizem não ser ainda candidatos, e que se forem farão uma campanha muito frugal, a usar as estruturas do poder para se promoverem todos os dias.

Aí os temos, os que alimentam projectos reaccionários ao serviço do grande capital, a aparecerem por tudo e por nada, a gritar contra o sistema, alimentados por aqueles que são o suporte e os beneficiários do mesmo sistema.

Aí estão, os que ao longo de décadas conviveram com a degradação da situação económica e social, a aparecerem dia sim dia não na comunicação social como os regeneradores das práticas políticas.

Pela nossa parte, nestes 76 dias que distam desde o anúncio da nossa candidatura, fizemos o que tinha de ser feito.

João Ferreira andou pelo País, dando voz aos trabalhadores, às populações, à juventude, aos micro, pequenos e médios empresários, aos agricultores, às mulheres.

Defendeu o Serviço Nacional de Saúde, os serviços públicos, a produção nacional, o direito à cultura, o ambiente e as liberdades.

Mas isso, perguntarão os camaradas, onde foi? Porque não apareceu na comunicação social?

Porque aqueles que choram lágrimas de crocodilo pela falta de participação nas eleições, dedicam uma boa parte do seu tempo a garantir que os trabalhadores e o povo não conheçam uma candidatura, a de João Ferreira, que assume um exercício distintivo da função de Presidente da República e que não desistirá de nenhuma das batalhas a que se propôs.

Uma campanha diferente
Os contactos nesta campanha vão realizar-se em condições especiais. Seja porque o ambiente da opinião publicada é o da contestação à realização de acções presenciais, com impacto na consciência das massas, seja porque muitas empresas têm alterações no funcionamento e no número de trabalhadores, seja pelas previstas limitações a circulação.

Tal obriga a apostar mais nos meios digitais, nas redes sociais. Mas não podemos prescindir desse património único que é o contacto directo, olhos nos olhos, ouvindo e esclarecendo, dando argumentos para que cada um reflicta sobre a necessidade e a utilidade do voto em João Ferreira.

Até porque a nossa candidatura e o nosso candidato podem andar, sem hesitações, sem receios, sem vergonha, de cabeça erguida e de cara levantada. O seu percurso de seriedade, integridade e entrega à defesa dos trabalhadores e do povo falam por si.

Isto implica, não desistindo de ir a todas as empresas, e até alargando o seu número, ir mais onde estiverem as pessoas. Aos bairros, às localidades, às aldeias, com elementos de som, de afirmação da candidatura.

Uma campanha que se fará garantindo todas as condições de segurança sanitária que a situação exija e que, para além de contar também com a participação da Mandatária Nacional, Heloísa Apolónia, reclama, a mobilização dos mandatários regionais e concelhios, mas também de dirigentes e outros quadros do Partido, para animar a intervenção.

Uma campanha que para além dos documentos nacionais já em distribuição e a produzir, assentará também nos que as organizações venham a editar, designadamente a partir das listas de apoio que se venham a recolher.

Uma campanha que não pode dispensar antes exige o contacto dirigido aos nossos militantes e simpatizantes para que não fiquem em casa, sabendo que cada voto conta, e que a votação que tivermos a 24 de Janeiro será uma alavanca para as muitas batalhas que temos pela frente, para a luta contra a exploração, e por um Portugal com futuro.

Uma nota apenas sobre a fiscalização do acto eleitoral. Com as alterações introduzidas na legislação eleitoral teremos mais mesas para o voto antecipado e a 24 de Janeiro temos que garantir a indicação de membros de mesas e delegados, com a importância específica que cada um tem e a recolha financeira como critério que não deve ser menosprezado.

Candidatura colectiva
É com grande confiança que enfrentamos mas esta batalha. Confiança porque esta candidatura sendo unipessoal não é a candidatura de um homem só.

É a candidatura dos que acreditam que há outro caminho, que conta com um grande e generoso colectivo de homens e mulheres que se empenhará na sua afirmação, desde logo na recolha das 15 000 mil proposituras para o Tribunal Constitucional.

Que contribuirá para o alargamento dos apoios dos mais diversos sectores, de que destaco, pela importância e pela afirmação da identidade desta candidatura, os apoios dos membros de organizações representativas de trabalhadores, aproveitando todas as potencialidades que aqueles que já nos chegaram revelam.

Temos muito orgulho de poder dizer que o João Ferreira é o nosso candidato. Mas enche-nos mais o peito poder dizer que ele é muito mais que isso. Que o projecto e os valores que ele representa e que a sua candidatura transporta, que os caminhos de Abril que quer percorrer fazem dele o candidato de muitos outros democratas, homens e mulheres de outros partidos ou sem partido que queremos que percorram esses caminhos connosco.

Falaremos com todos eles para que apoiem activamente esta candidatura necessária e indispensável. A todos eles dizemos sejam bem-vindos para dar força a esta força de Abril!

João Ferreira está há dois meses na rua para afirmar a sua candidatura a Presidente da Republica. São a mostra do que podemos esperar. Silenciamento e desvalorização. Manipulação e deturpação quanto ao que defende e ao que se propõe.

Nestes 58 dias que faltam, o que fará a diferença, já se sabe, é a acção e a intervenção da organização do Partido, dos seus militantes, dos muitos apoiantes da candidatura. Com alegria. Com coragem. Com confiança. Porque queremos mesmo abrir um horizonte de esperança.

 



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