Os direitos das mulheres, a Constituição e o País sonhado

DI­REITOS João Fer­reira e a man­da­tária na­ci­onal, He­loísa Apo­lónia, par­ti­ci­param numa Con­versa com Mu­lheres no dia 29 de De­zembro, no salão prin­cipal da Casa do Alen­tejo, em Lisboa.

A igual­dade é um com­pro­misso da can­di­da­tura de João Fer­reira

Desde a sua apre­sen­tação como can­di­dato a Pre­si­dente da Re­pú­blica que João Fer­reira vem aler­tando para o con­fronto exis­tente entre o con­teúdo da Cons­ti­tuição e a prá­tica po­lí­tica de su­ces­sivos go­vernos, des­res­pei­ta­dora do que de mais avan­çado per­ma­nece na Lei Fun­da­mental do País. Os di­reitos das mu­lheres são um dos muitos exem­plos desta re­a­li­dade: por mais que a Cons­ti­tuição con­sagre a não dis­cri­mi­nação em função do sexo e a igual­dade entre ho­mens e mu­lheres, estas con­ti­nuam a ser pre­ju­di­cadas no tra­balho e na so­ci­e­dade, sendo das pri­meiras em risco de po­breza, de­sem­prego e pre­ca­ri­e­dade e su­jeitas a toda a es­pécie de vi­o­lên­cias.

Vá­rias foram as in­ter­ven­ções pro­fe­ridas na sessão da Casa do Alen­tejo em que ficou bem pa­tente esta con­tra­dição entre o País so­nhado, con­sa­grado na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, e a re­a­li­dade quo­ti­diana de muitos mi­lhares de mu­lheres em Por­tugal. Numa dessas in­ter­ven­ções, a pro­fes­sora Ana­bela La­ran­jeira per­gun­tava: Que país se­ríamos se todos os di­reitos ins­critos na Cons­ti­tuição – porque con­quis­tados em Abril – fossem efec­ti­va­mente cum­pridos? «Fomos en­ga­nadas», chegou a afirmar a ac­triz Maria João Luís, con­tra­pondo as es­pe­ranças de que o Por­tugal de­mo­crá­tico visse o fim de todas as dis­cri­mi­na­ções à re­a­li­dade con­creta do País.

Já Be­a­triz Mendes lem­brou que as mu­lheres re­pre­sentam 53% dos es­tu­dantes do En­sino Su­pe­rior e 60% dos que con­cluem os res­pec­tivos cursos. Apesar disso, as suas taxas de de­sem­prego são mais ele­vadas e os sa­lá­rios mais baixos do que os dos co­legas ho­mens, ques­ti­o­nando-se: Será esse o meu fu­turo? No sector da grande dis­tri­buição co­mer­cial, re­latou Luísa Alves, ser tra­ba­lha­dora e mãe é visto como uma «bar­reira» ao lucro, sendo o di­reito à con­ci­li­ação da vida pro­fis­si­onal com a vida pes­soal per­ma­nen­te­mente posto em causa.

Ra­zões de sobra

Foram muitas as ra­zões para apoiar João Fer­reira tra­zidas à sessão por mu­lheres de vá­rias ori­gens so­ciais e áreas de ac­ti­vi­dade, a mai­oria apre­sen­tadas pre­sen­ci­al­mente, ou­tras através de de­poi­mentos, lidos por He­loísa Apo­lónia: a sin­di­ca­lista e ac­ti­vista ca­tó­lica De­o­linda Ma­chado partiu da re­cente en­cí­clica do Papa Fran­cisco Todos Ir­mãos [Fra­telli Tutti] para de­fender um com­bate efec­tivo à vi­o­lência da pros­ti­tuição e uma po­lí­tica in­te­grada de in­clusão e er­ra­di­cação da po­breza e, por co­e­rência, o voto em João Fer­reira, a que apelou também a mé­dica Ana Abel, dada a co­e­rente ba­talha do can­di­dato pela va­lo­ri­zação do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde. A sin­di­ca­lista Fá­tima Mes­sias, na men­sagem que en­viou, va­lo­rizou o papel das mu­lheres no mundo do tra­balho e, também, no mo­vi­mento sin­dical, cons­ti­tuindo hoje quase 60% do total de tra­ba­lha­dores sin­di­ca­li­zados na CGTP-IN.

Da tri­buna, Isabel Cruz trans­mitiu outra men­sagem, da di­ri­gente da as­so­ci­ação Mu­lheres no Des­porto, Fer­nanda Pi­çarra, que «não cos­tuma vir a estas coisas da po­lí­tica», mas que deixou um tes­te­munho sobre a ne­ces­si­dade de ba­ta­lhar pela igual­dade também no des­porto, onde é baixa a taxa de mu­lheres fe­de­radas e os di­reitos de ma­ter­ni­dade na alta com­pe­tição nem sempre são ga­ran­tidos.

De viva voz

O que so­bres­saiu das in­ter­ven­ções pro­fe­ridas na sessão foi a di­ver­si­dade de si­tu­a­ções que afectam as mu­lheres em Por­tugal e das suas lutas pela igual­dade. Mar­ga­rida Lopes, que tra­balha na Con­fe­de­ração Na­ci­onal dos Or­ga­nismos de De­fi­ci­entes (CNOD), falou do que é ser mu­lher e de­fi­ci­ente: as bar­reiras no acesso ao tra­balho, as dis­cri­mi­na­ções nos di­reitos la­bo­rais, mas também se­xuais e re­pro­du­tivos, e a su­jeição a um sem nú­mero de vi­o­lên­cias. Ma­riana Cal, que vo­tará pela pri­meira vez (e em João Fer­reira), apelou a que se re­pense a es­cola, de modo a que con­tribua efec­ti­va­mente para es­bater as as­si­me­trias so­ciais.

Ana Luísa Lou­renço re­feriu-se às di­fi­cul­dades das ad­vo­gadas sempre que se en­con­trem pri­vadas de ren­di­mentos, sem pro­tecção e obri­gadas a des­contar para a caixa es­pe­cí­fica destes pro­fis­si­o­nais, e a mé­dica Gra­ziela Si­mões de­nun­ciou as in­ten­ções dos grupos pri­vados de saúde de pa­ra­sitar o SNS, sau­dando João Fer­reira pela de­fesa «in­tran­si­gente» que faz do di­reito uni­versal à saúde. Maria Au­gusta Fer­nandes apelou a que nunca se se­pare a luta das mu­lheres do com­bate mais geral pelo de­sen­vol­vi­mento e Cle­men­tina Hen­ri­ques re­alçou o papel his­tó­rico das mu­lheres por uma «so­ci­e­dade mais justa com di­reito à di­fe­rença».

Apoios cres­centes

A ve­re­a­dora da Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa Paula Mar­ques, que desde o início ma­ni­festou o apoio a João Fer­reira, fez questão de o afirmar ali, pe­rante as mais de cem pes­soas que en­chiam o salão. Muito em­bora dis­cordem em bas­tantes ques­tões, re­alçou, a eleita pelo mo­vi­mento Ci­da­dãos por Lisboa re­co­nhece em João Fer­reira a fir­meza e a ca­pa­ci­dade ne­ces­sá­rias para travar a ba­talha das elei­ções Pre­si­den­ciais.

A di­ri­gente do Mo­vi­mento De­mo­crá­tico de Mu­lheres, Re­gina Mar­ques, que jun­ta­mente com a his­tó­rica ac­ti­vista Dulce Re­belo en­tregou um ma­ni­festo ao can­di­dato, con­cordou com este na ava­li­ação de que a pre­sente si­tu­ação das mu­lheres ra­dica no in­cum­pri­mento da Cons­ti­tuição e apelou à con­ti­nu­ação da luta pela «igual­dade na vida, de di­reitos e opor­tu­ni­dades».

A en­cerrar a sessão, logo após He­loísa Apo­lónia apelar às pre­sentes para tra­zerem mais gente ao apoio à can­di­da­tura de João Fer­reira, o can­di­dato in­sistiu numa ideia que tem mar­cado o seu dis­curso: esta é uma can­di­da­tura «de mu­lheres e ho­mens, iguais, em luta pela igual­dade», também esta parte do «ho­ri­zonte de es­pe­rança que que­remos abrir no nosso País».




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