Com 35 anos, Gabriel Boric é o candidato mais jovem à presidência do Chile e encarna as exigências de mudança num país onde os eleitores vão escolher entre dois modelos sócio-económicos muito diferentes.

Apoiado pela coligação de esquerda Apruebo Dignidad – que integra o Partido Comunista do Chile e outras forças progressistas –, Boric ficou em segundo lugar na primeira volta das eleições presidenciais de 21 de Novembro, com 25,7% por cento dos votos, menos dois pontos percentuais que o ultradireitista José Antonio Kast, simpatizante confesso do ditador fascista Augusto Pinochet (1973-1990).

Segundo a imprensa chilena, Boric obteve no último mês apoios diversificados de partidos oposicionistas, movimentos sociais, grupos culturais e individualidades democratas, e a maior parte dos estudos de opinião apontam-no como favorito à vitória.

Activista nas manifestações estudantis que, nos últimos anos, exigiram nas ruas uma educação gratuita e de qualidade, além de outras transformações na sociedade chilena, Boric participou também nos protestos sociais de 2019 contra o neoliberalismo, que abriram caminho à eleição da assembleia constituinte encarregada de redigir uma nova Constituição. «Se o Chile foi o berço do neoliberalismo, será também o seu túmulo», afirmou numa ocasião.

O seu programa de governação prevê reforçar e modernizar o Estado, mudar o sistema de pensões e garantir um serviço universal de saúde. Propõe um aumento gradual do Produto Interno Bruto, meta a alcançar com a subida de impostos aos mais ricos e travando a evasão fiscal. Recuperar o emprego, sobretudo o das mulheres e dos jovens, perdoar a dívida aos estudantes e apoiar as pequenas e médias empresas figuram nas suas prioridades.

A campanha para a eleição de Gabriel Boric tem percorrido o Chile, e particularmente as zonas populares, com a participação empenhada de dirigentes, eleitos e militantes do Partido Comunista do Chile.