Intervenção de abertura de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP

O caminho para resistir e avançar está na resposta aos problemas concretos

Dé­cadas de po­lí­tica de di­reita e de sub­missão à União Eu­ro­peia e ao euro re­sul­taram na en­trega do do­mínio da vida na­ci­onal ao grande ca­pital na­ci­onal e es­tran­geiro

Per­mitam que co­mece por trans­mitir as mais ca­lo­rosas sau­da­ções a todos vós e ao con­junto do grande co­lec­tivo par­ti­dário, prin­cipal obreiro e ga­rante do Par­tido que temos e que somos.

Es­tamos aqui a ini­ciar os tra­ba­lhos da nossa Con­fe­rência Na­ci­onal. Para trás ficou um in­tenso tra­balho pre­pa­ra­tório, en­vol­vendo mi­lhares de mi­li­tantes e pra­ti­ca­mente todos os or­ga­nismos do Par­tido, em cen­tenas de reu­niões, elec­tivas e de de­bate re­a­li­zadas por todo o País.

Um alar­gado pro­cesso de dis­cussão co­lec­tiva, onde uma vez mais está pa­tente o fun­ci­o­na­mento de­mo­crá­tico do nosso Par­tido e do qual re­sul­taram inú­meras pro­postas que con­tri­buíram sig­ni­fi­ca­ti­va­mente para o en­ri­que­ci­mento e aper­fei­ço­a­mento do Pro­jecto de Re­so­lução, seja no do­mínio da ini­ci­a­tiva po­lí­tica, seja no plano da luta e do re­forço das or­ga­ni­za­ções de massas, seja ainda no plano do re­forço do Par­tido.

E se no con­junto do de­bate está evi­dente uma forte iden­ti­fi­cação com as li­nhas e pri­o­ri­dades de tra­balho que o Pro­jecto de Re­so­lução aponta, o que agora aqui está em dis­cussão in­cor­pora as pro­postas re­sul­tantes desse amplo de­bate.

Pas­saram dois anos da re­a­li­zação do nosso XXI Con­gresso e a vida está a con­firmar a ac­tu­a­li­dade e jus­teza das aná­lises e de­ci­sões que então to­mámos. De facto, não há tese fun­da­mental que possa ser re­fu­tada com os factos da re­a­li­dade.

Por isso, es­tamos aqui não porque as ori­en­ta­ções dele ema­nadas ti­vessem dei­xado de fazer sen­tido, mas porque, en­tre­tanto, rá­pidos de­sen­vol­vi­mentos em im­por­tantes as­pectos da evo­lução da si­tu­ação in­ter­na­ci­onal e na­ci­onal, então já iden­ti­fi­cados, pas­saram a co­locar par­ti­cu­lares exi­gên­cias à or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido, à luta dos tra­ba­lha­dores e do povo que se im­pu­nham con­si­derar pelo co­lec­tivo par­ti­dário para sua in­ter­venção ime­diata e fu­tura.

A ofen­siva do im­pe­ri­a­lismo

É o caso do apro­fun­da­mento da ofen­siva do im­pe­ri­a­lismo e a po­lí­tica de con­fron­tação e guerra que este pro­move e trans­porta, ar­ti­cu­lada e su­por­tada por uma brutal e ma­ni­pu­la­dora in­ves­tida ide­o­ló­gica. É no plano do País, o agra­va­mento da si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial e a au­sência de res­postas aos pro­blemas na­ci­o­nais, que apelam ao re­do­brar da nossa ini­ci­a­tiva cen­trada na sua so­lução. São as re­centes al­te­ra­ções do quadro po­lí­tico que, como se está a ve­ri­ficar, ten­derão a re­plicar, senão a apro­fundar a evo­lução ne­ga­tiva do País que dé­cadas de po­lí­tica de di­reita im­pu­seram.

Como temos afir­mado e a vida o con­firma, a evo­lução da si­tu­ação in­ter­na­ci­onal con­tinua, no fun­da­mental, mar­cada pela na­tu­reza ex­plo­ra­dora, opres­sora, agres­siva e pre­da­dora do ca­pi­ta­lismo, pelo apro­fun­da­mento da sua crise es­tru­tural.

Como se afirma no Pro­jecto de Re­so­lução da nossa Con­fe­rência, o ca­pi­ta­lismo não só com­prova essa in­ca­pa­ci­dade, como é si­mul­ta­ne­a­mente causa e factor do agra­va­mento dos pro­blemas no plano eco­nó­mico, so­cial, po­lí­tico, cul­tural e am­bi­ental.

Uma re­a­li­dade que está pa­tente no apro­vei­ta­mento, quer da pan­demia, quer da ins­ti­gação da con­fron­tação e prin­ci­pal­mente das san­ções, in­cluindo no quadro da in­ten­si­fi­cação da guerra na Ucrânia, que tem vindo a tra­duzir-se num cres­cente agra­va­mento da ex­plo­ração, das de­si­gual­dades e in­jus­tiças e no acu­mular de ca­pital nas mãos das mul­ti­na­ci­o­nais, cuja ra­pidez e in­ten­si­fi­cação dessa acu­mu­lação não pode ser des­li­gada de uma brutal acção es­pe­cu­la­tiva que atra­vessa os mais di­versos sec­tores, do fi­nan­ceiro ao ener­gé­tico, do far­ma­cêu­tico ao agro-ali­mentar, da grande dis­tri­buição ao do ar­ma­mento e cujas con­sequên­cias so­ciais se ex­pressam num novo e des­me­dido salto do cres­ci­mento da po­breza ex­trema no mundo.

Uma evo­lução que não está des­li­gada da acção das forças do im­pe­ri­a­lismo e da sua ofen­siva, vi­sando impor o seu do­mínio he­ge­mó­nico que têm vindo pe­ri­go­sa­mente a in­cre­mentar e de­sen­volver, no­me­a­da­mente com a es­ca­lada da po­lí­tica de con­fron­tação, de que é ex­pressão a es­tra­tégia mi­li­ta­rista dos Es­tados Unidos da Amé­rica e da NATO com o seu su­ces­sivo alar­ga­mento e in­ter­venção de ca­rácter global.

Ofen­siva na qual se in­sere numa po­sição de ex­tra­or­di­nária sub­missão e de­pen­dência a União Eu­ro­peia face aos in­te­resses dos EUA, num pro­cesso em que se in­te­gram as forças de di­reita e da so­ci­al­de­mo­cracia.

Esta es­tra­tégia do im­pe­ri­a­lismo - em que se in­sere a guerra na Ucrânia e o seu pro­lon­ga­mento e a cres­cente tensão e pro­vo­cação contra a China - trans­porta con­sigo o pe­rigo de uma con­fron­tação global com graves con­sequên­cias para a hu­ma­ni­dade.

Outro traço cada vez mais claro e pre­o­cu­pante desta evo­lução e desta es­tra­tégia do im­pe­ri­a­lismo é a in­ten­si­fi­cação da ma­ni­pu­lação, da men­tira e a cen­sura da in­for­mação, vi­sando impor um pen­sa­mento único e vul­ga­rizar con­cep­ções re­ac­ci­o­ná­rias e fas­ci­zantes para, pro­mo­vendo o an­ti­co­mu­nismo, atacar a de­mo­cracia e fazer re­gredir a cons­ci­ência dos povos sobre os seus le­gí­timos di­reitos e as­pi­ra­ções, e fe­char as portas às suas al­ter­na­tivas de de­sen­vol­vi­mento e aos ca­mi­nhos da eman­ci­pação.

Ca­mi­nhos que os povos vão tri­lhando com a sua re­sis­tência e luta, num pro­cesso ir­re­gular e com­plexo é certo, mas onde estão pre­sentes reais pos­si­bi­li­dades de con­cre­tizar avanços.

Op­ções do PS agravam pro­blemas

Por­tugal não é imune a todos estes de­sen­vol­vi­mentos ne­ga­tivos, cujas con­sequên­cias se re­flectem na vida po­lí­tica, eco­nó­mica e so­cial do País e se ma­ni­festam de forma agra­vada em re­sul­tado de uma de­sas­trosa po­lí­tica de re­cu­pe­ração ca­pi­ta­lista e mo­no­po­lista de dé­cadas de Go­vernos de PS, PSD e CDS, que hi­po­te­caram o de­sen­vol­vi­mento na­ci­onal e em­pur­raram Por­tugal para uma crise pro­lon­gada.

Temos ana­li­sado am­pla­mente o re­sul­tado desse pro­cesso de dé­cadas de po­lí­tica de di­reita e de sub­missão à União Eu­ro­peia e ao Euro e, em geral, ao im­pe­ri­a­lismo e que se tra­duziu na en­trega do do­mínio da vida na­ci­onal ao grande ca­pital na­ci­onal e es­tran­geiro e num sis­tema de poder em que esse ca­pital dispõe de facto em Por­tugal e que tem nesta po­lí­tica um ins­tru­mento ao seu ser­viço, agindo à margem e contra a Cons­ti­tuição.

As con­sequên­cias estão também iden­ti­fi­cadas por nós: dé­fices es­tru­tu­rais agra­vados nos do­mí­nios pro­du­tivo, ener­gé­tico, tec­no­ló­gico e de­mo­grá­fico, es­tag­nação eco­nó­mica alon­gada, au­mento da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, cres­centes de­si­gual­dades so­ciais e ter­ri­to­riais e fortes im­pactos ne­ga­tivos no plano so­cial, na par­ti­ci­pação po­lí­tica, na vida cul­tural, no plano am­bi­ental e no pró­prio re­gime de­mo­crá­tico. Tudo isto tem mar­cado a re­a­li­dade de um País que se apre­senta frágil, vul­ne­rável e de­pen­dente.

É em cima desta re­a­li­dade na­ci­onal e tendo em conta os seus cró­nicos pro­blemas que se impõe olhar e ava­liar os re­centes de­sen­vol­vi­mentos que co­locam novos pro­blemas e exi­gên­cias à nossa in­ter­venção e à luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções.

Desde logo, a al­te­ração da cor­re­lação de forças no plano po­lí­tico e ins­ti­tu­ci­onal com a ob­tenção de uma mai­oria ab­so­luta pelo PS - acom­pa­nhada da re­dução da ex­pressão par­la­mentar do PCP, al­can­çada na base de uma ope­ração de chan­tagem e mis­ti­fi­cação.

Al­te­ração cujas con­sequên­cias ne­ga­tivas para o povo e o País são muito vi­sí­veis. Se al­guém tinha dú­vidas dos ver­da­deiros ob­jec­tivos dessa ope­ração, que tinha muito de ma­qui­a­vé­lica pelo cál­culo e o so­fisma que trans­por­tava, a re­a­li­dade está a com­prová-lo.

Com­prova-o o con­junto das op­ções que têm vindo a tomar nos mais di­versos do­mí­nios, seja no com­bate ao au­mento do custo de vida que não as­sume, seja nas falsas so­lu­ções que apre­senta no plano da le­gis­lação la­boral, dos sa­lá­rios e das re­formas, seja nas suas op­ções que estão a con­duzir ao au­mento das in­jus­tiças e das de­si­gual­dades.

Com­prova-o o fazer costas com costas do PS com o PSD, o CDS, a IL e o Chega no que era de­ci­sivo para ga­rantir os in­te­resses do grande ca­pital, fosse para in­vi­a­bi­lizar as pro­postas do PCP de re­po­sição na ple­ni­tude, como era justo dos di­reitos la­bo­rais e so­ciais ex­tor­quidos aos tra­ba­lha­dores, de au­mento dos sa­lá­rios, da exi­gência do con­trolo dos preços e da ta­xação de lu­cros ex­tra­or­di­ná­rios da es­pe­cu­lação.

Sim, com­prova-o o em­buste dos au­mentos das re­formas e pen­sões, que nem se­quer re­põem o poder de compra per­dido em 2022, ao mesmo tempo que pro­jecta de­gradar as pen­sões fu­turas.

Com­prova-o a farsa da “re­va­lo­ri­zação sa­la­rial” do cha­mado Acordo de ren­di­mentos, que nega aos sa­lá­rios o que dá em be­ne­fí­cios e al­ca­valas de mi­lhares de mi­lhões ao grande ca­pital, au­men­tando a ex­plo­ração.

Com­prova-o a re­toma do pro­cesso pri­va­ti­zador que já se vê na TAP, nas novas PPP que se pre­param na fer­rovia, na trans­fe­rência de mi­lhões para os grupos da saúde.

Com­prova-o o seu tor­pe­dear acerca das causas que estão na origem do surto in­fla­ci­o­nista que em­po­brece e de­grada as con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo, em­pur­rando as culpas para os sa­lá­rios e deixar na sombra a es­pe­cu­lação do ca­pital, a co­berto da epi­demia e de­pois da guerra e das san­ções.

Com­prova-o a sua re­cusa em mexer nos grandes in­te­resses eco­nó­micos e no seu poder dis­cri­ci­o­nário es­pe­cu­la­tivo sobre os preços, per­mi­tindo-lhes andar em roda livre e assim con­ti­nuam a acu­mular mi­lhões e mi­lhões de lucro que atingem má­ximos his­tó­ricos.

Com­prova-o a sua po­lí­tica or­ça­mental do pas­sado e a que pro­jecta para 2023 com uma pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado que apro­fun­dará o em­po­bre­ci­mento da mai­oria da po­pu­lação, que con­ti­nuará a de­gra­dação do SNS, a des­res­pon­sa­bi­li­zação do Go­verno pela Es­cola Pú­blica, dos ser­viços pú­blicos e do in­ves­ti­mento pú­blico, que agrava a in­jus­tiça fiscal, sem res­postas de fundo aos pro­blemas da ha­bi­tação, aos di­reitos das cri­anças e dos pais, ao sector da cul­tura, às di­fi­cul­dades de mi­lhares de micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios, em con­traste com as van­ta­gens, pri­vi­lé­gios e be­ne­fí­cios fis­cais con­ce­didos aos grupos eco­nó­micos.

Pe­rigos que es­preitam

Op­ções que co­locam no ho­ri­zonte mais pró­ximo o pe­rigo de uma nova fase de de­fi­nha­mento eco­nó­mico e de­gra­dação so­cial.

É isso que se vê com cada vez mais cla­reza, pela acção da sua po­lí­tica em curso de re­dução dos ren­di­mentos das fa­mí­lias, num quadro de con­ti­nuado au­mento dos juros, con­ju­gada com a sua po­lí­tica de res­trição or­ça­mental di­tada pela di­ta­dura do dé­fice e da re­dução ace­le­rada da dí­vida. O crescer do risco de em­purrar ra­pi­da­mente o País para a re­cessão eco­nó­mica e para a de­gra­dação ainda mais acen­tuada da vida do povo.

Um pe­rigo de de­fi­nha­mento que se apre­senta num quadro de uma pre­o­cu­pante evo­lução das contas ex­ternas e de uma maior de­bi­li­dade do País, como o re­velam um agra­vado dé­fice co­mer­cial e uma ba­lança de pa­ga­mentos a re­gistar ne­ga­ti­va­mente o avo­lumar da trans­fe­rência de re­cursos fi­nan­ceiros para o es­tran­geiro, em grande parte di­vi­dendos, em re­sul­tado do cres­cente do­mínio do ca­pital es­tran­geiro sobre a eco­nomia na­ci­onal. Mais 2,2 mil mi­lhões de euros nos pri­meiros sete meses de 2022 face ao ano pas­sado.

Hoje está muito claro qual é o sen­tido da go­ver­nação do PS mai­o­ri­tário e quanto ver­da­deira era a pa­lavra do PCP quando afir­mava que o PS não queria re­solver os pro­blemas na­ci­o­nais, mas tão só romper com a po­lí­tica de de­fesa, re­po­sição e con­quista de di­reitos e criar con­di­ções para re­tomar na ple­ni­tude a po­lí­tica de di­reita que sempre teve como sua.

Sim, ca­ma­radas, a sua go­ver­nação mostra um PS cada vez mais in­cli­nado para a di­reita.

E este é um dos as­pectos do de­sen­vol­vi­mento re­cente que acres­centa novos pro­blemas aos quais temos que dar res­posta.

País mais vul­ne­rável

Mas se esta al­te­ração do quadro po­lí­tico põe tais pro­blemas, ou­tros se acres­centam, como é o caso da nova si­tu­ação da ex­pressão ins­ti­tu­ci­onal e ampla pro­moção das forças e pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios, de­sig­na­da­mente PSD, CDS, IL e Chega, com agendas de na­tu­reza re­tró­grada, de­ma­gó­gica, ne­o­li­beral ou fas­ci­zante, num quadro em que o PS e estas forças em­polam e en­cenam uma opo­sição entre si, quando na ver­dade de­sen­volvem, em as­pectos es­sen­ciais, uma acção con­ver­gente na de­fesa dos in­te­resses do grande ca­pital.

A acres­cida si­tu­ação de vul­ne­ra­bi­li­dade do País pe­rante um quadro eco­nó­mico mun­dial ins­tável e um novo acu­mular de riscos e crises, re­sul­tantes da sua de­pen­dência ex­terna e da exis­tência de um apa­relho pro­du­tivo fra­gi­li­zado é outro novo as­pecto que ca­rac­te­riza a si­tu­ação. Tal como a in­ten­si­fi­cação da cam­panha an­ti­de­mo­crá­tica, de forte pendor an­ti­co­mu­nista, que tende a re­cru­descer. Uma cam­panha em que so­bressai a acção re­van­chista do grande ca­pital, que julga ter che­gado o mo­mento de subir o nível de con­fron­tação de classe e levar mais longe o ajuste de contas com os va­lores e as con­quistas de Abril.

Evi­dente nos mais re­centes de­sen­vol­vi­mentos é o ex­plí­cito e cres­cente con­fronto com a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica por parte das forças re­ac­ci­o­ná­rias, com o ob­jec­tivo da sua re­visão e sub­versão, a par da pro­moção de al­te­ra­ções de sen­tido an­ti­de­mo­crá­tico às leis elei­to­rais e à le­gis­lação la­boral. O início do pro­cesso de re­visão cons­ti­tu­ci­onal agora avan­çado e a olhar para a ex­pe­ri­ência pas­sada de con­cer­tação entre o PS e o con­junto das forças re­ac­ci­o­ná­rias, ini­migas da Cons­ti­tuição de Abril, não nos pode deixar des­can­sados.

Todos estes re­centes de­sen­vol­vi­mentos co­locam ao PCP, aos tra­ba­lha­dores e aos de­mo­cratas e pa­tri­otas, tal como su­blinha a Re­so­lução da nossa Con­fe­rência a ne­ces­si­dade de com­pre­ensão dos pe­rigos que en­volvem os planos e ob­jec­tivos do ca­pital e uma atenta e ajus­tada con­si­de­ração na de­fi­nição de pri­o­ri­dades quanto às ta­refas, às rei­vin­di­ca­ções e lutas nos tempos mais pró­ximos.

Afirmar a po­lí­tica al­ter­na­tiva

Mas o que toda esta evo­lução mostra também com muita cla­reza, seja a pas­sada, seja a mais re­cente, é a razão do PCP no que diz res­peito à ava­li­ação que tem vindo a fazer à si­tu­ação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal e das so­lu­ções para as­se­gurar o de­sen­vol­vi­mento so­be­rano do País.

Uma justa e cer­teira ava­li­ação que re­clama e re­força a ne­ces­si­dade da afir­mação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva que con­fronte a po­lí­tica de di­reita de­cor­rente da acção do Go­verno do PS e das forças e pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios.

Uma po­lí­tica al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda que im­porta afirmar, de­sen­volver e apro­fundar. Uma po­lí­tica que va­lo­rize o tra­balho e re­force os di­reitos dos tra­ba­lha­dores, as fun­ções so­ciais do Es­tado e os ser­viços pú­blicos, di­na­mize e au­mente a pro­dução na­ci­onal, as­se­gure o con­trolo pú­blico de em­presas e sec­tores es­tra­té­gicos, ga­ranta a jus­tiça fiscal, as­suma a de­fesa do am­bi­ente, li­berte o País da sub­missão ao Euro e das im­po­si­ções e cons­tran­gi­mentos da União Eu­ro­peia e as­se­gure o de­sen­vol­vi­mento e a so­be­rania na­ci­o­nais, num quadro de de­fesa da paz e da co­o­pe­ração entre os povos.

A con­cre­ti­zação dessa po­lí­tica al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, que o PCP propõe ao povo por­tu­guês, re­quer o re­forço do Par­tido, a in­ten­si­fi­cação da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, assim como a con­ver­gência de de­mo­cratas e pa­tri­otas, con­di­ções de­ter­mi­nantes para uma al­te­ração na re­lação de forças.

Re­sistir à in­ves­tida em curso contra os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês é o pri­meiro passo para der­rotar os ob­jec­tivos mais ime­di­atos do grande ca­pital e con­dição ne­ces­sária para abrir ca­minho a um outro rumo para o País.

Sa­bemos que o ca­minho é duro. Sa­bemos quanto pesa a brutal ofen­siva que se de­sen­volve contra o PCP, porque é o que é e não ab­dica de o ser, com os in­te­resses de classe que as­sume, os ob­jec­tivos por que luta e o pro­jecto trans­for­mador de eman­ci­pação so­cial de que é por­tador.

Sa­bemos o que sig­ni­ficam e pre­tendem as cam­pa­nhas de de­tur­pação das suas po­si­ções, das ca­lú­nias e das ten­ta­tivas de chan­tagem, con­di­ci­o­na­mento e si­len­ci­a­mento a que o PCP está su­jeito, em re­sul­tado da sua co­ra­josa in­ter­venção.

A classe do­mi­nante – os se­nhores do mando no País - am­bi­ci­o­naria que, pe­rante a ofen­siva, o Par­tido ti­vesse so­ço­brado e ab­di­cado de prin­cí­pios e ob­jec­tivos, se sub­me­tesse à sua agenda e aos seus cri­té­rios. Que es­con­desse do povo a ver­dade sobre os apro­vei­ta­mentos da pan­demia, as op­ções de classe do PS, os pro­jectos das forças re­ac­ci­o­ná­rias, a na­tu­reza da NATO, a guerra e as san­ções. En­ga­naram-se e vão con­ti­nuar en­ga­nados!

Sa­bemos dos im­pactos ne­ga­tivos nos planos elei­toral, de ex­pressão ins­ti­tu­ci­onal, das nossas di­fi­cul­dades, das nossas in­su­fi­ci­ên­cias e atrasos que estão iden­ti­fi­cados e im­porta su­perar.

Sa­bemos igual­mente que a acção do Par­tido, as con­di­ções de in­ter­venção e luta re­sultam não apenas das de­ci­sões e op­ções pró­prias, mas também da acção dos seus ad­ver­sá­rios e do quadro mais geral – na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal – em que in­tervém.

Mas se sa­bemos dos cons­tran­gi­mentos, con­di­ci­o­na­lismos e di­fi­cul­dades hoje exis­tentes, sa­bemos que há forças, ca­pa­ci­dades, re­cursos e po­ten­ci­a­li­dades na so­ci­e­dade por­tu­guesa para dar a res­posta que os tra­ba­lha­dores, o povo e o País pre­cisam. Tal como sa­bemos que, acima de tudo, é da força do Par­tido, da sua ca­pa­ci­dade de re­sistir e avançar que de­pen­derá a evo­lução da si­tu­ação na­ci­onal. E isso re­dobra o nosso querer!

Sa­bemos, pela ex­pe­ri­ência acu­mu­lada, que o ca­minho para re­sistir e avançar não pode ser outro senão aquele que sempre deu provas: - cen­trar a in­ter­venção do Par­tido na res­posta aos pro­blemas con­cretos, nos an­seios e as­pi­ra­ções dos tra­ba­lha­dores e do povo, ar­ti­cu­lada com a luta por uma po­lí­tica al­ter­na­tiva e uma so­ci­e­dade mais justa. Ligar ainda mais o Par­tido à vida, afirmá-lo como o ins­tru­mento fun­da­mental de acção e luta. Re­forçar a or­ga­ni­zação, como ins­tru­mento fun­da­mental de li­gação aos tra­ba­lha­dores e às po­pu­la­ções.

Res­ponder aos pro­blemas con­cretos

É neste quadro que se propõe a partir da nossa Con­fe­rência Na­ci­onal o de­sen­vol­vi­mento da acção do Par­tido de forma in­te­grada, en­vol­vendo todos estes do­mí­nios da acção.

Assim e desde logo no plano da acção po­lí­tica, co­loca-se a ne­ces­si­dade de re­do­brar a nossa to­mada de ini­ci­a­tiva – seja no plano cen­tral, seja a partir das or­ga­ni­za­ções – para a re­so­lução de pro­blemas mais ur­gentes com que os tra­ba­lha­dores e o Povo por­tu­guês se con­frontam.

Sim, impõe-se po­ten­ciar toda a nossa ca­pa­ci­dade e tomar a ini­ci­a­tiva, tantas vezes re­ve­lada, e com ela as­se­gurar os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do nosso povo.

Tomar a ini­ci­a­tiva pelo au­mento geral dos sa­lá­rios. Agir para romper com um mo­delo as­sente nos baixos sa­lá­rios e na pre­ca­ri­e­dade. Com­bater o brutal agra­va­mento do custo de vida e os lu­cros es­can­da­losos do ca­pital. As­sumir o au­mento geral dos sa­lá­rios como uma emer­gência na­ci­onal nos sec­tores pri­vado e pú­blico as­se­gu­rando o poder de compra, com um sig­ni­fi­ca­tivo au­mento do sa­lário médio, con­cre­ti­zando a con­ver­gência com a média da Zona Euro em cinco anos. Dar força à luta pela al­te­ração das normas gra­vosas do Có­digo de Tra­balho para ga­rantir este ob­jec­tivo. De­fesa do au­mento do Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal.

Tomar a ini­ci­a­tiva pela pro­moção dos di­reitos das cri­anças e dos pais. É ne­ces­sária uma res­posta muito ampla que é também de com­bate ao dé­fice de­mo­grá­fico, a co­meçar pela de­fesa e avanço dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, a ga­rantia de uma ha­bi­tação con­digna, de cre­ches gra­tuitas para todos, de res­peito pelos di­reitos de ma­ter­ni­dade e pa­ter­ni­dade, de po­lí­ticas que as­se­gurem – nos planos da edu­cação, da saúde, da cul­tura, do des­porto, do di­reito a brincar e ao tempo livre – o de­sen­vol­vi­mento in­te­gral do in­di­víduo.

Tomar a ini­ci­a­tiva, com a ju­ven­tude, pelos seus di­reitos, so­nhos e as­pi­ra­ções. Com os es­tu­dantes em de­fesa da Edu­cação Pú­blica, Gra­tuita e de Qua­li­dade, pelo di­reito a aceder ao En­sino Su­pe­rior, pelo fim das pro­pinas, pelo re­forço da Acção So­cial Es­colar. Com os jo­vens tra­ba­lha­dores por um sa­lário digno, pro­mo­vendo o com­bate à pre­ca­ri­e­dade, para que a cada posto de tra­balho per­ma­nente cor­res­ponda um vín­culo de tra­balho efec­tivo, pelo di­reito ao des­canso e ao tempo livre, contra o pe­ríodo ex­pe­ri­mental. Pelo di­reito da ju­ven­tude ao tra­balho, à saúde, à se­gu­rança so­cial, à ha­bi­tação, ao des­porto, ao lazer, à cri­ação e fruição cul­tu­rais, pela sua efec­tiva eman­ci­pação e au­to­nomia.

Tomar a ini­ci­a­tiva pela va­lo­ri­zação das re­formas e pelo di­reito a en­ve­lhecer com qua­li­dade de vida. O baixo valor das pen­sões e re­formas, que pre­do­mina entre a larga mai­oria dos idosos e a su­bida es­pe­cu­la­tiva dos preços tornam mais ur­gente a ne­ces­si­dade do seu au­mento real e do com­bate à sua des­va­lo­ri­zação. Há que cor­rigir as pro­fundas in­su­fi­ci­ên­cias e fra­gi­li­dades na res­posta aos pro­blemas dos idosos nos mais di­versos do­mí­nios.

Tomar a ini­ci­a­tiva na de­fesa e va­lo­ri­zação das fun­ções so­ciais do Es­tado e dos ser­viços pú­blicos. A me­lhoria dos ser­viços pú­blicos é in­dis­so­ciável da va­lo­ri­zação dos seus pro­fis­si­o­nais, dos seus sa­lá­rios e car­reiras. É pre­ciso de­fender todos os ser­viços pú­blicos, mas na saúde, na edu­cação e na se­gu­rança so­cial isso as­sume par­ti­cular ur­gência. É pre­ciso salvar o SNS com mais in­ves­ti­mento e me­didas para atrair e fixar pro­fis­si­o­nais. Impõe-se igual­mente o re­forço do in­ves­ti­mento pú­blico na ci­ência e in­ves­ti­gação, tal como nou­tras áreas, da jus­tiça às forças e ser­viços de se­gu­rança e à pro­tecção civil.

Tomar a ini­ci­a­tiva em de­fesa da cul­tura en­quanto factor de re­a­li­zação e eman­ci­pação hu­manas. Di­na­mizar a luta pela va­lo­ri­zação dos di­reitos dos ar­tistas e pro­fis­si­o­nais do sector e pelo re­forço do in­ves­ti­mento pú­blico com o ob­jec­tivo de 1% para a cul­tura.

Tomar a ini­ci­a­tiva pela va­lo­ri­zação da pro­dução na­ci­onal. Uma opção que tem de en­frentar os dé­fices es­tru­tu­rais que a evo­lução re­cente da si­tu­ação in­ter­na­ci­onal tornou ainda mais pre­o­cu­pantes. Exige di­ver­si­ficar a ac­ti­vi­dade pro­du­tiva e as re­la­ções eco­nó­micas e subs­ti­tuir im­por­ta­ções por pro­dução na­ci­onal. Pro­mover a so­be­rania ali­mentar. Rein­dus­tri­a­lizar. Re­cu­perar o con­trolo pú­blico sobre em­presas e sec­tores es­tra­té­gicos e apoiar as micro, pe­quenas e mé­dias em­presas. De­sen­volver a in­ves­ti­gação, o co­nhe­ci­mento, a ci­ência e a tec­no­logia.

Tomar a ini­ci­a­tiva em de­fesa do am­bi­ente e pelo acesso à água. Agir na de­fesa da co­esão ter­ri­to­rial, da va­lo­ri­zação do mundo rural e da flo­resta, da pro­tecção dos ecos­sis­temas e na pro­moção da bi­o­di­ver­si­dade. As­se­gurar o acesso à água como um di­reito e não como um ne­gócio. Ga­rantir a gestão pú­blica dos re­sí­duos, pro­mo­vendo a sua re­dução, reu­ti­li­zação e re­ci­clagem.

Tomar a ini­ci­a­tiva pelo di­reito à ha­bi­tação, à mo­bi­li­dade e aos trans­portes pú­blicos. É pre­ciso com­bater a es­pe­cu­lação imo­bi­liária, re­vogar a Lei do Re­gime de Ar­ren­da­mento Ur­bano, re­gular preços, en­frentar o brutal au­mento das taxas de juro e os seus im­pactos, alargar subs­tan­ci­al­mente a oferta pú­blica de ha­bi­tação e pro­mover o ar­ren­da­mento para jo­vens. Alargar a oferta de trans­portes pú­blicos e avançar no ob­jec­tivo da pro­gres­siva gra­tui­ti­dade.

Tomar a ini­ci­a­tiva pela paz e a so­li­da­ri­e­dade com os povos. Com­bater a po­lí­tica de con­fron­tação e guerra do im­pe­ri­a­lismo e a cor­rida ar­ma­men­tista. Lutar contra o alar­ga­mento da NATO e pela sua dis­so­lução. É ur­gente a exi­gência do fim da ins­ti­gação da guerra na Ucrânia por parte dos EUA, da NATO e da União Eu­ro­peia e a aber­tura de vias de ne­go­ci­ação com os de­mais in­ter­ve­ni­entes, no­me­a­da­mente a Fe­de­ração Russa, vi­sando uma so­lução po­lí­tica para o con­flito. Manter viva a so­li­da­ri­e­dade com os povos que re­sistem ao im­pe­ri­a­lismo e lutam em de­fesa dos seus di­reitos e so­be­rania.

Tomar a ini­ci­a­tiva na de­fesa do re­gime de­mo­crá­tico e dos va­lores de Abril. Desde logo exer­cendo os di­reitos al­can­çados, de­nun­ci­ando a po­lí­tica de di­reita, com­ba­tendo a ofen­siva re­ac­ci­o­nária, des­mon­tando a di­ta­dura do pen­sa­mento único, com­ba­tendo o ra­cismo e a xe­no­fobia, o ódio fas­ci­zante e todo o tipo de dis­cri­mi­na­ções. De­fender a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica e com­bater quais­quer pro­jectos de re­visão cons­ti­tu­ci­onal que pro­movam a des­ca­rac­te­ri­zação da Lei Fun­da­mental ou a al­te­ração das leis elei­to­rais, vi­sando di­mi­nuir o plu­ra­lismo da re­pre­sen­tação po­lí­tica e eter­nizar a po­lí­tica de di­reita. Pro­mover a mo­bi­li­zação dos de­mo­cratas e pa­tri­otas no com­bate ao re­vi­si­o­nismo his­tó­rico e ao bran­que­a­mento do fas­cismo, fa­zendo das co­me­mo­ra­ções do 50.º Ani­ver­sário da Re­vo­lução uma grande afir­mação dos va­lores de Abril e de luta por um Por­tugal com fu­turo.

Li­gação às massas

À to­mada de ini­ci­a­tiva da acção po­lí­tica e es­trei­ta­mente li­gada à sua con­cre­ti­zação há que juntar e con­si­derar as ques­tões re­la­ci­o­nadas com o tra­balho no seio das massas. São três as li­nhas de tra­balho que se apontam e que não podem nem devem ser des­li­gadas, antes se ar­ti­culam com as li­nhas de ini­ci­a­tiva po­lí­tica na con­cre­ti­zação dos pro­blemas con­cretos e que passam por:

De­sen­volver e in­ten­si­ficar a luta dos tra­ba­lha­dores e das massas po­pu­lares, onde se pro­jecta como in­dis­pen­sável o ca­minho da in­ten­si­fi­cação e alar­ga­mento da luta de massas em torno de ob­jec­tivos con­cretos in­ti­ma­mente li­gados com as grandes li­nhas de ini­ci­a­tiva po­lí­tica que agora se avançam como pri­o­ri­tá­rias, en­vol­vendo os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções, tal como ca­madas e sec­tores es­pe­cí­ficos;

De­sen­volver a acção de for­ta­le­ci­mento das or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos de massas. O que exige igual­mente que o Par­tido as­suma o seu papel na con­tri­buição para a acção e for­ta­le­ci­mento das or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos uni­tá­rios de massas, em uni­dade com muitos ou­tros. Es­tru­turas fun­da­men­tais para ex­pressar, de­sen­volver e elevar a de­mo­cracia par­ti­ci­pa­tiva, a in­ter­venção e a luta. Dentro delas des­tacam-se a or­ga­ni­zação da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores em geral, a sin­di­ca­li­zação e a or­ga­ni­zação sin­dical nas em­presas, os sin­di­catos, o mo­vi­mento sin­dical uni­tário, a CGTP-IN e as co­mis­sões de tra­ba­lha­dores. Mais do que uma as­pi­ração to­mada em abs­tracto, a re­a­li­dade das or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos de massas pre­cisa de ser tra­tada de forma con­creta, quer no plano mais geral, quer a partir de cada uma das or­ga­ni­za­ções, vi­sando o meio em que se in­sere e as or­ga­ni­za­ções de massas que devem, de forma pri­o­ri­tária, ser ob­jecto da nossa in­ter­venção;

De­sen­volver a li­gação e o tra­balho com ou­tros de­mo­cratas e pa­tri­otas com a di­na­mi­zação pelo Par­tido, como força agre­ga­dora que é a favor da con­ver­gência e uni­dade, de um amplo tra­balho junto de ou­tros de­mo­cratas e pa­tri­otas, seja no âm­bito da CDU, seja num plano mais largo, as­su­mindo a re­a­li­zação de con­tactos re­gu­lares a partir de cada uma das or­ga­ni­za­ções com aqueles que se des­tacam na vida co­lec­tiva, tal como com per­so­na­li­dades e sec­tores muito di­versos, da cul­tura à ci­ência, do des­porto ao mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo.

Re­forçar o Par­tido

E por fim, in­se­pa­rável de todas as ou­tras di­men­sões que apelam à nossa ini­ci­a­tiva e in­ter­venção, apontam-se me­didas de re­forço do Par­tido que, va­lendo por si, são in­dis­pen­sá­veis à con­cre­ti­zação de tudo o resto.

Neste âm­bito, des­taca-se a res­pon­sa­bi­li­zação e for­mação de qua­dros, questão de­ci­siva para alargar a ca­pa­ci­dade de res­posta e de­sen­volver a acção par­ti­dária.

Elas re­querem uma in­te­gração efec­tiva no tra­balho co­lec­tivo, o es­tí­mulo e apro­vei­ta­mento do con­tri­buto in­di­vi­dual e o en­vol­vi­mento dos mi­li­tantes na dis­cussão, de­cisão e con­cre­ti­zação dos ob­jec­tivos do Par­tido e da sua in­ter­venção na so­ci­e­dade. Re­quer o de­sen­vol­vi­mento de uma acção de re­forço das es­tru­turas de di­recção aos di­versos ní­veis – da di­recção cen­tral às or­ga­ni­za­ções re­gi­o­nais, das es­tru­turas in­ter­mé­dias às or­ga­ni­za­ções de base. Aponta-se o ob­jec­tivo da res­pon­sa­bi­li­zação de pelo menos 1000 novos qua­dros, seja por ta­refas re­gu­lares, seja por or­ga­ni­za­ções até final de 2024.

Re­forçar o Par­tido com o re­cru­ta­mento e a in­te­gração de novos mi­li­tantes é outra das ver­tentes pri­o­ri­tá­rias. É pre­ciso de­sen­volver a cam­panha de re­cru­ta­mento «O fu­turo tem Par­tido», in­ten­si­fi­cando con­tactos e le­vando mais longe a ca­pa­ci­dade de atracção do Par­tido.

O efec­tivo re­forço do Par­tido tem como im­pres­cin­dível o for­ta­le­ci­mento da sua or­ga­ni­zação e in­ter­venção junto da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores. As cé­lulas do Par­tido cons­ti­tuem ele­mentos de­ter­mi­nantes neste pro­cesso. O êxito da re­cente acção de res­pon­sa­bi­li­zação de 100 ca­ma­radas nesta área e de cri­ação de ou­tras tantas cé­lulas de em­presa re­vela que é pos­sível cons­truir Par­tido nos lo­cais de tra­balho. No ime­diato aponta-se para a re­a­li­zação de uma grande acção na­ci­onal, in­te­grando vá­rios ob­jec­tivos, sob a con­signa «Mais força aos tra­ba­lha­dores», a pro­mover du­rante os pri­meiros meses de 2023, cul­mi­nando com uma ini­ci­a­tiva que pro­jecte esta re­a­li­dade no final do mês de Maio.

Co­loca-se, igual­mente, a ne­ces­si­dade de pro­mover uma ampla ini­ci­a­tiva a partir das or­ga­ni­za­ções lo­cais do Par­tido e pro­mover de forma de­ci­dida a sua es­tru­tu­ração, ca­pa­ci­dade de di­recção e in­ter­venção. Avança-se com a di­na­mi­zação de uma in­ter­venção geral do Par­tido, dando ex­pressão ao lema «Viver me­lhor na nossa terra» que, a partir das as­pi­ra­ções e pro­blemas sen­tidos nas lo­ca­li­dades, di­na­mize a ac­ti­vi­dade e a vida local e con­tribua para a mo­bi­li­zação e a luta pela sua con­cre­ti­zação. Uma in­ter­venção que cul­mi­nará no úl­timo tri­mestre de 2023.

No plano da im­prensa e da pro­pa­ganda par­ti­dária, num quadro em que o Par­tido de­pende no fun­da­mental dos seus pró­prios meios para pro­jectar as suas po­si­ções, des­taca-se a cam­panha em torno do Avante! a ini­ciar em Abril de 2023 e a cul­minar em Maio de 2024, com o ob­jec­tivo, entre ou­tros, de au­mentar a sua pro­moção e venda re­gular e, num quadro de in­ten­si­fi­cação da re­flexão e de me­didas prá­ticas em torno da pro­pa­ganda, aponta-se para a re­a­li­zação de uma ini­ci­a­tiva na­ci­onal neste âm­bito em No­vembro de 2023. As ques­tões fi­nan­ceiras são igual­mente sus­ci­tadas, en­quanto ele­mento in­dis­pen­sável para a in­de­pen­dência po­lí­tica e ide­o­ló­gica do Par­tido, com des­taque para o papel e valor das quo­ti­za­ções e para as me­didas prá­ticas para ga­rantir a sua re­colha.

A acção in­te­grada que se avança no Pro­jecto de Re­so­lução da Con­fe­rência Na­ci­onal não anula, antes se ar­ti­cula, com ou­tras di­men­sões da in­ter­venção do Par­tido em múl­ti­plos pro­blemas es­pe­cí­ficos que afectam ca­madas e sec­tores tão di­versos como os pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores e em­pre­sá­rios, os in­te­lec­tuais e qua­dros téc­nicos, as mu­lheres, os idosos, os imi­grantes, os emi­grantes, as pes­soas com de­fi­ci­ência, bem como o com­bate a todas as dis­cri­mi­na­ções e pre­con­ceitos, no­me­a­da­mente em função da ori­en­tação se­xual, as­pectos que re­querem o em­penho e a in­ter­venção dos mi­li­tantes e or­ga­ni­za­ções do Par­tido.

Par­tido im­pres­cin­dível

Temos um Par­tido que está mu­nido de um pro­grama po­lí­tico al­ter­na­tivo que urge afirmar.

Um Par­tido com um pa­tri­mónio de in­ter­venção e luta sem pa­ra­lelo. Um Par­tido que desde a sua cri­ação foi sempre capaz, com os tra­ba­lha­dores, com o povo e a sua luta, de ul­tra­passar os mais sé­rios obs­tá­culos, as mais pe­ri­gosas con­jun­turas, os mais sé­rios de­sa­fios e servir o nosso povo e o nosso País.

Um Par­tido com um amplo co­lec­tivo mi­li­tante com provas dadas de de­di­cação à causa dos tra­ba­lha­dores e do povo e com uma in­ter­venção que não deixa de fora ne­nhuma das di­men­sões da vida do País e que não de­siste nem des­cansa de al­cançar um Por­tugal de pro­gresso e de fu­turo. Um Par­tido que conta com a JCP e o seu des­ta­cado papel junto da ju­ven­tude.

Um Par­tido que as­sume firme e co­ra­jo­sa­mente a sua iden­ti­dade co­mu­nista. Um Par­tido que faz toda a di­fe­rença, porque di­fe­rente é a sua ide­o­logia, a sua po­lí­tica, o seu pro­jecto po­lí­tico. Uma di­fe­rença que se dis­tingue na iden­ti­dade pró­pria: na­tu­reza de classe, te­oria re­vo­lu­ci­o­nária – o mar­xismo-le­ni­nismo -, de­mo­cracia in­terna as­sente no de­sen­vol­vi­mento cri­a­tivo do cen­tra­lismo de­mo­crá­tico, linha de massas, pro­jecto do so­ci­a­lismo, pa­tri­o­tismo e in­ter­na­ci­o­na­lismo.

Um Par­tido por­tador de um pro­jecto de fu­turo. O Par­tido por­tador das so­lu­ções e do pro­jecto al­ter­na­tivo, contra o ca­pi­ta­lismo e pela sua su­pe­ração re­vo­lu­ci­o­nária, pela de­mo­cracia avan­çada vin­cu­lada aos va­lores de Abril, para res­ponder às ne­ces­si­dades con­cretas da so­ci­e­dade por­tu­guesa para a ac­tual etapa his­tó­rica, pelo so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo.

Aqui es­tamos, trans­por­tando o tes­te­munho que ge­ra­ções de co­mu­nistas nos le­garam e que as ac­tuais e novas ge­ra­ções con­du­zirão com a mesma con­fi­ança na jus­teza da nossa luta e do nosso Par­tido em de­manda da so­ci­e­dade nova.

Como se afirma na Re­so­lução da nossa Con­fe­rência nos úl­timos cem anos não houve ne­nhum avanço ou con­quista no nosso País que não tenha con­tado com a luta e a in­ter­venção dos co­mu­nistas. O PCP, com a luta dos tra­ba­lha­dores e do povo, in­flu­en­ciou e in­flu­encia a evo­lução da vida na­ci­onal. Esta é não só uma res­pon­sa­bi­li­dade mas um dever do qual o PCP não ab­dica e que dá força e con­fi­ança para re­sistir e avançar.

É com essa con­fi­ança que nunca nos faltou que olhamos o fu­turo que que­remos cons­truir com os tra­ba­lha­dores e com o nosso povo!

 



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Com a apro­vação da re­so­lução, vamos con­ti­nuar o nosso tra­balho sobre todas e cada uma das li­nhas de in­ter­venção agora de­ci­didas, tomar a ini­ci­a­tiva, res­ponder às novas exi­gên­cias e re­forçar o Par­tido que que­remos ainda mais li­gado à vida e aí ir buscar mais força.

As de­ci­sões que es­tamos a tomar, re­for­çando o Par­tido, são uma ne­ces­si­dade dos tra­ba­lha­dores, das po­pu­la­ções, da ju­ven­tude, dos de­mo­cratas e pa­tri­otas.

Um Par­tido mais forte e com maior in­fluência é o ga­rante dos di­reitos e dos an­seios dos tra­ba­lha­dores e do povo, e de todos que se em­pe­nham pela de­fesa e apro­fun­da­mento da de­mo­cracia.

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