A opção é silenciar

No passado dia 11 de Janeiro teve lugar na Assembleia da República o debate com o primeiro-ministro. Nesse dia, e aqui falaremos apenas dos três canais de televisão generalistas (RTP1, SIC e TVI), quem chegasse a casa e se sentasse para ver os respectivos noticiários das 20 horas concluiria que o debate parlamentar fora em torno dos casos das ex-secretárias de Estado do Turismo, Rita Marques, e do Tesouro, Alexandra Reis, e do anúncio pelo primeiro-ministro de um mecanismo de escrutínio prévio de governantes que seria conhecido em pormenor no dia seguinte após o Conselho de Ministros.

Pelo meio teríamos a Operação Vortex e as condições ou falta delas do deputado do PSD Pinto Moreira para continuar como vice-presidente da bancada parlamentar do seu partido e como presidente da Comissão Eventual para a Revisão Constitucional.

Dentro destas questões, o PCP apenas teria voz na RTP, através da denúncia que a deputada Paula Santos faria sobre a promiscuidade entre o poder político e económico.

Estes mesmos noticiários, neste mesmo dia, com maior ou menor intensidade, abordaram a luta dos professores, das estruturas e dos trabalhadores da Cultura, os problemas na Saúde, o aumento dos preços e da inflação. Contudo, se ao telespectador que sentado no seu sofá ou à mesa da sua cozinha fosse questionado se estas questões tinham feito parte do debate parlamentar com o primeiro-ministro a resposta mais imediata seria: não!

A verdade é que não foi assim. O PCP não se limitou a denunciar a promiscuidade entre o poder político e económico, confrontou o Governo, e em particular o primeiro-ministro, com os problemas dos trabalhadores e do povo e apontou as soluções que se exigem para a sua resolução. Soluções que passam pelo aumento dos salários e das pensões, pelo controlo e fixação de preços de bens e serviços essenciais, pela garantia do direito à saúde, à cultura, à habitação, pela valorização e defesa da Escola Pública e dos seus profissionais, soluções que têm sido sucessivamente rejeitadas pelo Governo e pela maioria que o suporta no Parlamento.

Os casos que envolveram governantes não são de desvalorizar, mas sublinhe-se também que pouco tempo de antena é dado a quem identifica as reais razões que lhes estão na origem, que aponta soluções para os enfrentar e que identifica os responsáveis pela sua sistemática rejeição. Pelo contrário, a quem joga na degradação da democracia não sobra tempo.

São opções. Tal como é uma opção política do Governo não responder aos problemas, não enfrentar os grandes grupos económicos, enquanto polémicas e casos são alimentados. Opções editoriais que são do interesse dos grandes grupos económicos que controlam a comunicação social, e que contrastam com o silenciamento da alternativa, das soluções e do partido que lhes dá voz.

 



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