É preciso uma política alternativa e não a «alternância de sempre»

Nos dois co­mí­cios em que par­ti­cipou no dia 14, em São João da Ma­deira e em Ton­dela, o Se­cre­tário-geral do PCP, Paulo Rai­mundo, su­bli­nhou a im­por­tância de re­forçar o Par­tido e de «fazer das in­jus­tiças força para lutar».

«O povo e os tra­ba­lha­dores estão fartos que tudo mude para que fique na mesma»

A tarde co­meçou em São João da Ma­deira, nos Paços da Cul­tura da ci­dade. Lá, perto das 15h00, já eram muitos os mi­li­tantes e amigos do Par­tido que es­pe­ravam o Se­cre­tário-geral para dar início ao co­mício.

«A todos os que agem, que lutam pela mu­dança e por uma vida me­lhor, com uma de­ter­mi­nação ex­tra­or­di­nária num tempo que pro­cura impor a al­ter­nância para deixar tudo como está, aqui es­tamos, a cons­truir com o nosso povo a al­ter­na­tiva que se impõe», co­meçou por afirmar, mo­mentos mais tarde, Paulo Rai­mundo. «O povo e os tra­ba­lha­dores não pre­cisam de al­ter­nância, estão fartos que tudo mude para que tudo fique na mesma», con­ti­nuou, acres­cen­tando que o povo por­tu­guês não pre­cisa de «al­ter­nância entre aqueles que a única coisa de que dis­cordam é o ritmo e a ve­lo­ci­dade com que im­põem a po­lí­tica de saque e de sa­cri­fí­cios para a mi­noria». «Não pre­ci­samos de al­ter­nância para a ex­plo­ração, pre­ca­ri­e­dade, baixos sa­lá­rios, ho­rá­rios des­re­gu­lados ou mais ata­ques à con­tra­tação co­lec­tiva e aos di­reitos la­bo­rais», as­se­gurou ainda.

Para o di­ri­gente co­mu­nista, o pro­blema que o povo en­frenta não é de ritmo, mas sim de ca­minho: «Pre­ci­samos de uma al­ter­na­tiva e de uma po­lí­tica que seja de­fi­nida em função dos in­te­resses e di­reitos do povo, ao ser­viço dos tra­ba­lha­dores, dos re­for­mados, dos pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios e agri­cul­tores e dos jo­vens», es­cla­receu.

Vol­tando a sua atenção para ques­tões lo­cais, Paulo Rai­mundo co­meçou por se in­ter­rogar sobre a con­cre­ti­zação do Plano Fer­ro­viário. A res­posta é sim­ples: na linha do Vale do Vouga, de­pois de muitos anún­cios, datas e prazos para avançar e con­cluir a obra, nada! Até então, a única coisa «certa e se­gura foi a luta das po­pu­la­ções que travou a in­tenção de su­ces­sivos go­vernos, desde o PS ao PSD, de en­cerrar a Linha».

De igual forma se ques­ti­onou sobre a saúde. A res­posta veio ptonta: «dis­cursos muitos, mas na prá­tica pro­cura-se es­va­ziar os ser­viços e con­cen­trar os re­cursos e so­bre­car­regar os hos­pi­tais de Aveiro e Santa Maria da Feira». Paulo Rai­mundo men­ci­onou também o «caso pa­ra­dig­má­tico» do centro de saúde de Ma­ceda, em Ovar, «cons­truído de raiz com di­nheiro dos mu­ní­cipes, para ser en­cer­rado pouco tempo de­pois». «Ali está, cons­truído, pronto a usar, mas sem pes­soal mé­dico», ob­servou.

Al­ter­na­tiva

Já em Ton­dela, Paulo Rai­mundo falou de novo sobre a al­ter­nância e al­ter­na­tiva, mas desta vez abordou aquilo a que o PCP se propõe cons­truir com o povo por­tu­guês – a po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda.

«É a al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda que se impõe, que dê com­bate aos dé­fices es­tru­tu­rais, que ponha o País a pro­duzir aquilo de que pre­cisa, e não aquilo que os ou­tros querem que pro­duza», sa­li­entou. Uma al­ter­na­tiva que, se­gundo o Se­cre­tário-geral, cumpre e faz cum­prir a Cons­ti­tuição e «pugna pelos prin­cí­pios da paz e da so­li­da­ri­e­dade».

No dis­trito de Viseu existe quem, de forma clara, queira cons­truir essa al­ter­na­tiva. São os casos dos tra­ba­lha­dores das em­presas Ebers­pa­cher, Pin­to­va­louro, CO­MAVE ou da PSA, que estão em pro­cessos de luta e sentem na pele duras con­di­ções de tra­balho.

De novo Paulo Rai­mundo abordou a te­má­tica da saúde, desta vez para men­ci­onar as ur­gên­cias do Hos­pital de S. Te­o­tónio, que estão «com­ple­ta­mente en­tu­pidas». De acordo com o Se­cre­tário-geral, é o re­sul­tado do atraso nas obras das ur­gên­cias e na cons­trução do Centro On­co­ló­gico, dos ho­rá­rios re­du­zidos dos cen­tros de saúde dos con­ce­lhos de Man­gualde e Vila Nova de Paiva e da falta de res­postas nos cui­dados con­ti­nu­ados e pa­li­a­tivos que pro­longam os in­ter­na­mentos no hos­pital.

Sobre a pro­dução no dis­trito, men­ci­onou a pro­posta de cons­trução de bar­ra­gens de re­gadio em Moi­menta da Beira e Ar­mamar, que o PCP apre­sentou no âm­bito do Or­ça­mento do Es­tado para 2023. Chum­bada pelo PS, este pro­jecto per­mi­tiria be­ne­fi­ciar 900 hec­tares de po­mares e au­mentar a sua pro­dução.

Re­forçar a luta

nas re­giões

Ainda em São João da Ma­deira, Paulo Rai­mundo tinha sido an­te­ce­dido por João Canas, membro da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Aveiro, que des­tacou as ac­ções de luta, nos dias 17 e 18 de De­zembro, em Aveiro e em Es­pinho, de de­núncia dos lu­cros es­can­da­losos das em­presas de dis­tri­buição, do sector ener­gé­tico e da banca; a luta das po­pu­la­ções de Lobão pelo di­reito de acesso a ser­viços ban­cá­rios e a luta dos tra­ba­lha­dores da Hu­ber­tricot e da Re­nault Cacia.

Já em Ton­dela, de­pois de um mo­mento mu­sical apre­sen­tado pelo pro­fessor José Car­doso, Ma­nuel Veiga, da Di­recção da Or­ga­ni­zação de Viseu (DORV) e da con­ce­lhia de Ton­dela, foi o pri­meiro a in­tervir abor­dando o acesso ao di­reito à água. De se­guida, tomou a pa­lavra Telmo Reis, membro do exe­cu­tivo da DORV e res­pon­sável da cé­lula co­mu­nista da PSA, que se de­bruçou sobre o sector au­to­móvel e o seu peso na in­dús­tria da re­gião. Por úl­timo, antes do Se­cre­tário-geral, in­ter­veio Fi­lipe Costa, membro do Co­mité Cen­tral e e res­pon­sável pela ORV.




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