Desenvolvimento do País já não suporta adiamentos e falhas no plano ferroviário

O PCP con­si­dera que o Plano Fer­ro­viário Na­ci­onal (PFN) ca­rece de «pri­o­ri­dades, ca­len­dário, ga­ran­tias e quan­ti­fi­cação do fi­nan­ci­a­mento ne­ces­sário à [sua] exe­cução». Por isso apre­senta eixos es­tra­té­gicos a con­cre­tizar, ex­plicou Vasco Car­doso.

O in­ves­ti­mento na fer­rovia pode ser de­ter­mi­nante para a mo­der­ni­zação

Em de­cla­ração ocor­rida ontem, a meio da manhã, na sede do PCP, o membro da Co­missão Po­lí­tica con­si­derou que «o ano de 2023 não pode re­pre­sentar mais adi­a­mentos e anún­cios como os que têm sido feitos ao longo dos anos», pelo que, «nas pró­ximas se­manas, coin­ci­dentes com a dis­cussão pú­blica do PFN, o PCP dará con­ti­nui­dade à sua in­ter­venção em torno da fer­rovia, en­vol­vendo po­pu­la­ções, fer­ro­viá­rios, téc­nicos e es­pe­ci­a­listas».

«Para o PCP, o in­ves­ti­mento na fer­rovia ao longo desta pri­meira me­tade do sé­culo XXI pode ser, se in­te­grado numa es­tra­tégia de de­sen­vol­vi­mento do País, um ele­mento de­ter­mi­nante para a sua mo­der­ni­zação e pro­gresso», acres­centou o di­ri­gente co­mu­nista, que fez as contas e notou que as pro­postas que o Pa­rido pre­tende ver con­cre­ti­zadas en­volvem, até 2050, um in­ves­ti­mento «que se es­tima em cerca de 30 mil mi­lhões de euros».

Vasco Car­doso cri­ticou, dando vá­rios exem­plos, «a au­sência [no PFN] de qual­quer abor­dagem crí­tica sobre a não con­cre­ti­zação de planos e in­ves­ti­mentos an­te­ri­or­mente pre­vistos». De facto, «é mais fácil fazer planos que cons­truir li­nhas fér­reas, mais ba­rato fazer pro­messas que com­prar com­boios, mais sim­ples subs­ti­tuir planos não con­cre­ti­zados por novos planos, do que fazer o ba­lanço sério». Mas o prin­cipal pe­cado não é este, pros­se­guiu, mas a ma­nu­tenção das «mesmas op­ções, in­su­fi­ci­ên­cias e erros».

Acrescem, para lá da «ver­tigem pro­pa­gan­dís­tica», «o pro­cesso de li­be­ra­li­zação da fer­rovia (com os su­ces­sivos “pa­cotes fer­ro­viá­rios”) im­posto a partir da União Eu­ro­peia (UE) e con­cre­ti­zado em Por­tugal nos úl­timos 20 anos; a di­mi­nuição do in­ves­ti­mento pú­blico, em função das im­po­si­ções do Euro (dé­fice); a se­pa­ração da infra-es­tru­tura da ope­ração com a cri­ação da REFER e pos­te­rior in­te­gração na Infra-es­tru­turas de Por­tugal – IP, em con­junto com a rede ro­do­viária».

 

Fazer o que não foi feito

Ora, do que o PFN também não fala é de «com­boios, sobre os quais nada pla­ni­fica, e sem os quais nada fun­ciona; fer­ro­viá­rios, pois, ri­go­ro­sa­mente, nada é dito sobre os tra­ba­lha­dores, sobre a ne­ces­si­dade da sua for­mação e va­lo­ri­zação; de uma visão que in­tegre e ar­ti­cule o trans­porte fer­ro­viário com a res­tante rede de trans­portes e infra-es­tru­turas es­tra­té­gicas, como o Novo Ae­ro­porto de Lisboa; das ques­tões do preço do ser­viço, de­ci­sivo para es­timar a pro­cura e di­men­si­onar a oferta», disse também o di­ri­gente do PCP.

Nesse sen­tido, além de re­alçar como cru­cial para o País «re­sistir e com­bater as im­po­si­ções da UE, cujo ob­jec­tivo é fi­nan­ciar a cons­trução da infra-es­tru­tura para que a ex­plo­ração seja feita pelas mul­ti­na­ci­o­nais», Vasco Car­doso de­ta­lhou eixos da po­lí­tica ne­ces­sária neste âm­bito, entre os quais: «re­verter o pro­cesso de frag­men­tação e li­be­ra­li­zação, re­cons­truir uma CP única, pú­blica e na­ci­onal, que as­suma a ex­plo­ração co­mer­cial de toda a rede, in­tegre a REFER, as mer­ca­do­rias e os ter­mi­nais rodo-fer­ro­viá­rios, re­cons­trua ca­pa­ci­dade pú­blica de cons­trução e ma­nu­tenção da infra-es­tru­tura e re­force o quadro téc­nico e ope­ra­ci­onal; con­cre­tizar um Plano Na­ci­onal para o Ma­te­rial Cir­cu­lante, que parta da ava­li­ação do ma­te­rial exis­tente, das ne­ces­si­dades ac­tuais de au­mento de oferta e do ca­len­dário de novas ne­ces­si­dades; va­lo­rizar os fer­ro­viá­rios e re­forçar a in­ter­mo­da­li­dade na bi­lhé­tica e na or­ga­ni­zação da rede».

Vasco Car­doso pre­cisou, ainda, o con­junto de in­ves­ti­mentos nas infra-es­tru­turas, rede e ser­viços ab­so­lu­ta­mente fun­da­men­tais, os quais estão, até «no es­sen­cial, con­sen­su­a­li­zados».

 



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