Correu-lhes mal

A cobertura mediática da campanha eleitoral da Madeira foi seguramente uma das que tornaram mais clara a desigualdade de tratamento e o preconceito com que o PCP é tratado.

No caso, a dose foi dupla e conviveram ambas as formas que habitualmente a ofensiva anticomunista assume, com a prática insistente por parte da comunicação social dominante de tratar os seus desejos como factos, e portanto partir para uma campanha eleitoral em que está assumido o mil vezes anunciado desaparecimento do PCP e da CDU e ignorar a sua intervenção ímpar – seja passando ao lado das acções de campanha e resumindo-as a questões em torno desse desejado desaparecimento, seja pura e simplesmente fazendo como se esse desejo já se tivesse materializado e, portanto, fazendo noticiários em que o PCP e a CDU não teve sequer espaço.

Nesta última categoria, a estação de televisão que primou por ignorar em absoluto a CDU foi a TVI. Ao longo da última semana de campanha não houve um único noticiário daquela estação (ou da sua estação-irmã noticiosa, a CNN Portugal) em que a CDU tivesse espaço. Aliás, à excepção da presença do Secretário-Geral do PCP na Região, no jantar de dia 15, não houve qualquer presença da campanha da CDU em ambas as estações – e mesmo neste caso, a opção editorial ditou que a peça desse jantar não chegasse ao principal noticiário da TVI, às 20h00, mas apenas ao das 13h00.

A SIC aproximou-se desse registo, com uma peça em que surgiu a CDU na segunda-feira, dia 18, regressando apenas no último dia de campanha, sexta-feira, 22. Mas em ambas as peças, o pano de fundo foi o mesmo: a CDU está em risco de não eleger, recorrendo-se aí às sondagens para justificar as perguntas (que, diga-se, foram dando resultados diversos, nalguns casos prevendo a eleição do deputado da CDU, como se veio a confirmar). Já sobre o trabalho da CDU e a suas propostas na Região, nada ficámos a saber através da SIC.

Já a RTP assumiu um registo mais equilibrado, ainda que manchado por critérios abstrusos e injustificáveis face à natureza da eleição em causa (para deputados na Assembleia Legislativa Regional), quando deu primazia à presença dos líderes partidários nacionais, como no Telejornal do último dia de campanha, agravado pelo duplo critério assumido face à ausência do Secretário-Geral do PS na Região – que não se traduziu na ausência do PS da peça (já o mesmo não sucedeu com a CDU, que ficou de fora). Esta foi, aliás, uma tendência muito presente na cobertura mediática desta campanha, a par de um viés bipolarizador.

Em ambos os casos, trata-se de critérios inaceitáveis: não foram os líderes partidários quem concorria às eleições nem serão eles quem assumirá os lugares na Assembleia Legislativa Regional; e, como já tantas vezes se comprovou, incluindo no passado domingo, as eleições não são corridas entre duas candidaturas para ver quem chega à frente.

 



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