Governo só não resolve os problemas dos agricultores se não quiser

A Con­fe­de­ração Na­ci­onal da Agri­cul­tura (CNA) en­tende que as pri­o­ri­dades do novo Go­verno para o sector agrí­cola têm que passar pela me­lhoria dos preços à pro­dução e pela dig­ni­fi­cação da ac­ti­vi­dade da Agri­cul­tura Fa­mi­liar.

«Es­ma­ga­mento dos preços na pro­dução»

Em nota de im­prensa de 26 de Março, a CNA rei­tera as suas re­cla­ma­ções para re­solver os «muitos pro­blemas» que afectam o sector agro-flo­restal e o mundo rural, a co­meçar pela «ur­gente ne­ces­si­dade» de me­lhorar os preços à pro­dução e os ren­di­mentos dos agri­cul­tores.

«O es­ma­ga­mento dos preços na pro­dução, com ina­cei­tá­veis de­se­qui­lí­brios na dis­tri­buição do valor ao longo da ca­deia agro-ali­mentar, ar­rasta-se há anos sem que su­ces­sivos go­vernos te­nham tido von­tade po­lí­tica de re­solver esta in­jus­tiça, o que tem le­vado ao em­po­bre­ci­mento e ao en­cer­ra­mento de muitas ex­plo­ra­ções agrí­colas», aponta a Con­fe­de­ração.

Os factos estão à vista
En­tre­tanto, para os con­su­mi­dores é cada vez mais caro pôr co­mida na mesa, en­quanto as de­ten­toras das prin­ci­pais ca­deias de su­per­mer­cados con­ti­nuam a acu­mular lu­cros mi­li­o­ná­rios, ano após ano. A pró­pria Co­missão Eu­ro­peia (CE), num re­la­tório de Fe­ve­reiro da Di­recção-Geral para a Eco­nomia e As­suntos Fi­nan­ceiros, alerta que as mar­gens e os lu­cros das em­presas do sector da dis­tri­buição têm um peso con­si­de­rável na in­flação re­gis­tada nos bens ali­men­tares nos úl­timos anos.

«Os factos estão à vista e o novo Go­verno só não re­solve o pro­blema se não quiser en­frentar o “quero, posso e mando” da grande dis­tri­buição», de­vendo este, no en­tender da CNA, in­tervir «para ga­rantir o es­co­a­mento a preços justos para a pro­dução na­ci­onal, com a apli­cação de uma Lei que proíba pagar aos agri­cul­tores abaixo dos seus custos de pro­dução e com a re­gu­lação e fis­ca­li­zação da ac­ti­vi­dade da grande dis­tri­buição».

Outra das pro­postas passa por «um único e re­for­çado» Mi­nis­tério da Agri­cul­tura, das Flo­restas e do De­sen­vol­vi­mento Rural, com com­pe­tên­cias, meios e re­cursos hu­manos para apoiar o tra­balho e a gestão das ex­plo­ra­ções agrí­colas em todo o ter­ri­tório na­ci­onal, «o que terá que passar pela re­versão da ex­tinção das Di­rec­ções Re­gi­o­nais de Agri­cul­tura e Pescas».

 

Re­versão do corte nas ajudas da PAC aos com­partes

Além das di­fi­cul­dades em vender a pro­dução a preços justos, a apli­cação de um co­e­fi­ci­ente de re­dução de 50 por cento na ele­gi­bi­li­dade das áreas de pas­to­reio nos bal­dios para efeitos das ajudas da Po­lí­tica Agrí­cola Comum (PAC) acar­retou um «corte brutal» nos ren­di­mentos dos com­partes que pra­ticam agri­cul­tura em zonas de mi­ni­fúndio e de mon­tanha.

«A apli­cação deste corte soma-se à eli­mi­nação de 90 mil hec­tares de zonas bal­dias por via da Re­visão do Par­ce­lário, as­cen­dendo a cerca de 25 mi­lhões de euros que deixam de en­trar na eco­nomia das nossas zonas ru­rais, onde existem bal­dios», in­forma a CNA, que exige «a re­versão dos cortes, como forma de ga­rantir que aqueles que ainda re­sistem nas suas al­deias aí possam con­ti­nuar a viver e a tra­ba­lhar na agro-pe­cuária, ac­ti­vi­dade es­sen­cial para a co­esão ter­ri­to­rial e para a vi­ta­li­dade das zonas ru­rais mais em­po­bre­cidas do País».

 

De­vo­lução de­fi­ni­tiva da Casa do Douro aos vi­ti­cul­tores du­ri­enses

«O novo Go­verno tem nas suas mãos o cum­pri­mento da Lei n.º 28/​2024, apro­vada na As­sem­bleia da Re­pú­blica, que de­volve a Casa do Douro aos vi­ti­cul­tores du­ri­enses», acentua a CNA, re­cla­mando a «rá­pida con­cre­ti­zação do pro­cesso elei­toral para a Casa do Douro, de forma a que a his­tó­rica ins­ti­tuição re­tome o seu im­por­tante papel na re­pre­sen­tação e de­fesa dos in­te­resses dos pe­quenos e mé­dios pro­du­tores e da re­gião».

Entre as fun­ções desta ins­ti­tuição está a re­gu­lação dos preços, «para que sejam justos» e «para que os pe­quenos e mé­dios pro­du­tores não con­ti­nuem à mercê do grande agro-ne­gócio que se ins­talou na re­gião, do­mi­nando o es­co­a­mento e a de­fi­nição dos preços na re­gião», es­cla­rece a Con­fe­de­ração.

 



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