Decidido prosseguir a luta durante a greve na Resinorte

Sem respostas da administração às reivindicações de aumento real dos salários, valorização das carreiras e trabalho com direitos, os trabalhadores da Resinorte fizeram greve esta segunda-feira, dia 2.

A empresa e o grupo têm condições para valorizar os trabalhadores

A paralisação, como informou o STAL/CGTP-IN, teve uma adesão de 75 por cento, provocando o encerramento da fábrica de triagem, do tratamento mecânico e biológico e do transporte de resíduos para o exterior. Houve ainda forte impacto nos restantes sectores da empresa.

Ao início da tarde, no Centro Integrado de Tratamento e Valorização de Resíduos Urbanos, na Quinta do Mato, em Riba de Ave (Vila Nova de Famalicão), em plenário, foi decidido realizar nova greve, a 26 e 27 de Dezembro, e prolongar até 8 de Março a greve ao trabalho suplementar, iniciada a 22 de Novembro.

Desta forma, unidos e em luta, os trabalhadores responderam à intransigência da administração, que não aceita negociar um acordo de empresa nem responde positivamente às exigências de aumento real dos salários, a par de outros pontos inscritos no caderno reivindicativo que saiu do plenário de dia 2, visando a dignificação profissional dos trabalhadores, que prestam um serviço público essencial para as populações.

O STAL reiterou que há condições económicas e financeiras para a administração da Resinorte valorizar os seus trabalhadores. «A taxa de rentabilidade aprovada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos tem de reflectir-se na melhoria das condições remuneratórias daqueles que produzem a riqueza», sublinhou o sindicato, na informação publicada ainda dia 2.

EGF de novo pública
O STAL reafirmou a exigência de reversão da privatização da EGF, considerando que o retorno ao controlo público é «uma tarefa urgente e condição essencial para levar por diante uma política de resíduos que sirva, verdadeiramente, os interesses das populações, os direitos e interesses dos trabalhadores e a defesa do meio ambiente».

A propósito da greve na Resinorte (um dos 11 sistemas multimunicipais que, em 2014, foram alienados à Mota-Engil pelo governo PSD/CDS, de Passos Coelho e Paulo Portas), o sindicato assinalou que passaram 10 anos desde «a criminosa decisão de privatização», que gerou «um monopólio privado no sector dos resíduos sem paralelo na Europa e com enormes consequências laborais, sociais e ambientais».

«Os serviços estão piores, a exploração laboral agravou-se (com salários de miséria, imposição de polivalência, maior carga e ritmo de trabalho, mais precariedade, ausência de compensação do risco, bloqueio da negociação e da contratação colectiva), os municípios e as populações pagam tarifas cada vez mais elevadas, a que acresce o aumento significativo da taxa de gestão de resíduos, decidido pelo Governo», resumiu o STAL.

Considerando «escandalosos» os aumentos das tarifas, o sindicato referiu os exemplos da Amarsul (subida de 276 por cento, entre 2019 e 2024), da ERSUC (234 por cento, desde 2014) e da Resinorte (mais 80 por cento).

Em 2023, a EGF distribuiu dividendos de 13 milhões de euros, superiores aos lucros obtidos (nove milhões), descapitalizando a empresa. O grupo privado «começou por retirar e distribuir milhões de euros de dividendos, acumulados durante a gestão pública» e, entre 2015 e 2018, com 56 milhões de euros de resultados positivos, a EGF distribuiu mais de 30 milhões de euros de dividendos, cuja maior fatia foi para as contas da Mota-Engil e da SUMA (que em Janeiro foi comprada à Urbaser).

 



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