Pela paz, inequivocamente!
Em declarações na sede da Academia Militar, em Lisboa, na semana passada, o Presidente da República defendeu que é preciso clarificar rapidamente qual é a missão da NATO e quem são os seus adversários principais, sublinhando que «ninguém combate sem saber por que é que combate, por que razões combate, com que finalidade combate, não pode combater num clima da dúvida».
Referia o PR que era preciso evitar a todo o custo «o prolongamento da dúvida» que enfraquece o objectivo «daqueles que são chamados a combater, são chamados a maior recrutamento, são chamados a um reforço de capacidades, mas ao serviço de uma missão.»
O PR não questiona os propósitos belicistas dos EUA, da NATO e da UE, antes está preocupado com as incertezas, incongruências e hesitações que possam criar «dúvidas», apontando que Portugal continue a alinhar na política de confrontação e de guerra, no reforço do orçamento no quadro da NATO, na promoção da corrida aos armamentos e da militarização da União Europeia. Ao fazê-lo, o PR insere Portugal na perigosa política belicista, mesmo que, para tal, seja necessário sacrificar o investimento público, as funções sociais do Estado, a valorização dos salários e das pensões e até a vida de muitos jovens.
Ora, o PR devia saber, e certamente sabe, que, em vez do estímulo ao envolvimento de Portugal na corrida aos armamentos, no militarismo e na guerra, o que lhe incumbe é cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa (CRP) cujo articulado vai exactamente em sentido contrário, inclusivamente no que diz respeito à missão constitucional das Forças Armadas. O que a CRP determina é que «Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e justiça nas relações entre os povos».
No entanto, ao contrário do que o Governo PSD/CDS, os seus sucedâneos do Chega e IL e todos os que apoiam a política de direita e de submissão aos EUA, à NATO e à UE, em que se inclui o PS (em todas as questões essenciais dessa política), mais uma vez, nas comemorações populares do 25 de Abril, amanhã, vão constatar é que, tal como há 51 anos atrás, não é a escalada armamentista e a guerra que o povo quer; que a sua opção é pelos valores de Abril, por uma política de paz, cooperação e progresso social.
E, na luta por esses valores, poderá contar, como sempre contou, com o PCP e a CDU.