A luta continua

João Frazão

Esta segunda feira, às 9h30, quando os trabalhadores da Autoneun se concentraram à porta da empresa, em plenário inserido na acção reivindicativa pelo aumento dos salários, lá estava uma delegação do PCP que integrava, entre outros, a camarada Paula Santos, deputada e membro da Comissão Política.

A estes trabalhadores, a camarada manifestou a firme solidariedade deste Partido, o estímulo para continuarem a sua justa luta e a convicção de que na unidade, organização e luta dos trabalhadores reside a chave para o êxito das suas reivindicações.

Uma iniciativa que, sendo o normal na nossa acção, realizada naquele momento afirma três lições que importa sublinhar.

A primeira, a de que ela confirma o que dissemos ao longo de toda esta campanha eleitoral. Que na Assembleia da República fazem falta mais deputados ao serviço dos interesses e das aspirações dos trabalhadores da Autoneun e menos dos que, por acção ou omissão, estão ao lado do patrão. No distrito de Setúbal foram eleitos deputados de sete partidos. Houve um que, orgulhosamente, honradamente, ali esteve sem pensar nos votos que isso poderia render.

A segunda, a de que o que é central para responder aos problemas, que não só não foram resolvidos pelas eleições, como, inexoravelmente, se agravarão pela acção de uma governo ainda mais reaccionário, é mesmo a luta e a acção organizada dos trabalhadores, aquela que assusta tanto o capital e as forças ao seu serviço, que lhe apontam todas as baterias e as poderosas armas de que dispõem. É ela que, em última análise, determinará avanços concretos e permitirá a acumulação das forças indispensáveis à ruptura com essa política.

A terceira, a de que se alguém quer ainda debater o verdadeiro significado do voto útil, aqui tem este exercício prático para fazer a prova dos nove. Útil é o voto que é usado por quem o recebe – como cada um dos votos na CDU serão – no apoio às causas e aos objectivos daqueles que os dão e em particular dos que menos têm e menos podem.

Os que se apropriam da riqueza que outros criam confirmaram, esta segunda-feira na Autonenum, a utilidade dos seus votos. Aqueles que criam a riqueza e ficam a vê-la passar mas votaram nos partidos amigos do patrão, só podem ver inutilidade.

 



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