Israel lança agressão militar contra o Irão

Israel desencadeou uma agressão militar contra o Irão, num momento em que Teerão e Washington mantinham negociações indirectas sobre o programa nuclear iraniano. Os EUA sabiam do ataque e apoiam o governo israelita, assim como o fazem as potências da NATO e da UE. Diversos países e organizações internacionais condenaram a agressão.

Condenação generalizada do ataque israelita contra o Irão, que agrava a situação no Médio Oriente

Lusa


Israel agrediu o Irão com maciços ataques militares, que começaram na noite de sexta-feira, 13, e prosseguiam no início desta semana, incluindo contra centrais nucleares, diversas infra-estruturas, responsáveis militares e cientistas iranianos.

O ataque israelita foi desencadeado enquanto decorriam conversações indirectas, com nova ronda prevista para domingo, 15, em Omã, entre delegações do Irão e dos Estados Unidos da América (EUA), sobre o programa nuclear iraniano. Washington diz que teve conhecimento prévio da agressão por parte de Israel.

Em resposta aos bombardeamentos israelitas, Teerão lançou mísseis e drones contra Israel, visando alvos militares e diversas instalações israelitas.

EUA apoiam Israel
Os EUA enviaram para Israel antes do início da agressão israelita ao Irão, cerca de 300 mísseis ar-terra AGM-114 Hellfire, o que confirma que Washington tinha conhecimento prévio do ataque – reportou no sábado, 14, o portal web Middle East Eye.

Dado que os mísseis eram parte de um pacote de armas no valor de 7.400 milhões de dólares, aprovado pelo Congresso norte-americano em Fevereiro, a transferência não exigiu qualquer nova notificação.

O presidente norte-americano, Donald Trump, negou a participação do Pentágono na ofensiva militar, embora tenha admitido que estava a par da mesma antes do seu começo. As autoridades iranianas, no entanto, acusam a Casa Branca de ser parte da agressão e denunciaram o seu apoio irrestrito ao governo do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.

Também o Reino Unido, França e Alemanha – alguns dos que armam, financiam e apoiam o genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza – declararam o seu apoio à agressão israelita, procurando hipocritamente transformá-la em “defesa”.

Moscovo e Pequim condenam agressão
A China condenou a agressão de Israel, salientou a sua oposição a violações de soberania e manifestou-se a favor da segurança e integridade territorial do Irão.

Segundo as autoridades chinesas, o repentino agravamento da situação regional no Médio Oriente não beneficia nenhuma das partes. «A China insta a todas as partes interessadas que façam mais para promover a paz e a estabilidade regionais e evitar uma maior escalada das tensões», vincaram.

Também o governo da Rússia condenou «veementemente» as acções de Israel, afirmando que as mesmas «minaram drasticamente o progresso de esforços diplomáticos» que visam reduzir tensões e procurar soluções para «eliminar suspeitas em torno do programa nuclear pacífico do Irão». As autoridades russas salientam o facto dos ataques terem decorrido durante as negociações entre Irão e EUA e acusam países ocidentais por terem provocado a «recente onda de histeria anti-Irão» e de serem, assim, responsáveis pela escalada em curso.

Outros países, como o Brasil, condenaram os ataques israelitas. O governo liderado por Lula da Silva fala de uma «grave violação do direito internacional e da soberania do Irão». Também a Liga Árabe condenou os ataques, considerando-os uma «flagrante violação do direito internacional» que agravam o risco de «mergulhar a região num conflito mais vasto».

 

PCP condena ataque e genocídio

O PCP emitiu um comunicado, dia 13, sobre os ataques de Israel contra o Irão:

«O PCP considera da maior gravidade e condena veementemente a agressão de Israel ao Irão, na sequência de diversas e graves provocações e ataques que efectuou contra este país, do genocídio do povo palestiniano e dos permanentes bombardeamentos e ocupação por Israel de território libanês e sírio.

A agressão de Israel ao Irão não podia ter sido realizada sem o apoio dos EUA e a cumplicidade das grandes potências da NATO e da UE, que têm promovido décadas de violações do direito internacional, de ingerência, de desestabilização e de guerra no Médio Oriente.

Os EUA e Israel, único país detentor de armas nucleares no Médio Oriente, são os primeiros e principais responsáveis pelo sério agravamento da situação nesta região e pelas consequências desta nova agressão.

Recorde-se que esta agressão se verifica no momento em que estavam a ter lugar negociações indirectas entre o Irão e os EUA relativamente ao acordo sobre o programa nuclear iraniano, acordo que os EUA haviam inaceitavelmente e unilateralmente abandonado em 2018, para tentar impor ao Irão as suas condições de domínio.

O PCP insta o Governo português a condenar a escalada de guerra que Israel, com a conivência dos EUA, do Reino Unido e da UE, leva a cabo no Médio Oriente e a exigir o seu fim imediato(...)»

 

 



Mais artigos de: Internacional

ONU rejeita mecanismo de controlo à alimentação na Faixa de Gaza

A agência da ONU encarregada de ajudar os refugiados palestinianos renovou as suas críticas ao novo mecanismo de entrega de alimentos na Faixa de Gaza, impulsionado por EUA e Israel, considerado ineficaz e humilhante. O comissário geral da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente...

América sem rei nem roque

Desta vez, os EUA invadiram os EUA para, alegadamente, salvar os EUA dos próprios EUA. Em flagrante violação da constituição e abrindo mais um perigoso precendente, Trump enviou milhares de militares para a Califórnia. O regime classificou como “rebelião” os protestos contra as redadas massivas de trabalhadores...